- Hey, o sol voltou!
- Sim, here comes the sun... –
ele responde a minha inusitada euforia com um tom leve e suave.
Após isso, ele volta a
tocar. Estranho e paradoxal: o som alegre que agora sai da guitarra de meu
amigo me traz um triste reflexão:
- Pena que poucos percebem a
beleza de seu retorno...
- Isso não é triste? – sua voz
melodiosa apenas constata uma pergunta resposta, sem revolta nem pranto. Mais
algumas notas escapam de sua guitarra.
- Às vezes, penso que tudo isso é
simplesmente um sonho...
- Não, isso não é um sonho. –
mais uma constatação, sem euforia ou mágoa. – O mundo é muito sério e, às
vezes, um lugar muito triste. Por isso, quase todo bem que sentimos nos faz
pensar que estamos sonhando. Na verdade, ao invés de sonho, a vida, muitas
vezes, é apenas uma grande brincadeira; pena que, com o tempo, perdemos nossa
infância... – E outra nota escorrega de seus dedos suavemente chorada para a
alegria de meus ouvidos.
Sim, agora entendo: sonhos são
abstratos demais pra nos tocarem tanto... John nos avisou antes de sair: esse
tipo de sonho, abstrato demais, acabou. Peço mais uma dose.
- Ok, amigo, então vamos brincar!
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