Hoje não há postagens elaboradas, nem mesmo sorrisos tristes. Recebi a informação que o cão labrador Ramone, ator do clipeconto "Falsa expectativa" (http://diariosdesolidao.blogspot.com/2011/08/clipeconto-falsa-expectativa.html), faleceu nesta semana. Este é o primeiro sábado que venho pra Valença e não vejo o meu amigo labrador... Quando nos encontrávamos, ele sorria pra mim (sim, ele fazia aquele verso "O cachorro me sorriu latindo", de Roberto Carlos, fazer sentido) e eu o levava pra passear pelas ruas do bairro São José das Palmeiras, em Valença/RJ. Devido a seu jeito desengonçado e brutalhão, nunca sabia se era eu que o conduzia ou ele que me guiava. Sei que esse passeio com Ramone pelo meu bairro me mostrava cantos que eu ignorava de minha vizinhança - se, nas minhas andanças solitárias, via o caminho como um mosaico de paisagens tediosas e repetitivas, o faro febril de Ramone me reapresentava o lugar como um museu de mundos novos, universos e recantos inéditos na folia do mesmo passeio-ritual. Da última vez que o vi, não passeamos - seus olhos vermelhos e cabisbaixos me avisavam que, aos poucos, ele partia pra outras estações. Mesmo com dificuldade, ele se locomovia pra onde eu estava, parecia querer me dizer algo, mesmo sem me latir nada. Pensei que ainda o veria nesta semana, recuperado e pronto pra novas viagens pelos arredores de meu bairro. Mera ilusão... Me conforto, imaginando que, num paraíso canino qualquer, Ramone agora faz as pazes com o seu arqui-rival (devido a uma promíscua cadela, que ambos desejavam ardentemente) vira-latas Tortinho (também falecido e ator de um clipoema meu - o "Escravilizado": http://diariosdesolidao.blogspot.com/2011/07/clipoema-escravilizado-com-o-cachorro.html) e, agora, ambos farejam universos fantásticos e latem lirismos infinitos pra quem fica aqui na terra, em busca de consolo que só os céus e os sonhos nos trazem... Lamento, amigos, hoje prometi sair e assistir ao Tributo a Eric Clapton no Bar Bat e Papo, mas o blues que atinge as cordas de meu cão coração embalam a reclusão voluntária. Lamento, leitores, mas só me resta agora mais que um minuto de silêncio (talvez um dia cinza que não passou, talvez uma vida que poderia ter sido e não foi...). Sinto muito, sinto mesmo...
Olá, caros leitores, bem vindos ao blog daqueles que guardam um sorriso solitário no canto dos lábios que versam sonhos coletivos. Bem vindos ao meu universo virtual poético, bem vindos ao mundo confuso e fictício ferido de imortal realidade. Bem vindos ao inóspito ambiente dos eus líricos em busca de identidade na multidão indiferente, bem vindos ao admirável verso novo.
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Caramba, sinto muito pelo Ramone! Não o conhecia pessoalmente, só de ouvir falar aqui no bar do Costelão. Quando o Marley, meu labrador, me leva pra passear sempre paro no Costelão e lá conheci estórias do Ramone. Realmente chato isso, qualquer dia te apresento o Marley. Sei que vcs se darão bem!!
ResponderExcluirMuito chato mesmo, sei o quanto esses animais são fabulosos e companheiros. Mas é assim, como se diz numa mensagem que recebi há um tempo, eles vivem pouco porque já nascem bons, não precisam ficar tanto tempo na Terra para se tornarem melhores...
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