Hoje é o dia mais tenso do Campeonato Brasileiro 2011.
Únicos com chances de título nessa última rodada do Brasileirão, Vasco e
Corinthians precisam superar seus respectivos arquirrivais Flamengo e
Palmeiras. Do lado de baixo da tabela, Atlético Paranaense e Cruzeiro precisam
também superar os seus respectivos maiores rivais Coritiba e Atlético Mineiro
(ambos com memórias recentes do rebaixamento e da impertinente zoação da
torcida adversária diante do triste episódio) para permanecerem na difícil 1.ª
divisão do campeonato.
Jogos eletrizantes, nervos à flor da pele, sempre
tensos, afinal, num jogo decisivo de 90 minutos, os times podem colocar todo
seu planejamento anual a perder ou a ganhar. É assim no futebol, é assim na
vida, é assim em qualquer busca de conquista – 1 minuto, 60 segundos podem ser
tudo ou nada.
Essa constatação acabou me recordando de aventuras e
desventuras de minha adolescência: o ato de, ainda tão inexperiente (segundo o
radical e polêmico escritor Nelson Rodrigues, quando somos jovens, mal sabemos
falar), se aproximar da pessoa amada (o famoso chegar) e conseguir ou não a
almejada conquista amorosa. Nesse quesito, minha adolescência foi desastrosa:
fui campeão em levar foras (tocos) e provei - muito mais do que eu esperava - o
azedo gosto do som da palavra “não”.
Inspirado
nos 60 segundos que definem um campeonato inteiro, que podem resultar ou na
extrema felicidade da vitória ou na mais depressiva vergonha da derrota,
pensando em toda tensão que o tempo decisivo nos traz, pra ganhar ou pra
perder, aí vai meu poema, premiado em primeiro lugar no II Concurso
Internacional de Poesia Contemporânea de Santos/SP (o poema , pelo menos, foi
glorioso rs):
Um segundo e uma segunda intenção persegue minha mente dois
segundos e o desejo já contamina meu corpo três segundos e o mundo desaparece
quando me oferto pra ti quatro segundos e te levo pro quarto cinco segundos e
ainda estamos aqui seis segundos e me percebo delirando há dois segundos atrás
sete oito nove dez segundos e me mantenho sereno onze doze treze segundos e uma
palavra ameaça o silêncio quatorze quinze dezesseis segundos e tua voz alcança
meus ouvidos dezessete dezoito dezenove vinte segundos e tua negação parece uma
cena de cinema vinte e um vinte e dois vinte e três segundos em câmera lenta
vinte e quatro vinte e cinco o quarto vazio vinte e seis vinte e sete vinte e
oito adeus delírios...vinte e nove trinta o tempo não pára (trinta e um trinta
e dois trinta e três trinta e quatro trinta e cinco trinta e seis) pra meu
desconserto trinta e sete trinta e oito trinta e nove e não sei por que não
procuro outro lugar motivo palavra quarenta quarenta e eu um segundos quarenta
e sem nós dois segundos quarenta e três passos pra trás quarenta e quatro
quarenta e cinco quarenta e seis me desculpa eu só queria tentar quarenta e
sete e não cedes quarenta e oito quarenta e nove cinqüenta e estás longe
cinqüenta e eu sempre um segundos cinqüenta e sempre sem nós dois segundos
cinqüenta e três é demais cinqüenta e quatro cinqüenta e cinco e desapareces
cinqüenta e seis cinqüenta e sete e sinto muito cinqüenta e oito cinqüenta e
noves fora o mundo nas minhas costas nos meus segundos meu coração part
indo em sessenta
segundos completos
Se tu soubesses quantas emoções se passam num minuto que me
rejeitas...
Eu adoooooorooooooooooo esse poema!
ResponderExcluirMuito bom. Bem para teu consolo, segundo Freud, esses "não"s ajudam o adolescente falicizar-se.
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