Hoje compartilho minhas solidões poética com a escritora valenciana Juliana Guida Maia. Como Mirian Francisco dos Santos (confira a história no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com/2011/12/solidoes-compartilhadas-os-pensamentos.html), Juliana possui um talento nato e estilo apurado de escrita, porém não acredita em seu imenso potencial artístico. Tanto que, como aconteceu com Mirian, foi dificílimo convencer a escritora Juliana a permitir que eu publicasse um texto de sua autoria no meu blog. Mesmo assim, a artista já possui em seu currículo artístico diversas premiações municipais, estaduais e nacionais em poesia. O poema que publico hoje no blog, escolhido pela própria autora e dedicado ao seu avô, fala sobre a solidão outrora abstrata que se torna concreta em nós, quando perdemos alguém especial. Destaco o jogo de palavras, trocadilhos poéticos, neologismo e aliterações do belíssimo poema abaixo. Espero que gostem:
Solidão
Substantivo Concreto
(poema ao
meu avô)
Sólida solidão nos olhos que se fecham e não abrem mais
Sódica solidão secando a garganta
Seca solidão derramando nos olhos que não sabem chorar
Sol solidão aridificando queimando até o estado de cinzas
Sádica solidão multiplicando-se
multifacetando-se
Sonho solidão virando pesadelo toda manhã sem pássaros
Silêncio solidão sem seu café, seu assovio, sua alegria simples
Sábado solidão sem mais piadas, sem sua força
Sono solidão... eterno o seu,
perdido o meu
Uma regra mentirosa me fez acreditar que a solidão só dependia de mim
pra existir.
Adversativamente agora ela é um
muro.
Cada tijolo moldado com substantivos concretos de ausências suas...
unidos... um a um... com o cimento das solidões minhas.
Realmente minha filha soube expressar o quão pesada (concreta) ficou a solidão da ausência dele (meu pai/ seu avô) em nossas vidas. Lindo ficou o poema, triste a certeza de não tê-lo mais junto a nós...
ResponderExcluir"Sono solidão... eterno o seu, perdido o meu"
ResponderExcluirgente não desmerecendo o poema todo, é lindo, isso é indiscutível. mas, valeria a pena ler um livro de mil páginas, só para me deparar com o verso que destaquei acima. é uma obra de arte. Parabéns Juliana!