sábado, 10 de dezembro de 2011

Blues de dezembro cinza: Quase dez anos sem Cássia Eller


Hoje, dia 10 de dezembro, Cássia Eller faria 49 anos. Falecida em 29 de dezembro de 2001 (ou seja, há quase 10 anos), a cantora, que brilhou em diversos eventos (como o Rock in Rio III e o Acústico MTV) e que interpretou diversos sucessos como “Malandragem”, “Relicário”, etc., nos deixou, aos 39 anos, no auge de sua carreira, em razão de um infarto do miocárdio repentino (a suspeita de que tenha sido vítima de uma overdose de drogas foi descartada pelo Instituto Médio Legal). Como presente à aniversariante ausente, da qual mantenho eternas saudades, como fã perpétuo de sua voz, estilo e coragem, produzi nesta manhã cinza e enlutada por tão nobre artista a poesia elegia abaixo. Pra ser lida, ouvindo Cássia Eller sem parar...
  
Ellergia

Hey, garota, tem piedade desse blues sem voz,
Canta essa canção sem som por mim, por ti, por nós...
É dezembro e as velas do bolo velam teu corpo,
A overdose de desejos morre vazia em teu lindo rosto...
Hey, garota, cria malandragem pra sorrir nesse triste instante,
Canta essa folia ausente que o cinza transmite nesse dia errante!

Hey, garota, traz cadência pra dor desse samba sem ternura,
Canta a viuvez de Chico, do Deus gozador, do partido alto sem altura...
É dezembro e os presentes são flores de saudade sem alegria,
Maltratadas pelo segundo sol de um pagode sem harmonia...
Hey, garota, recria o carnaval pra dançarmos nessa ausência tua,
Canta essa inglória gloriosa, o relicário sem cor, a dor da próxima lua...

(É, garota, tão você, tão cássia, tão eller,
O All Star azul agora é um blues sem pé
Nem cabeça, sem ritmo, sem cor, sem fé
Um branco, um xis, um zero... um adeus sem até
Mais...)

Mas...
Hey, garota, tão garoto, tão distância,
Canta essa nossa ânsia
Por tua volta impossível
Hey, garota, tão marota, tão calada,
Canta esse nosso nada
Em teu mapa inacessível
E encanta, garota, encanta nosso mundo vazio
Com um último grito,
Um último suspiro
Por esse adeus infinito
E invencível...

As palavras ao vento ainda sopram serenas na cidade em luto
Canta sem medo, garota, pela escala eterna desse silêncio absurdo... 

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