terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Meus contos sombrios de Natal: A crônica natalina não publicada de Augusto Albuquerque


Desde a retomada das postagens no blog agora em dezembro, reservei o espaço a algumas solidões compartilhadas que há tempos queria publicar (e há outras mil que pretendo trazer ao blog) e, apesar de também ter vários textos meus que se destacaram nos últimos tempos, ainda não havia trazido nenhum conto, poema, crônica ou prosa poética de minha autoria. Hoje, às vésperas de mais um Natal, decidi mudar essa configuração: trago para os amigos leitores um conto sombrio meu de Natal.
O nome do conto é “A crônica natalina não publicada de Augusto Albuquerque”. Como o próprio título revela é um conto que finge ser uma crônica – uma crônica fake, fictícia, ligada a fatos históricos da Velha República, em especial relacionada a um trágico acontecimento real: o suicídio do agitado escritor Raul Pompeia em pleno dia de Natal de 1895. Na época, Raul Pompeia, autor do clássico “O Ateneu”, estava sendo perseguido e caluniado politicamente e isolado por desavenças com famosos escritores devido ao temperamento explosivo do escritor nascido em Jacuacanga, Angra dos Reis, mas há algum tempo residente no Rio de Janeiro/RJ. Seu suicídio, realizado no dia de Natal, ganhou força simbólica devido à data escolhida para sua autodissolução e marcou seu posicionamento opositor aos rumos da Velha República (uma espécie de imagem sonhadora do Brasil Republicano suicidara junto com o seu principal intelectual defensor/articulador). 
Esse acontecimento - todo aspecto louco/lúcido/radical de autodeterminação extremista de autodissolução - sempre mexeu comigo, por conhecer a vida e obras de Raul Pompeia e também por experenciar, quando criança, a partida prematura de minha prima Eliete – também escritora, mas jamais publicada – por um ato suicida parecido, mas sem o peso simbólico do tomado pelo escritor angrense. Todos esses acontecimentos mais estudos adicionais sobre os progressos e passos retrógados da Velha Repúlica influenciaram o processo de criação de meu conto, que chegou a se classificar numa seletiva de antologia natalina em 2018, cuja publicação ainda não chegou ao meu conhecimento (como podem perceber por publicações anteriores minhas, aguardo um tempo para trazer ao blog contos, poemas e crônicas classificados para publicações; no caso do que publico agora, dei o prazo de um ano).
O texto natalino de hoje é o mais sombrio que publico nesse período festivo desde o surgimento do blog (se preferirem algo mais alegre, recomendo que visitem as postagens de natal de anos anteriores), mas vem em data próxima ao trágico acontecimento histórico-literário que o influenciou. Apesar desta ‘sombriedade’, espero que gostem, amigos leitores.
Feliz Natal e Arte Sempre!

A crônica natalina não publicada de Augusto Albuquerque

Há acontecimentos da História, assim maiúscula, que afetam nossa história, essa aqui, bem mais próxima de nós, considerada menor, sempre vista de forma minúscula. A que trago hoje ao conhecimento dos leitores deste ilustre jornal envolveu a mim e a meu tio Alfredo Albuquerque na noite de natal de 1896. O leitor mais perspicaz perceberá que já inicio minha crônica com uma afirmação deveras questionável, pois, com o desenvolver do enredo, constatará que os fatos já sofriam influências da noite de natal do ano anterior ao citado por mim, mas justifico-me lembrando de que o ano de 1895 nada marcou à minha insignificante pessoa; somente ao meu tio, talvez o verdadeiro protagonista desta história, cujo protagonismo minha pena egocêntrica rejeite destacar - assim são as verdades das afirmações humanas e das nossas histórias, maiúsculas ou minúsculas: relativas, recheadas de análises contraditórias, confirmando que o ato de errar, acertar e também errar acertando ou acertar errando é um ato peremptoriamente humano. Abstrações à parte, vamos à história.
Tio Alfredo Albuquerque era um dos mais queridos parentes de nossa família orgulhosamente republicana, principalmente por ser o primeiro a ter ingressado com louvor nos Corpos Militares da Polícia alguns anos após a Proclamação da República. Tal ato de meu tio rendia-lhe sorrisos graciosos dos familiares mais exaltados com a história pregressa de luta pelo Estado Republicano que os Albuquerque ardentemente defendiam há gerações. Mas, na noite de Natal de 1896, não houve gracejos que retirassem de tio Alfredo o estado taciturno, ensimesmado, no qual se prostara, entocado numa cadeira afastada do clima festivo dos demais parentes.
Mamãe, considerando que tal atitude era causa de cansaço ou de alguma ocorrência policial escabrosa na noite anterior (todos sabíamos que a capital não era um modelo de cidade pacífica, principalmente nos agitados anos do fim do século XIX, e, diante das turbulências políticas e revoltas no Brasil, imagina as situações e crimes que nossos honrosos Corpos Militares devem testemunhar, até nas noites de vésperas de Natal), pediu a todos que respeitassem o recolhimento de meu tio. A súplica materna e a impostação autoritária de sua voz podiam sensibilizar ou convencer a maioria dos parentes ali presentes, porém soavam como um desafio a um diabrete de onze anos como eu. Como assim o titio não quer comemorar o Natal com a gente, questionava meu eu antigo. Assim que a vigilância constante de mamãe folgara, aproximei-me de tio Alfredo.
O aspecto dele, outrora altivo, era aterrador. Há cerca de um ano, eu reparara algumas mudanças físicas progressivas (ou regressivas?) em meu tio Alfredo. Em seus cabelos loiros, insolentes fiapos brancos se proliferavam e desvalorizavam o aspecto ainda jovial de seus saudáveis trinta e dois anos recém completados.  Seus olhos verdes, antes quase infantis como os meus, adquiriram um incômodo brilho melancólico, como folha de árvore caída em manhãs cinza de outono – pareciam brincar ainda com o tempo, mas, na verdade, traziam apenas a passividade de um morto, cujo corpo leve é faceiramente carregado pelo vento. Titio Alfredo ainda brincava comigo como o tio mais divertido e traquinas que era, mas de um ano pra cá parecia perder o ar pueril. E um diabretes de onze anos teimoso como eu, sem parentes com idade equivalente a minha, não poderia perder o melhor companheiro de travessuras. Mas, naquela fatídica noite de Natal de 1896, meu tio tinha outros planos, nada divertidos.
- Eu não estava aqui no Natal do ano passado... – meu tio balbuciou sem me olhar; parecia ciente da minha aproximação, mas ignorante da identidade do interventor de seu alheamento.
Sua declaração não me trazia novidades, pois, diante dos outros parentes chatos, fui o que mais sentiu sua falta na noite de Natal de 1895, o Natal mais sem graça de minha infância. Antes que eu lhe dissesse isso, ele continuou:
- Eu estava trabalhando... Atendemos uma ocorrência, uma senhora abriu a casa, estava desesperada, seu filho suicidara... Um tiro no peito... Em plena noite de Natal... Seu nome era Raul Pompeia... era escritor... – Nesse momento, baixou os olhos para o livro em suas mãos: “O Ateneu”. Queria lhe dizer que não estava gostando da história que ele me contava e que aquele livro na mão dele devia ser muito chato para deixá-lo assim tão transtornado, mas tio Alfredo continuou a balbuciar, ignorando-me sem me ignorar. – Um tiro no peito... No coração da nossa capital... Podia ter sido assassinado... Em plena noite de Natal... O corpo estava no escritório... Eu queria acreditar que foi assassinato... Eu investiguei por minha conta... Artigos de jornais, depoimentos de amigos e vizinhos, até esse livro... Um ano investigando... As evidências confirmaram o suicídio, os investigadores muito mais graduados não tinham dúvida, sempre foi suicídio... Mas por que eu não estava convencido? Foi assassinato, eu cismei que foi assassinato... – Aquilo já estava me dando gastura, queria sair dali, o tio estava muito chato naquela noite, mas ele não parava, a voz embargada, o bafo de álcool, tio Alfredo estava muito chato e bêbado – A República está ruindo, mas ninguém quer me ouvir... Não sei o que estou fazendo aqui... – O que era aquilo? Um poema que meu tio declamava para um fantasma? Um poema muito ruim, por sinal.
Antes que eu lhe expusesse a minha crítica sincera à péssima qualidade de seus versos e lhe informasse que queria brincar com ele, mas não queria mais, porque ele estava muito chato, mas que, se esquecesse essa história chata e esse poema ruim, eu esquecia também e a gente poderia finalmente brincar, mamãe chegou me dando palmadas:
- Já não disse pra deixar o seu tio Alfredo em paz, seu moleque!
- Ninguém quer me ouvir... – foram as últimas palavras que ouvi de meu tio Alfredo, enquanto mamãe me arrastava pelas orelhas para longe dele. Depois disso, fiz tanta manha que nem percebi quando titio Alfredo se retirara da festa de Natal.
No dia seguinte, ninguém mais falou de tio Alfredo. O orgulho da família tornou-se assunto proibido, assim como quaisquer críticas aos rumos da nossa adorada República. Ninguém mais viu, visitou ou recebeu visita de tio Alfredo também. Meu melhor companheiro de travessuras nunca mais vi, eu o perdi. Foi assim que ganhei esse desejo triste de gritar em silêncio, de brincar melancolicamente com as palavras.
Peço perdão aos amigos leitores deste ilustre jornal pela crônica tortuosa desta edição de Natal de 1907. Depois de tantos anos, ainda escrevo com o fantasma da criança que nada disse a tio Alfredo naquela maldita noite de Natal de 1896. Assim se faz a História que marca a nossa história e assim encontramos o sentido mais sincero, porém negado, desta data contraditoriamente festiva: pela tragédia anunciada hipocritamente comemorada, pelos não feitos diante do trágico previsto. A verdade, amigos leitores, é que festejamos em todo Natal o nascimento de nosso amor ao martírio e poucos entendem isso. Poucos, como Raul Pompeia e meu tio Alfredo Albuquerque, entenderam tal significado; que Deus os perdoe por ousarem se rebelarem ao protagonismo do nascimento de Seu Filho, de nossa História de eternos martírios.
(Conto escrito por Carlos Brunno Silva Barbosa, escrito no segundo semestre de 2018)



domingo, 22 de dezembro de 2019

Solidões Compartilhadas: A mais que fodástica viagem lírica de Victor S. Gomez com os garotos de Liverpool


É, amigos leitores flamenguistas e amigos leitores pró Liverpool, ontem, na final do Mundial de Clubes se repetiu um duelo histórico (Flamengo x Liverpool), mas diferente da peleja do passado, os rubro-negros amargaram uma derrota num ano de muito sucesso que até eu, como vascaíno, exaltei através de postagem com solidões compartilhadas de ex-escritores-alunos torcedores do Urubu. Bem, apesar de não ter torcido contra (juro!), como bom vascaíno, é claro que eu iria registrar esse VICE mundial do Flamengo e manter no infinito a vitória dos garotos do Liverpool. 
E falando em garotos de Liverpool, isso lembrou-me os Beatles, que me lembraram um mais que fodástico poema, escrito pelo Mestre Escritor-Amigo Victor S. Gomez, de Valença/RJ, em homenagem a essa grande banda de rock de Liverpool (sim, eu sei que estou repetindo Liverpool toda hora; é só uma anáfora zoeira mal feita pra manter o nome do mais recente time campeão mundial na cabeça).
Fiquemos agora com a viagem lírica de Victor S. Gomez com os Beatles, amigos leitores! Paz entre as torcidas (com zoeiras sadias, é claro), Beatles na Veia, Abração e Arte Sempre!

Viajei com os Beatles em 1968

Peguei carona no submarino amarelo.
O dia estava lindo,
como hoje,
quando olho pela janela do meu quarto.
No quintal muitas frutas nas árvores,
borboletas bailando,
os pássaros não se cansam cantar.
Não acredito que vejo tudo isso bem ali diante do meu nariz.
Não preciso ir muito longe,
apenas essa carona me deixa bem feliz.
Saímos de Liverpool,
passamos por Bangladesh,
que tal esticarmos até o Village.
Tomar umas cervejas com esses caras é sensacional.
O submarino segue tranquilo,
em uma viajem de dar gosto,
no Triangulo da Bermudas,
quase fomos abduzidos por ETs.
Queria tanto conhecer um universo paralelo,
saber como vivo lá.
Mas seguimos viajem pelo Caribe,
e encontramos os piratas,
dali mesmo.
Diziam não ser piratas,
mas Corsários da rainha Elizabeth,
como o submarino era da Inglaterra,
conversamos muito,
jogamos cartas,
perdemos muito,
as cartas estavam marcadas.
O vinho nos deixou bastante alegres,
e a correnteza forte nos levou,
para bem longe dali,
só conheci os camelos que vi pelo caminho.
Um sujeito em uma canoa,
disse ser Aladim,
acreditamos,
e ele nos mostrou o caminho para Bagdá,
como era bela Bagdá nos tempos de Aladim.
E voltamos pelo caminho das Índias,
chegando em Porto Seguro,
fiquei por ali mesmo,
quando o submarino partiu,
fiquei triste,
pois os cavalheiros da Rainha também partiram.
Tempos depois,
só reencontrei dois deles,
os outros dois partiram para uma jornada em um universo paralelo.
Ei, Cavalheiros um dia encontro vocês por lá.


sábado, 21 de dezembro de 2019

Quando a Canção do Exílio de Gonçalves Dias escrita em território português virou a Terra do Flamengo em corações infantojuvenis brasileiros


Apesar de o blogueiro que vos fala ser vascaíno, não há como negar que 2019 foi, no esporte, o ano do Flamengo (por isso, deve ter sido um ano tão difícil e ruim em diversos aspectos rs, brincadeirinha/recalque meu).
 Seja como for, esse ano vitorioso do Flamengo me levou a um túnel do tempo: assim como o Urubu Rei do Futebol revive momentos gloriosos como em seu passado, relembro de meu início de trajetória lírico-docente, como professor de Português na Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira, de Teresópolis/RJ, no longínquo e sempre presente 2006, quando realizei um dos primeiros trabalhos bem sucedidos de produção textual com os artistalunos do 7.º Ano (na época, 6.ª série) das saudosas 601, 602 e 603: as paródias sobre a “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.
A “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, é um poema, do século XIX, que canta as saudades e a paixão cega/exacerbada pelo Brasil.  Por ter sido muito conhecido e ser popular até hoje, a “Canção do Exílio” tornou-se alvo de diversas paródias (textos que imitam um texto mais conhecido, provocando humor e crítica). Incentivados por mim e inspirados nessa prática poética, os artistalunos da E. M. Nadir Veiga Castanheira também produziram suas paródias sobre o famoso poema. Isso aconteceu no longínquo e memorável terceiro bimestre de 2006. 13 anos depois, trago o poema que dois artistalunos flamenguistas, Wellington e Leonardo, da antiga 601, produziram na época, parodiando a “Canção do Exílio” para exaltar o time de coração deles. Mais pra frente, pretendo trazer outras dessas paródias (tem uma de corrupção, escrita por Marcelo e Edivan, que é atemporal e até premonitória), mas hoje é dia do Flamengo em outra final de campeonato, agora mundial, por isso hoje fiquemos com “A minha terra é do Flamengo”, de Wellington e Leonardo.
Boa leitura, amigos leitores rubro negros e não rubro negros. Paz entre as torcidas, abração e Arte Sempre.

A minha terra é do Flamengo
(Wellington e Leonardo)

A minha terra é do Flamengo
Aonde voa o urubu.
Quando o Flamengo joga
Todo mundo fala: “UUUUUHHH!”

Quando eu saio pro terreiro,
Os urubus estão no chão.
Na hora que eu falo que o Flamengo é campeão,
Todo mundo sai do chão.




sábado, 14 de dezembro de 2019

Oferendas líricas da aniversariante Maria Gabriela Ferreira Luz


Anteontem, quinta-feira, dia 12/12, voltando da escola na van escolar, a professoramiga Zilanda lembrou-me que há tempos não postava no blog (confesso que andei meio desiludido e cansado, sem vibrações líricas positivas nem vontade/fôlego/inspiração para postar há algum tempo). Depois de quase um mês de quase completa ausência em redes sociais virtuais, ao voltar pro facebook, ontem, sexta-feira, 13/12 (sim, era uma sexta-feira 13; Jason retorna!), um dos avisos que se repetia era a rede social virtual me lembrando que há tempos os seguidores da página do blog não recebiam nenhuma notícia. Eram mensagens demais me alertando e me estimulando a voltar às postagens do blog – ok, mensageiros reais e virtuais, estamos de volta! Ok, tomada a decisão de retornar ao blog, que está com uns bilhões de postagens guardadas/prometidas/atrasadas, veio outra questão: com que postagem retornar? Eis que me via envolvido nessa dúvida há pouco neste sábado, dia 14/12... Então o facebook – sim, de novo a plataforma virtual de Mark Zuckerberg – lembrou-me de que hoje marca a data de aniversário da formidável escritoraluna (quase ex-escritoraluna - pois está encerrando seu ciclo nas salas de aula onde leciono – e futura escritoramiga) multiartista teresopolitana, de escrita multifacetada, iluminada salva, salve Maria Gabriela Ferreira Luz.  Pois aqui vão alguns de seus maravilhosos e mais que fodásticos textos – do diário à poesia, essa jovem e talentosa artista brilha em todos os gêneros textuais (e também nos palcos e câmeras, pois também é brilhantíssima atriz).
Tenho certeza de que irão adorar, amigos leitores! Parabéns a Maria Gabriela Ferreira Luz, que continue sempre iluminada e iluminando esta estrada lírica e linda que ela traça em sua vida – a eternidade é caminho certo pra ela e pra sua madura e maravilhosa arte. E comemoremos com ela, através dos belíssimos textos de Maria Gabriela Ferreira Luz!

Poemas de Maria Gabriela:

Não sei o que faço

Não sei o que faço,
Não sei o que falo.
A chuva cai lá fora
Como quem chora em desespero.

Meus olhos também estão molhados,
Queria eu que fosse a chuva...
Cada lágrima que cai
É uma parte de mim.

Sinto saudade de quem se foi
E de quem está presente.
Sorrisos, abraços, paixões
Hoje são apenas lágrimas.

Desesperada para morrer,
Mas desejando viver;
Talvez isso passe...

******************

Estamos vivendo ou existindo?
Estamos sempre presos a uma rotina,
Estamos sempre em cima do prazo,
Sempre com pressa,
Sempre correndo para chegar a lugar nenhum.
Acorda cedo, dorme tarde,
Vê o pôr do sol da janela do escritório...
Olha: já são 20:48!
O dia já passou,
A semana já acabou,
A vida foi e a gente nem viu...



Luz e Escuridão – 
As Páginas de diário de Maria Gabriela

(28.02)

Se conheça de dentro para fora, saiba quem você é, conheça tua dor, medo, tristeza, cicatrizes e feridas abertas. E tenta para de olhar para o abismo, pare de olhar para o reflexo na água da banheira que encheu para sangrar até a morte. Pare de querer pular do abismo, para só para, sei que é difícil, a vontade morrer é grande, a vontade de sumir fica batendo na sua porta, sei também que você não consegue dormir, pois os pensamentos mais aleatórios estão passando na tua cabeça, e você tenta lutar contra eles, mas não dá. Me ouve, você é capaz de sair dessa prisão que você vive. Sei que você se sente sozinha, eu também me sinto, todos nós nos sentimos. Imagino que você tem um grito preso na garganta, mas não consegue soltar e ele te sufoca, como uma mão apertando o teu pescoço. Você vai e libertar disso tudo, essas correntes vão se quebrar. Mas você tem que ser forte e não se deixar ser um nada no meio disso tudo, não se perca, não perca a sua luz no meio dessa escuridão.

(26.03)
Só de imaginar você indo dói, não te imaginar comigo machuca, você é a alegria dos meus dias mais sombrios. Você a pessoa que conhece meu lado mais puro e sincero. Você mesmo sem saber me mostrou que sei ser luz em meio a escuridão, você viu o meu lado mais sombrio e cheio de dragões, e continua aqui. Sabia que admiro a pessoa que você é, admiro a tua força a cima de tudo. Até as coisas que você faz e que me irrita e aprendi a amar, juro. Com você o tempo para e ao mesmo tempo voa, você é o motivo dos meus sorrisos mais idiotas, você é aquele tipo de amigo que posso ficar meses sem ver que, que nada vai mudar, vai ser as mesmas idiotices, é como se nada tivesse mudado e espero que nunca mude, talvez eu nunca ache adjetivo para te descrever e continue te descrevendo com palavras aleatórias, outra coisa que talvez nunca consiga é descrever o quanto eu te amo. Uma última coisa, obrigada por me fazer a pessoa mais feliz do mundo.

(30.03)
São 2h da madrugada, e eu estou sentada no chão do banheiro pensando em você, sim, pensando em você. Hoje faz 365 de longas conversas e risadas, eu não sei onde você está, e se lembra de mim ou ao menos desta data. Não sei onde você está, se tem dormido bem ou se aquele teu vazio foi preenchido, eu realmente não sei. Sinto tua falta, falta do teu abraço caloroso, do teu jeito meio sem jeito, e das coisas mais aleatórias que a gente conversava e das longas madrugadas falando sobre nada.
Tentei te esquecer, eu juro. Tentei te jogar no fundo do meu armário, mas não dá para esconder uma pessoa que viveu e viu o universo que sou, não dá apenas para esquecer a pessoa que trouxe cor pro meu mundo. Sempre vai haver um pequeno detalhe no mundo que vai me fazer lembrar de você, lembrar o quanto te amo, o quanto você me fazia bem mesmo em silencio. Agora estamos longe. Tenho tantas coisas para te contar, tantas novidades, tantas teorias sobre a vida, mas você não está aqui para ouvir, e ninguém e capaz de me entender como você, ninguém gosta tanto de me ouvir como você, nossa conexão é de alma.  E eu sempre vou estar aqui. Deixarei a porta aberta casa um dia você apareça. Enfim, espero que esteja bem.
Obs.: Depois das 2h vá dormir. As decisões que você tomar a essa hora são erradas.


Resenha literária de Maria Gabriela

As vantagens de ler (e ver) “As vantagens de ser invisível”
Por Maria Gabriela Ferreira Luz

Charlie é um adolescente de 15 anos que já passou por vários traumas em sua vida. Por exemplo, a morte da tia em um acidente de carro (que ele acaba se culpando por isso) e o suicídio do melhor amigo.
                Charlie está se recuperando de uma depressão, que lhe causou tendência suicida. No colégio, ele tenta se enturmar, porém os grupinhos já estão formados. Porém nem tudo está perdido para Charlie: Patrick e Sam são dois veteranos que o recebem em seu pequeno mundinho.
                Na versão cinematográfica desta história, Emma Whatson, Ezra Miller e Logan Lerman representaram maravilhosamente os seus papéis. A trilha sonora, cheia de rock alternativo dos anos 1970 a 1990, também agrada.
                O drama traz assuntos pouco abordados de forma direta ou implícita, como o abuso sexual, pedofilia e homofobia. Esta última ficou bem clara e se trata do pai do namorado de Patrick, que, quando descobre que o filho é gay, bate nele. A pedofilia também fica evidente e se trata de como Sam perdeu a virgindade com um cara mais velho. Já o abuso sexual – que também é considerado pedofilia – não fica muito exposto, mas se trata da estranha relação da tia com Charlie, crime que ocorre sem os pais do garoto suspeitarem.
                O filme e o livro contam com um final surpreendente. A história foca na amizade, na maneira que um confia no outro e como se entregam uns aos outros. Não podemos deixar de citar o poema “Em uma folha amarela com linha....”, que não tem no filme, porém foi citado no livro e deu mais uma emoção ao drama que tocou fundo nos corações de leitores e cinéfilos.



Conto de Maria Gabriela:

Na beira do abismo

                Há uns dias atrás, vi umas coisas acontecendo na minha escola na minha turma: havia uma menina bem magra, quieta, porém muito sorridente. Tanto os garotos como as garotas faziam piadas sem graça, brincadeiras e até colocavam apelidos nela. Ela não gostava muito, sempre pedia para pararem, mas eles sempre a ignoravam.
                Passou um tempo e ela começou a faltar e, quando ia, não ria e não participava. Ninguém deu muita bola, mas eu vi as forças dela se esvaindo, o mundo dela estava preto e branco; queria ajudar, mas eu também estava na beira do abismo, parece que alguém estava me segurando, me impedindo de chegar até ela.
                No primeiro dia da primavera, ela se matou, cortou os pulsos e sangrou até a morte, uma morte lenta e dolorosa. Não a culpo por ter se matado. Como Augusto Cury mesmo disse, em seu livro “O vendedor de sonhos”, “o suicida não quer se matar, ele quer matar a dor que existe dentro dele.
                Mesmo assim, quando lembro daquela menina, penso que ela não merecia isso, esse não era para ser o fim dela, ela não sabia o tanto de coisas que tinha para viver, ela não sabia que nós somos infinitos...




quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Meu Cão Andaluz Acorrentado no Estagnado-Escuro


Diante da (ir)realidade da situação da arte, atualmente sempre alvo de censura e de recurso de repressão à serviço de ordinários trampolins para mentes simplistas e políticos retrógrados, hoje posto meu poema-manifestação lírica inédito, uma elegia ao surrealismo desvairado e estranhamente bonito de Buñuel e de Dali, a cada dia mais e mais asfixiado por um outro ‘sul realismo’ ‘pós-amoderno’ torpe, filho querido dos hitléricos cidadãos do ‘bem’ da Divina Coerção.
Aviso: As imagens deste blog são apenas metafóricas - nem o filme "O cão andaluz", nem pinturas de Salvador Dali foram censuradas até o presente momento (pelo menos, não até o presente momento...); ao contrário, até há exposições do surrealismo de Dali agendadas no Brasil. Reafirmando: as imagens deste blog são apenas um exercício/brincadeira metafórica (é, nos dias atuais, tem que deixar tudo explicadinho. E ainda entendem/interpretam mal...).
Aos amigos leitores, também Dali enlutados com o estado ‘putrestupefato’ da arte diante de tanta pudica e fanática ‘velevadaviolentaperseguição’, eis meu “Cão Andaluz Acorrentado”:

Cão Andaluz Acorrentado

A nuvem negra que outrora cortara a lua cheia,
como navalha sobre olhos submissos e vazios,
agora encobre cabeças pequenas
em corpos ignorantes gigantes.

O Abaporu largou Tarsila do Amaral,
e abraçou o moralismo equivocado ultrapassado
de e por Lobato 
(remexem no túmulo os ossos imortais violentados).
O Abaporu xvidente virtual atira no espaço
bombas de gás moral:
“A lua está nua! Tarja preta no estado natural
de todo satélite arteficial!”

E a noite agora é apenas a nuvem negra de outrora
sem sua outrora surrealista glória
e o cão andaluz foi acorrentado como Prometeu
e  está sendo dilacerado todos os dias por corvos de Deus
no Cáucaso Divino Daquele que Dita a Dura Ditoso.
No lugar do animal lírico iluminado,
um vira-lata estagnado-nebuloso
gane pelo Estado em sítio com cercas,
para que vivam felizes e (i)lesos os carneiros de bem e as mães ovelhas
que zurram decência contra os pecados sem pecados do mundo.

Agora chamas procriam nas trevas dos cérebros infectos de estupidez:
“Queimem as pinturas vanguardistas, os filmes complexos, a poesia
e viva a tirania disfarçada
pela segurança acomodada da sordidez,
pela pusilanimidade disfarçada de sensatez.

Dali não há mais Dali (queimem quem ainda for Dali);
dali é lar do lá, do acolá, mais próximo do apocalíptico fim,
da nova reforma religiosa de Auschwitz:
a lógica ilógica venceu - glória a Deus! -;
a arte falece com cruzes fincadas
por vampiros assassinos caçadores de imaginários ateus.


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Mais um poema tributo a Drummond: O poema carlosbrunnodrummondiano "No meio do caminho (pós Claro Enigma)"


Hoje, dia 31 de outubro, é um dia muito especial. E não é por causa do estadunidense dia das bruxas (com todo respeito ao universalizado Halloween), nem por ser o Dia do Saci (com todo respeito a uma das lendas maiores do folclore nacional). Não; com todo respeito às demais datas, hoje, para nós, poetas ‘fãnáticos’ por excelentíssima literatura, hoje é o dia que marca a data de nascimento de um dos nossos maiores poetas, o Mestre Lírico Maior Mais Que Fodástico Carlos Drummond de Andrade. Neste 31 de outubro de 2019, o fazendeiro do ar itabirano que carregava a lírica e social rosa do povo até no brejo das almas, entre pedras no caminho e claros enigmas faria 117 anos. Quem conhece a minha poética, sabe da imensa influência que Drummond tem em minha poesia – tanto que já fiz, principalmente em meu nono livro (“O nada temperado com orégano”, de 2016) e em meu quarto livro (“O último adeus [ou O primeiro pra sempre]”, de 2004), tributos, odes, homenagens, elegias e releituras líricas de diversos poemas dele. Hoje trago mais um – este inédito - desses meus poemas carlosbrunnodrummondianos, especialmente para os amigos leitores.

No meio do caminho 
(pós Claro Enigma)

No meio do caminho
havia o mi
quase mim
quase oblíquo
inicial de mil
(ou mil do l invisível?)
fingida monossilábica
nota musical
que antecipa(ria)
a nota verdadeira
que prefacia
o sol.

No meio do caminho
assim impassível e lírico
por escrito
pedra não mais haveria
- mal uma vogal aberta a
de longínquo parentesco.
Já a outra pedra
a figurada verdadeira
na qual tantos tropeçaram
deixaria pros outros
outrora poetas
mais poetas que eu
nem menor
nem maior
que o mundo vasto mundo
visto e revisto
pelas retinas tão fatigadas.

Por mim
no meio do caminho
ficaria apenas o mi
sílaba de letras pares
na palavra ímpar.
No meio do caminho escrito
ficaria sempre com o mi
sempre o meio
jamais um fim.



quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Precisamos falar sobre as flores fúnebres da Primavera: Reflexões tragipoéticas sobre a violência às vésperas da estação florida e mais uma solidão poética compartilhada com um poema de Rafael Clodomiro

Arte de Rodrigo Yokota, disponível em:
http://desacato.info/agatha-como-se-fosse-o-alvo-em-um-jogo-no-video/

3 dias antes da Primavera, a noite ficou mais escura: na noite de 20 de setembro, a menina Ágatha, de 8 anos, foi mais uma vítima da prática irracional do que se convencionou chamar de combate à violência no Estado do Rio de Janeiro. Baleada nas costas, dentro de uma Kombi, quando voltava para casa, na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, mais uma vítima de bala perdida, que sempre encontra um corpo inocente pra fatalmente se instalar, mais uma vítima de uma guerra da qual ela jamais foi informada de que iria participar. Muitos policiais morrem, alguns bandidos morrem, e muitos inocentes também, inocentes demais, Ágathas demais, pobres e negros demais, num confronto armado por um governo estadual que prima pelo belicoso e sanguinário, mas esquece do estratégico, do racional, do humanitário.
"Triste Primavera", foto de Maria José.
Disponível em:
https://olhares.sapo.pt/triste-primavera-foto9277015.html
3 dias depois chegou a Primavera e os jardins produzem belas flores para tétricos funerais, recompõem o estoque gasto no luto apressado, nas famílias despedaçadas, nos cemitérios cheios de escombros de tragédias que poderiam ser evitadas, flores fúnebres carregadas por corações feridos, enlutados e revoltados com as vidas abreviadas por excessiva violência injustificável.
E há tempos não se via um início de Primavera tão mórbido, tão frio, tão desesperador, com tanto desalento, tanta chuva invernal, tanto temor. Precisamos falar sobre esse inverno em plena primavera, neste frio em nossa alma, nesta violência desordenada, nesta Primavera que, ainda enlutada, floresce-nos flores congeladas, um aviso de que precisamos falar sobre Ágatha, não podemos esquecer Ágatha, antes que as flores fiquem escassas diante de tanto enterro fora de hora.
Mais uma noite de Primavera e, durante todo o período, só floresceram lágrimas...
Segundo muitos, diante da insensibilidade arrogante e psicopata do Estado, ainda mais lágrimas florescerão... Até quando?
Hoje compartilho com os amigos leitores um poema lamentação do grande poetamigo Rafael Clodomiro, hoje compartilho a consternação lírica dele, a nossa consternação...

Ágatha, uma criança.
Assassinada pelo Estado.
Pela política de (in)segurança.
Pelo Rio e pelo país desgovernado.
Até quando? Até a esperança
morrer dentro do caos mais agravado?
A desordem vestiu a farda.
E o povo carrega o fardo.
- Rafael Clodomiro

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Arte com Xadrez: Luz, Câmera... Alcino! no Reino do Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro com o Homem Enxadrista que Sabiamente Calculava


Recebi com felicidade a notícia de que, capitaneados pelo Professor de Educação Física, Treinador, Enxadrista, Maratoneiro, Mestre Poetatleta Genaldo da Silva Lial, vários jogadores artistalunos da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva representarão esta unidade escolar na qual leciono no Torneio de Xadrez que acontecerá amanhã, de manhã e de tarde, durante o tradicional evento (que ressurge após um breve hiato de alguns anos) dos Jogos Estudantis de Teresópolis/RJ. Tal notícia me fez lembrar que ainda não compartilhei com os amigos leitores do blog o texto do esquete teatral escrito por mim, neste ano de 2019, para o tradicional e popular Torneio Xeque Mate, que ocorre há 9 anos na escola (sendo que o nosso grupo teatral escolar, chamado Luz, Câmera...Alcino!, tem a honra de apresentar um esquete de abertura – sempre inédito e envolvendo de forma direta ou indireta a literatura, os quadrinhos, a cultura pop, a sátira a assuntos contemporâneos e o xadrez -  há 5 edições do maravilhoso evento esportivo), nem o vídeo com a encenação e sua ficha técnica, nem o vídeo documentário produzido após a apresentação.

Ciente desta ausência, preenchemos as lacunas e trago aos amigos leitores o esquete "Luz, Câmera...Alcino! no Reino do Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro com o Homem que Sabiamente Calculava", obra satírica escrita por mim e livremente inspirada no conto do xadrez do livro "O Homem que Calculava", de Malba Tahan, + poema de Gregório de Matos + poema de Genaldo Lial, o vídeo com as duas apresentações do Luz, Câmera...Alcino! 2019 e o divertido documentário gravado após a apresentação pelos próprios artistalunos envolvidos no esquete.
Espero que os amigos leitores do blog curtam o esquete em seus vários formatos e se divirtam e se encantem como nós com a magia da arte e do xadrez (e lembrem-se de torcer pelos nossos queridos enxadristas artistalunos amanhã de manhã e de tarde na disputa esportiva interescolar de xadrez).
Boa Diversão! Alcino, Educação, Esporte e Arte Sempre!

Esquete “Luz, Câmera... Alcino! no Reino do Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro com o Homem Enxadrista que Sabiamente Calculava”, o texto
Personagens:
BEREMIZ
MALBA TAHAN_
JÚLIO CÉSAR DE MELLO E SOUZA
DIRETOR
CONTRARREGRA
NARRADOR/SANDMAN
SERVA DE VÉU 1
SERVA DE VÉU 2
REI IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO PRIMEIRO
SÚDITO QUARTZO LORENZETTI
DIPLOMATA PEDRERNESTO
PROFESSOR DA ALEGRIA
CHEFE DA GUARDA
GUARDA 1
GUARDA 2
POETA
DICIONÁRIO VIVO
LAHUR SESSA
CORINGA
ARLEQUINA
CONTADOR GUEDIM

No palco, mais para trás, estarão as duas Servas de Véu segurando um lençol/pano ocultando parte do cenário (que será onde acontecerá os eventos principais – atrás do lençol/pano estará o Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro em trono e uma mesa). Mais ao lado, NARRADOR/SANDMAN dorme. Os primeiros personagens se apresentarão à frente desta imagem.

BEREMIZ (orgulhoso): Bom dia, senhoras e senhores, sou Beremiz, um grande calculista persa, e a peça a qual vocês assistirão hoje é inspirada em um conto, uma história curta e inventada, que eu contei ao grande califa Al-Motacém.
Entra Malba Tahan
MALBA TAHAN (empurrando Beremiz): Mentira! Senhoras e senhores, sou Malba Tahan, o famoso escritor árabe, e a peça a qual vocês assistirão hoje é inspirada em um conto escrito por mim. Beremiz é apenas um personagem que eu criei para meu livro “O Homem que calculava”.
Entra Júlio César de Mello e Souza
JÚLIO CÉSAR DE MELLO E SOUZA (empurrando Malba Tahan): Mentira! Senhoras e senhores, sou Júlio César de Mello e Souza, famoso matemático e escritor brasileiro, e a peça a qual vocês assistirão hoje é inspirada em um conto escrito por mim. Malba Tahan é apenas um heterônimo meu, isto é, um personagem que eu inventei para assinar os livros em meu nome, para que os leitores comprassem os livros de um escritor brasileiro pensando que fosse de um escritor árabe. Beremiz é apenas um personagem que eu criei para meu livro “O homem que calculava”, cujo livro eu assinei como Malba Tahan.
Entra o diretor
DIRETOR (muito bravo): Que bagunça é essa na minha peça? Quem colocou esses três personagens aqui? Contrarregra!!!!
CONTRARREGRA (medroso): O que foi, chefinho? Bom dia (para o público). Bom dia (para o diretor)
DIRETOR: Que bom dia nada! Não tem nada de bom nesse dia! Já começaram bagunçando a minha peça! Quem mandou colocar esses três personagens no início desta peça?
CONTRARREGRA (mais medroso ainda): Vo-você sa-sabe como é, chefinho... Esses personagens vivem querendo aparecer, surgem do nada! Mas já tô expulsando eles, ok? Xô, xô, xô (enxota os personagens do palco como se fossem animais).
DIRETOR (sozinho e sempre bravo): Pra que que eu aceitei essa porcaria de trabalho? Pois bem, prezado público, uma explicação agora é necessária. A peça a qual vocês irão assistir é inspirada em um conto, uma história curta e inventada, contada pelo personagem Beremiz ao califa Al-Motacém no livro de contos “O homem que calculava” (mostra o livro), de Malba Tahan, heterônimo do escritor brasileiro Júlio César de Mello e Souza. A versão em peça é uma adaptação desse conto escrita por um professor maluco chamado Carlos Brunno, que eu nunca nem vi e tenho raiva de quem viu. A versão que esse tal de Carlos Brunno fez é muito diferente da versão original. Pra ser sincero, eu pessoalmente acho essa versão desse tal de Carlos Brunno uma porcaria e recomendo que vocês leiam o original que está no livro “O homem que calculava”, que tem na biblioteca da sua escola. Só aceitei dirigir essa peça porque, com a escassez de emprego hoje em dia, eu tinha que trabalhar. Bem, é isso. Agora assistam à peça QUIETOS e me deixem trabalhar! Contrarregra, chama o dorminhoco do Narrador pra gente começar logo essa peça!
CONTRARREGRA (acorda o narrador): Narrador, vai logo! É a sua vez! (fala pra si, enquanto o NARRADOR abre preguiçosamente os braços e se direciona vagarosamente para a frente do palco) Ô vida cansativa, ô cambada de personagens ruins de jogo! Preciso mudar de emprego urgentemente.
NARRADOR/SANDMAN (de frente para o público): Olá, meu nome é Sandman, sou o Senhor dos Sonhos. Hoje trago-vos a história de meu sonho mais recente que veio pra mim após a leitura de um livro. Peço que sonhem comigo para que possamos acompanhar a história. Por isso, peço que fechem os olhos. Fechem os olhos. (atira purpurina no público) Isso, fechem os olhos. E agora reabram os olhos e sejam bem-vindos à história do meu sonho. (as duas SERVAS DE VÉU que seguravam a cortina, afastam-na e percebe-se que havia ali um rei, aparentando tristeza, sentado em seu trono. À frente, uma mesa [que será usada de várias formas mais tarde; como para ser colocado o tabuleiro de xadrez]. As 2 SERVAS DE VÉU passam cada uma a um lado do rei e passam a abaná-lo com leques ou espanadores).  Era uma vez um reino muito distante, governado pelo Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro, que vivia muito triste... Acompanhemos sua trajetória.
Rei IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO PRIMEIRO chora copiosamente e assoa o nariz em um lenço. Entram o SÚDITO QUARTZO LORENZETTI e o DIPLOMATA PEDRERNESTO.
QUARTZO LORENZETTI: Meu rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro, precisa parar com essa tristeza! O reino está uma bagunça! Falta pão! O povo sente fome!
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO: Fome, ora, fome! São todos uns va-ga-bun-dos isso sim! Estão com fome, falta pão? Que comam as goiabas divinas das Damas de Ares; é só invadir os jardins das vizinhas, trabalhar o roubo e roubarem, táoquêi! Não me venham com problemas, pois minha tristeza é infinita. (volta a chorar copiosamente)
DIPLOMATA PEDRERNESTO: Nosso rei sofre muito desde a morte de seu filho Iadavinha Zahyrzinho Bozocracinho...
(Rei Iadava Zahyr Bozocrácio chora mais ainda e assoa o nariz)
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO: Aqueles bárbaros vermelhos e barbudos, cambada de va-ga-bun-dos, mataram meu pobre filhinho Iadavinha Zahyrzinho Bozocracinho, só porque a gente queria invadir o país deles. Assassinos va-ga-bun-dos! Agora eu sofro eternamente sem meu filhinho querido, tico-tico do paipai... (e chora e assoa o nariz)
QUARTZO LORENZETTI: Mas, piedoso e majestoso chefe, precisa se recuperar do luto...
DIPLOMATA PEDRERNESTO: Para tirá-lo desta tristeza sem fim, trouxemos um professor de alegria.
(entra o Professor de Alegria, todo sorridente)
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO (triste e irritado): Professor? Não preciso de professor, eu aprendi tudo sozinho, sou um autoditado!
PROFESSOR DA ALEGRIA (sempre sorridente, intervém didático): Desculpe-me, majestosa prepotência, mas a palavra adequada para designar uma pessoa que aprende as coisas sozinha, sem necessidade de professor é “autodidata”.
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO (mais irritado ainda): Ousa me corrigir, seu idiota útil duma figa! Guardas, prendam esse va-ga-bun-do! (Guardas prendem o Professor da Alegria, que agora sorri timidamente. Iadava Zahyr Bozocrácio dirige-se para o súdito QUARTZO LORENZETTI) Súdito Quartzo Lorenzetti, avise o Ministro Oláquio Pau de Sebo pra cortar toda verba da educação.
SÚDITO QUARTZO LORENZETTI: Já cortamos, piedoso e majestoso chefe.
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO: Ah, tá. Então aumentem o imposto dessa cambada de va-ga-bun-dos! E, agora, me deixa aqui com minha tristeza sem fim, táoquêi. (volta a chorar e assoar o nariz)
DIPLOMATA PEDRERNESTO: Ainda não podemos deixá-lo-á com tamanha tristeza, magnânimo mestre. Se professores não te satisfazem, trouxe-te-lhe um poeta.
Guardas trazem arrastado o poeta.
DIPLOMATA PEDRERNESTO: O poeta veio de bom grado (nesse momento, o poeta tenta fugir, mas os guardas o seguram), pra declamar-te-lhe um poema pra alegrá-lo-ei. Comece a declamar o poema para seu piedoso e majestoso chefe, prezado poeta!
POETA (descontente): Trouxe-te um soneto, majestoso sacripanta.
(cena congela. Entra DICIONÁRIO VIVO)
DICIONÁRIO VIVO (com um dicionário nas mãos): Soneto é um poema de quatorze versos, distribuído em duas estrofes com 4 versos cada e 2 estrofes com 3 versos cada. Costuma ter seus versos (linhas) contados em dez ou doze sílabas poéticas e costuma ter rima. Já sacripanta significa aquele que é velhaco, patife, indigno. Continuemos a história...
(cena descongela com a saída do Narrador/Sandman.)
POETA: Eis o poema que faço em sua homenagem, majestoso senhor das bestas.
“Um soneto começo em vosso gabo;
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce agora a porca o rabo:
A sexta vá também desta maneira,
na sétima entro já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi?
Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais,
Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei.

Nesta vida um soneto já ditei,
Se desta agora escapo, nunca mais;
Louvado seja Deus, que o acabei.”
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO (triste e irritado): Bela porcaria! Não entendi nada! Poema é coisa de va-ga-bun-do, táoquêi! (saudoso) Ah, que saudades do meu falecido filhinho Iadavinha Zahyrzinho Bozocracinho, ele adorava cortar o pescoço desses poetas va-ga-bun-dos! O Rei da Nova Inglaterra, meu querido amigo Donats Trumpet já dizia: ‘Poetas são seres ‘dangerigosos’!” Guardas, prendam esse va-ga-bun-do! (Guardas levam o poeta, que vai embora com ar debochado). Agora chega das suas trapalhadas, Diplomata Pedrernesto, ninguém pode me tirar desta tristeza sem fim.
Entra Lahur Sessa.
LAHUR SESSA: Eu posso, querida majestade!
SERVA DE VÉU 1: É um iluminado?
SERVA DE VÉU 2:  É um pavão?
QUARTZO LORENZETTI (empolgado): Não, é o sábio Lahur Sessa com um tabuleiro de xadrez na mão!
DIPLOMATA PEDRERNESTO (agradecido): Graças, Lahur Sessa é nosso herói e da tristeza tirá-lo-á, piedoso e majestoso chefe!
Lahur Sessa coloca um tabuleiro de xadrez na mesa.
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO (surpreendido): O que é isso, jovenzinho?
LAHUR SESSA: Este é um tabuleiro de xadrez, querida e desafortunada majestade. Tal jogo dispõe de oito peças pequeninas - os peões. Representam a infantaria, que ameaça avançar sobre o inimigo para desbaratá-lo. Secundando a ação dos peões vêm as torres, representadas por peças maiores e mais poderosas; a cavalaria, indispensável no combate, aparece, igualmente, no jogo, simbolizada por duas peças que podem saltar, como dois cavalos, sobre as outras; e, para intensificar o ataque, incluem-se – para representar os guerreiros cheios de nobreza e prestígio - os dois vizires do rei . Outra peça, dotada de amplos movimentos, mais eficiente e poderosa do que as demais, representará o espírito de nacionalidade do povo e será chamada a rainha. Completa a coleção uma peça que isolada pouco vale, mas se torna muito forte quando amparada pelas outras. É o rei.
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO (intrigado): Hum, interessante! Mas por que é a rainha mais forte e mais poderosa que o próprio rei? Que eu saiba mulher só nasce depois de uma fraquejada dos homens, esses sim, mais poderosos que o sexo frágil.
LAHUR SESSA: A rainha é mais poderosa, porque representa, nesse jogo, o patriotismo do povo. A maior força do trono reside, principalmente, na exaltação de seus súditos. Como poderia o rei resistir ao ataque dos adversários, se não contasse com o espírito de abnegação e sacrifício daqueles que o cercam e zelam pela integridade da pátria?
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO (contente): Isso, isso, pátria acima de todos! Finalmente um jogo que me entende!
DIPLOMATA PEDRERNESTO (satisfeito): Olha, Quartzo Lorenzetti, Lahur Sessa conseguiu fazer o rei esquecer sua tristeza e sorrir.
QUARTZO LORENZETTI (também satisfeito): Sim! Agora deixemos eles a sós, se divertindo!
DIPLOMATA PEDRERNESTO: Sim, partamo-les.
DIPLOMATA PEDRERNESTO e QUARTZO LORENZETTI saem. Enquanto LAHUR SESSA mostra o jogo para IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO, entra NARRADOR/SANDMAN.
SANDMAN: E, encantado com o jogo, o rei Iadava Zahyr Bozocrácio passou horas e horas aprendendo o jogo de xadrez.
SANDMAN sai.
LAHUR SESSA: ... E essa aqui é uma jogada rara e rápida chamada Mate do Louco.
Entram CORINGA e ARLEQUINA.
CORINGA: Opa! Rá, rá, rá! Eu escutei “louco”! Opa, me chamaram, rá, rá, rá (atiram água no público)
DIRETOR (entra mais uma vez bravo no palco; cena congela): Contrarregra!!!! Que bagunça é essa!!! Quem mandou esses personagens malucos, que não tem nada a ver com a peça aparecerem! Eita trabalho desgraçado!
CONTRARREGRA (desesperado de medo): Ca-calma, chefinho! Já estou expulsando eles, ok? Xô, xô, xô (enxota os personagens do palco como se fossem animais. CORINGA e ARLEQUINA atiram água nele, enquanto são expulsos do palco).
(cena retorna)
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO (agradecido): Meu nobre Lahur Sessa, você me tirou da tristeza e me ensinou este jogo interessantíssimo! Como posso te recompensar?
LAHUR SESSA: Rei poderoso! Vou, pois, aceitar, pelo jogo que inventei, uma recompensa que corresponde à vossa generosidade; não desejo, contudo, nem ouro, nem terras ou palácios. Peço o meu pagamento em grãos de trigo.
IADAVA BOZOCRÁCIO: (para o público) Que otário! (para Lahur Sessa) Grãos de trigo? Então, táoquêi! Quantos você quer?
LAHUR SESSA: Vossa majestade vai me dar um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro; dois pela segunda, quatro pela terceira, oito pela quarta, e, assim dobrando sucessivamente, até a sexagésima quarta e última casa do tabuleiro. Peço-lhe, ó rei, de acordo com a sua magnânima oferta, que autorize o pagamento em grãos de trigo, e assim como indiquei!
IADAVA BOZOCRÁCIO: (para o público) Mas é otário mesmo; me dei bem! (para Lahur Sessa) Negócio fechado! Autorizo o pagamento! (as DUAS SERVAS colocam a mão na testa, aparentando saberem que o rei fez besteira) Contador Guedim, venha pagar esse bondoso homem!
CONTADOR GUEDIM entra.
CONTADOR GUEDIM (entra com um caderno e caneta): Chamou-me, majestoso e piedoso arremedo de chefe. A quem devo pagar e como se dará o pagamento?
IADAVA BOZOCRÁCIO: Nobre Lahur Sessa, explique ao contador Guedim como o senhor quer receber o pagamento que esse negócio de conta é com ele.
LAHUR SESSA: Eu quero receber o pagamento assim...
(Lahur Sessa cochicha no ouvido de Guedim. Guedim vai fazendo as contas assombrado)
IADAVA BOZOCRÁCIO: Não demore tanto pra fazer umas continhas bobas, Contador Guedim. Paga logo o homem, táoquêi.
GUEDIM (embaraçado, puxa o rei para um canto): Majestade Iadava Zahyr Bozocrácio, como o senhor me fecha um negócio desse sem me consultar? Eu fiz as contas... Para se obter esse total de grãos de trigo, devemos elevar o número 2 ao expoente 64, e do resultado tirar uma unidade. Trata-se de um número verdadeiramente astronômico, de vinte algarismos. São 18 quintilhões 446 quadrilhões 744 trilhões 73 bilhões 709 milhões 551 mil e 615 grãos de trigo!
IADAVA BOZOCRÁCIO (incrédulo): Isso tudo?
GUEDIM (embaraçado): Nem em 2 000 séculos produziríamos a quantidade de trigo que, pela sua promessa, cabe, em pleno direito, ao jovem Sessa!
IADAVA BOZOCRÁCIO (desesperado): Diacho! E agora, contador Guedim, o que eu faço?
GUEDIM: O de sempre, majestoso e piedoso arremedo de chefe! Volta atrás com a sua promessa e dá um cargo no reino para o Lahur Sessa não denunciar a gente pra imprensa.
NARRADOR/SANDMAN entra.
NARRADOR/SANDMAN: E foi assim que o inteligente Lahur Sessa ganhou o cargo de Sábio Marajá no reino de Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro. Com salário alto e pouco trabalho, passou sua vida dedicando-se a jogar xadrez com o rei.
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO: Você me ensinou uma importante lição, nobre Sábio Marajá Lahur Sessa.
LAHUR SESSA: Ah, finalmente meu poderoso rei, você aprendeu que deve refletir, meditar bem, antes de agir?
IADAVA ZAHYR BOZOCRÁCIO: Claro que não, Sábio Marajá Lahur Sessa! Ora, eu sempre penso antes de agir ou falar, táoquêi! O que eu aprendi mesmo é que existem quadrilhão e quintilhão. Eu pensei que só existia números até o trilhão! Guardas, tragam aquele va-ga-bun-do daquele tal de poeta para encerrar essa história.
POETA:
Cumprimento a minha frente um forte adversário
E minhas negras peças ainda somam dezesseis
Tão grande e fascinante, és tu jogo lendário
Inicio agora, uma difícil batalha no xadrez:

Empurro meu peão que avança com alguma timidez
Quem me dera ser um mestre e ter alguma altivez
Neste jogo que, entre dois, cada um tem sua vez!
Hoje popular, mas que outrora foi somente de nobres e reis
Inspirado por Deus, com certeza, foi o sábio que o fez
Quem o aprende não consegue jogá-lo somente uma vez
O poeta que vos fala, do forte adversário, já virou freguês
És jogado por todos os povos, do brasileiro ao polonês
Comentado em todas as línguas, em árabe e também em português
Em terras tupiniquins, chegaste com pompa e sisudez
Mas, aos pouquinhos, conquistaste este povo que te chama de xadrez
E agora, peço desculpa e licença a todos vocês,
Pois, no tabuleiro da minha mesa, chegou de novo a minha vez.
(Todos os personagens, que iam se aproximando à medida que o poeta declamava, declamam os versos abaixo juntos)
TODOS:
“Vamos jogar xadrez
Vamos jogar xadrez
Nós todos já aprendemos
Agora é sua vez
Luz, Câmera...Alcino!
– Xeque-mate!”

Esquete "Luz, Câmera...Alcino! no Reino do Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro com o Homem que Sabiamente Calculava" em vídeo
O Grupo Luz, Câmera... Alcino! 2019 esteve presente na Abertura do IX Torneio Xeque Mate, organizado pelo mais que fodástico professoramigo poetatleta Genaldo Lial da Silva, na manhã e tarde do dia 06/06/2019, com o esquete "Luz, Câmera...Alcino! no Reino do Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro com o Homem que Sabiamente Calculava", obra satírica escrita por mim e livremente inspirada no conto do xadrez do livro "O Homem que Calculava", de Malba Tahan, + poema de Gregório de Matos + poema de Genaldo Lial. O texto final teve revisões dos artistalunos que atuaram no esquete.
O esquete contou com a atuação de Maria Vitória Souza do Carmo (Beremiz), Emily Correa da Silva (Malba Tahan), Natália Vitório R. Honório (Julio César Melllo e Souza), Julia Marques (Diretora), Juslaine Bepler (Contrarregra), Ingrid de Oliveira dos Santos (Sandman), Camila Vitória (Serva do Véu 1), Isabelle Mello (Serva do Véu 2), Maria Gabriela Ferreira Luz (Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro), Katheleen Maciel (Ministro Quartzo Lorenzetti), Leandro Hyatti Ciriaco (Diplomata Pedrernesto), Malu Carvalho (Professora de Alegria), Cleyton Arruda Filgueiras (Chefe da Guarda), Karolaine de Araújo (Guarda 1), Andressa Silva (Guarda 2),  Anna Julia de Jesus (Poeta), Daniele dos Santos (Dicionário Vivo), Andressa de Oliveira Silva (Lahur Sessa), Carlos Brunno (Coringa), Vitória Fernandes (Arlequina) e Michele Ponte (Contador Guedim). A direção do esquete e roteiro final foi de minha autoria. A apresentação da manhã teve supervisão e direção artística das artistalunas Ana Julia Duarte e Ana Clara Oliveira. A direção de som foi do Professor Artistativistamigo Daniel Coelho.
Agradecimentos especiais: Durante os ensaios, tivemos apoio e dicas de interpretação dos Professores Genaldo Lial e Antonio Carregosa.
 O registro em vídeo foi realizado pelos cineastas alunos Ana Clara Oliveira (manhã) e Raul Damazio da Silva (tarde).

IX Torneio Xeque Mate Alcino: 
O documentário
Luz, Câmera... Alcino! 2019, além de estar presente na Abertura do IX Torneio Xeque Mate, organizado pelo mais que fodástico professoramigo poetatleta Genaldo Lial dA Silva, na manhã e tarde do dia 06/06/2019, com o esquete "Luz, Câmera...Alcino! no Reino do Rei Iadava Zahyr Bozocrácio Primeiro com o Homem que Sabiamente Calculava", também elaborou um curta de entrevistas com participantes do esquete e do evento.
O maravilhoso vídeo de entrevistas foi idealizado pela artistaluna Maria Vitória Souza do Carmo (ela pensava até em um vídeo mais amplo e consequentemente maior, mas fatores não previstos impediram uma obra prima maior) foi filmado, produzido e editado por Malu Carvalho,  teve a participação de Julia Marques, Ana Julia de Jesus, Maria Vitória Souza do Carmo e Michele Ponte e conta com entrevistas com os atores Emily Correa da Silva (Malba Tahan), Vitória Fernandes (Arlequina), Camila Vitória (Serva de Véu), Andressa Silva (Guarda), Cleyton Arruda (Chefe dos Guardas) e o vilão Coringa (!).

Meu filho-poema selecionado na Copa do Mundo das Contradições: CarnaQatar

Dia de estreia da teoricamente favorita Seleção Brasileira Masculina de Futebol na Copa do Mundo 2022, no Qatar, e um Brasil, ainda fragiliz...