Hoje a postagem demorou, mas saiu, meio nublada (como o céu que me observa da janela), mas inédita. A razão da demora deve-se ao fato de eu ter construído um poema inédito, a pedido da minha ex-aluna Bruna Rodrigues, que fizera aniversário no dia 27 de dezembro e me pedira de presente que falasse sobre amor ferido e fosse inspirado nas canções de Guns n' Roses. Ok, o desafio foi aceito e aí vai o meu poema gunsn'rosiano de oferenda para minha ex-aluna e para todos os fãs da banda (na minha época, o Guns n' Roses era uma das bandas mais escutadas, porém pouquíssimos admitiam ouvi-los, pois entre as tribos de grunges, punks e metaleiros era de mau tom - sob riscos de tapas na cabeça, cuspes e desprezos - admitir que se ouvia, de vez em quando, e até gostava da banda liderada por Axl Rose. Apesar de todo preconceito, pois a maioria o achava uma modinha e/ou muito comercial/banda de rock pra menina, viado e otário, todo ser humano roqueiro que se preze já ouviu e curtiu sorrateiramente um LP - sim, na época, era LP - da banda. E o sucesso - inseparável da eterna polêmica do velho adolescente Axl, que ameaçou furar o evento - foi comprovado pelo fenômeno de vendagens de seu álbum "Greatest Hits", lançado no Brasil em 2010, e pela legião de fã-náticos que aguardaram por horas e horas o show da banda no último dia do Rock in Rio 2011).
Para construir o poema, me inspirei nos eus líricos meio dilacerados das letras das canções do Guns e fiz referências dentro do texto ao nome e símbolo da banda (Guns n' Roses) e ao título e refrões de alguns de seus sucessos, como "Paradise City", "November rain", "Patience", "Civil War", "Live and let die" e "Yesterdays". Espero que a aniversariante Bruna Rodrigues e demais fãs (dos mais escandalosos aos mais enrustidos) aprovem a minha ousadia:
Uma arma cercada de rosas
É uma arma cercada de rosas esse amor que te atiro;
Por isso a fragrância feroz no gatilho sensível,
Por isso a dor do espinho quando recebes os meus tiros.
Sabes como é difícil manter a vela aquecida
Pra acionar as pólvoras de um amor perfeito,
Depois que as chuvas frias de novembro molharam o quarto
rarefeito
(É arma sem balas certeiras esse amor que te trago em
batalhas perdidas).
È uma arma clandestina esse amor eterno e furioso;
Por isso o coldre pesado, trabalhoso de carregarmos nesse
ano rancoroso,
Por isso as saudades da Cidade Paraíso nesse ambiente
perigoso.
Sei como é difícil entender esse meu estranho ser e estar ao
teu lado
A viver e a me deixar morrer – é simples e, ao mesmo tempo,
complicado,
Depois que as chuvas do passado se mantêm presentes em nosso
hoje desmoronado
(É arma sem garantias esse amor que te ofereço em triste e
satisfeito agrado).
É uma arma sem lágrimas visíveis esse amor que te choro
calado;
Por isso o falso deserto aonde há extrema umidade,
Por isso essa salva de tiros num estampido quieto e sem
vontade.
Sabemos como é difícil manter nossa guerra civil civilizada,
Pois sempre haverá corações feridos em nossa terra
bombardeada,
Depois que as tempestades da tua paciência pereceram nas
chamas da minha ausência
(É arma traiçoeira esse amor que te ofereço em promessas
desfeitas).
É uma arma cercada de rosas medrosas esse amor que te atiro
Por isso o medo de espantar as pétalas depois do tiro,
Por isso esse permanente espinho que carrego comigo e, com o
qual, te firo
(Mesmo quando não quero, eu ainda te firo...).