Hoje retomo o “Verse essa canção”, seção de meu blog que
andava há um tempo sem postagens. Desde ontem, no meio de minha crise de gripe
feroz, venho recebendo sinais do mundo para as inspirações e transpirações
dessa postagem de hoje. Ontem, no fim da tarde, ao entrar no facebook, me vi
marcado em diversas fotos antigas escaneadas e colocadas na rede social por
amigos e algo indefinível juntou-se à minha febre. Após uma noite
exaustivamente enfermo, amanheci um pouco melhor e retornei às minhas redes
sociais virtuais. Me deparei com uma mensagem de Kamila Carvalho, uma colega de
twitter, na qual ela desejava bom dia e recomendava um vídeo da banda Dooelo,
de São Bernardo do Campo/SP, pra iniciar a manhã. Há algum tempo, admiro essa
banda e venho acompanhando a evolução dela a partir do site e do myspace deles (envio para os leitores os links – quem
não conhece, vale a pena conferir: http://www.myspace.com/dooelo
e http://www.dooelo.com.br).
O vídeo indicado por Kamila era a apresentação da canção “É natural” no Show
Livre Day (abaixo da minha subversão poética, postei os vídeos da canção pra
vocês, leitores, também poderem admirar a qualidade musical apurada da banda
Dooelo). É natural que, por eu já seguir a banda há um tempo, a canção já seja
um hit na minha cabeça, porém, nessa manhã, a letra dela me inspirou versos
novos, um novo “Verse essa canção”. Lembro que essa seção poética do blog não
pretende trazer interpretações estanques de músicas; ao contrário: os objetivos
são trazer uma releitura da canção original, explorar a plurissignificação de
sentidos das letras musicais e homenagear, de forma poética, as bandas que
admiro. Aí vai o “Verse essa canção com o hit “É natural”, da promissora banda
Dooelo – na minha (sub) versão, a canção virou um hino à loucura e ao resgate
insano da Terra do Nunca do filme “Hook – A volta do capitão Gancho” (não sei
por que, mas o clipe oficial da música me lembrou as crises do protagonista do
filme citado). Dedico a Kamila Carvalho e à banda Dooelo, que me inspiraram.
Espero que gostem:
É, Onde estão seus amigos
O que você pretende, o que você mudou
É, não estou mais sozinho
Como você se sente quando não estou?
Um velho
amigo publica uma foto antiga no facebook e me marca apenas com um clic.
Marcado, sou pra sempre aquele ser antigo que pouco pretende, que muito pouco
mudou. Acompanhado de meu velho amigo, acompanhado de outros velhos amigos. Ele
agora é policial e eu não sei quem sou; uns agora são responsáveis, outros,
desaparecidos, e alguma irresponsabilidade aparece em mim e me arrasta pra
longe deles. Agora estou eu e você aqui... mas quando, em sonhos, as sereias me
arrastarem pro oceano de fogo... será que você vai queimar, me incendiar, vai
se ferir ou vai partir?
Sozinho, procuro ilusão
Perdido, ando na contramão
Quando os
sonhos invadem meu íntimo, sou Wendy masculino em Terras do Nunca de curvas
inacessíveis. Em delírio febril, com o nariz entupido, respiro o ar que não
existe. E essas terras invisíveis que trago em mim são labirintos que abrem
caminho em meu corpo na contramão.
É, não que eu seja um menino
Mas você não entende a minha decisão
É, não que eu esteja mentindo
Pessoas que não vejo e nem sei quem são
Não que
esse Wendy masculino seja capaz de se tornar o líder dos Garotos Perdidos –
estou grande demais pra caber no túnel da total imaturidade -, não que a foto
antiga do facebook marque o resgate da juventude perdida... É tudo uma confusão
em mim, uma inconclusão definida que você não entende – como posso explicar o
que não sei e descrever o invisível que vejo, que está em mim?
Agora, não vivo nada em vão
Estou fora, seguindo a direção
E, hoje,
essa terra impossível vive em meus versos e eu vivo por esse lirismo obtuso,
por esse eterno confuso que me faz seguir o caminho impossível, fora da rota
normal.
Já decidi, tentar mudar
Não fico aqui nesse lugar
Cansei de ser, mais um normal
E te fazer infeliz é natural
É natural
É natural
É natural
Meu caminho
é o descaminho, meu lugar é o não lugar, minha sanidade é insana e essas
lágrimas que você derrama em meu peito febril e aflito é uma dor natural que
minha loucura não pode conter. Meu absurdo é natural...
É, vou viver sem destinos
Eu entrei nesse mundo e você trancou
É, Sempre fui iludido
As coisas são difíceis de onde eu estou
Sei que
essa Terra do Nunca que se abre pra mim é um território para o qual a sua
janela já se fechou. Mas esse universo lírico que cobre os meus olhos suicidas
me permite suportar a vida. É, eu sei que é difícil entender, quando se tem uma
faca invisível ao redor dos pulsos, um suicídio latente dentro de você.
Vivendo assim, não tomo decisões
Prefiro sim, não dar satisfações
Eu decidi
não decidir pra vontade de morte em mim não me fazer morrer. E, sem dar
satisfações, a insatisfação não vai mais corromper.
Já decidi, tentar mudar
Não fico aqui nesse lugar
Cansei de ser, mais um normal
E te fazer infeliz é natural
É natural
É natural
É natural
(Cansei de ser mais um normal
Ser infeliz é natural
O que eu não quero ter
Sei que eu vou te esquecer
O que eu não quero mais é viver)
Minha casa é o desassossego, meu
lugar não é aqui, sempre vou ser o que não sei definir e não fazer você sorrir
é triste, mas o Wendy em mim nunca teve um The End feliz pra você. Lamento, mas
em meu mundo absurdo, a dor é natural. Nesse meu mundo irreal, o duelo com o
absurdo real é natural (Louco e lírico eu voo sobre o viver, sou eu mesmo
quando não vivo esse nosso não viver, sei como pode doer, mas adeus, tchau, é
natural...)
Nossa!Maravilhoso, Professor-Poeta! Assim, seus leitores seguidores torcerão por outros resfriados, que trazem na recuperação essas produções.
ResponderExcluirSensacionalll........Muito boa interpretação da música....Sendo um dos compositores me senti bastante honrado..e feliz por ter gostado.....Obrigado.....Rodrigo Dooelo
ResponderExcluirAdorei a interpretação ^^...seus poemas são sempre ótimos ... e brigada pela dedicação =]
ResponderExcluirGostei da banda, gostei a música e gostei do som.
ResponderExcluirValeu a dica.