Hoje acordei muito gripado, efeito de uma semana corrida e
de uma certa apatia diante dos movimentos da rotina. Fim de campeonato
brasileiro, corinthianos comemoram o títulos, outros comemoram vagas em
Libertadores, Sul Americanas e continuação da primeira divisão; outros choram
chances perdidas ou rebaixamentos para a segunda divisão.Sejam campeões ou
derrotados, todos seguem a sua repetitiva caminhada: rumo ao trabalho, rumo ao
fim de mais um ano, rumo ao de sempre buscando sabores diferentes. Mais um ministro
do governo Dilma cai (já virou rotina também), o Egito luta por um país
realmente democrático (e amanhã outro país lutará pelo mesmo fato, enquanto os
países democráticos estudam novas leis pra coibirem a liberdade total de seu
eleitorado, até todos percebermos – ou nos mantermos alienados – o fato de que
nunca existiu um regime realmente democrático), a doença se apossa de meu
corpo, meu lirismo está gripado e, com o nariz entupido, é quase impossível
respirar novos ares, novos poemas, novas esperanças; lamento a má vontade, leitores,
mas hoje é segunda-feira, o céu está nublado e nenhum vento refresca minha
cabeça. Diante disso, posto um poema, publicado no meu quarto livro “O último
adeus (ou o primeiro pra sempre)” (2004) sobre nossa eterna insatisfação
enquanto nossos corpos trafegam os dias da semana num eterno delírio para o
mesmo lugar:
A alma de nossas faltas
Todos saem para as ruas
É sábado!
E a guerra começa
Enquanto o divertimento torna-se
A alma de nossas faltas.
(A cidade não para)
Todos enlouquecem
É domingo.
Mas a guerra continua
Enquanto o tempo torna-se
A alma de nossas faltas.
(A cidade de ressaca)
Todos torturados
É segunda-feira...
E a guerra adormece
Enquanto o falso enriquecimento torna-se
A alma de nossas faltas.
(A cidade trabalha)
Adorei essa má vontade: "meu lirismo está gripado e, com o nariz entupido,".rsssss
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