domingo, 18 de dezembro de 2011

Verse essa canção: Pagodeando com "Você não sabe de mim"


Hoje meu blog segue o gosto popular, “cheio de manias”. “Maravilha”: hoje o Raça Negra, grupo de pagode que “é paixão” da minha mãe Vanda Silva Barbosa, se apresenta no Clube dos Democráticos, em Valença/RJ. Em homenagem a mamãe e a todos que amam, sem vergonha de serem chamados de cafonas ou de qualquer outra injúria para os adoradores dos sucessos nacionais, o “Verse essa canção” de hoje é a minha releitura poética para a canção “Você não sabe de mim”, composição de Luiz Carlos e Elias Muniz, hit do Raça Negra. Os preconceituosos podem chiar “deus me livre”, não tenho medo, a postagem segue “cigana”, no ritmo do coração do poeta pagodeando aos pulos de um desesperado e eterno amor. 

Quem é você pra dizer o que diz por aí?
Pra julgar o que sinto no fundo do meu coração?

Ouço sua voz em outras bocas e ela fere meus ouvidos no bate-papo amigo com desconhecidos. Suas injúrias sobre mim são farpas de um amor cara-de-pau que nunca esculpi com a madeira nobre de meu pobre coração.

É, você não sabe da minha tristeza
Você não sabe, não sabe de mim...

Minhas lágrimas chovem errantes pelas ruas de suas ressecadas mentiras e você não vê que a tempestade em mim só quer ultrapassar as janelas fechadas de sua casa distante.

Você duvida do meu sentimento
Diz que sou insensível,
De pedra ou coisas assim
É, você não sabe da minha tristeza
Você não sabe, não sabe de mim...

E você duvida das chuvas de minhas certezas. E você petrifica minhas sensações mais macias. E você, sempre você, só você e eu sozinho no meu sereno aflito.

Diz que não ligo pro teu sentimento
E aí diz que não presto
A todo momento, por aí

Você fala, fala, fala, enquanto meu coração grita silêncios. Você fala, fala, fala sobre seus sentimentos, enquanto os meus falecem eternos em suas palavras falsas jogadas ao vento.

O que é que eu vou fazer?
Pra te abrir os olhos e ver
Aquele cara que sempre te amou
Que te ama e que te adora e que te quer
E às vezes chora
Se desespera e só você não vê
O grande amor que sinto por você

E, mesmo assim, o meu jardim cultiva as flores mortas de um amor que você não quer colher. E, mesmo assim, as minhas gotas de lágrimas molham os lagos desertos de um sonho que seu Éden expulsou. E, mesmo assim, minha declaração calada tagarela as vitórias de um sentimento glorioso que seu isolamento acústico derrotou: ah, sei que não acredita, mas eu sempre amei você, ah, verdade maldita, meu coração só quer amar você.

Um comentário:

  1. "Minhas lágrimas chovem errantes pelas ruas de suas ressecadas mentiras e você não vê que a tempestade em mim só quer ultrapassar as janelas fechadas de sua casa distante."

    É meu caro amigo Carlos, entre José Saramago e leituras obrigatórias para um concurso, tenho que dispender um tempinho proce professor-poeta, eita que estrophe (lembrei do pe aga)danada de boa sô. Vixe maria que ela valeu a noite.

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