Hoje, dia das crianças, libero mais uma vez um de meus raros poemas, como diria Zé Ricardo, "de volta ao espírito infantil". "A liberdade do anjo" traz um eu lírico angelical que brinca com as possibilidades e poderes celestes. O poema ainda não foi publicado em livro, mas já foi utilizado numa apresentação de dança da bailarina Flávia, durante os eventos da Festa de Nossa Senhora da Glória, em Valença/RJ. Não ficaram registros da apresentação (na época, não havia muitos recursos facilitadores para filmagem ainda), mas o anjo permanece aqui, travesso e intacto em mim:
A liberdade do anjo
Posso batizar-me na chuva
E fazer comunhão com o céu,
Usar as nuvens de travesseiros
E apagar as luzes
Desligando estrelas.
Posso sentir-me amado
Mesmo quando não existir alguém
Ao meu lado,
Voar como pássaro
Sem usar asas ou avião.
Posso beijar rostos desconhecidos
Como um toque de brisa,
Um amor sem compromisso,
Um carinho fugaz,
Brincar com a lua,
Dançar com cometas,
Derreter-me ao sol do meio-dia.
Posso ver sem abrir os olhos
E responder em silêncio o que ninguém sabe,
Anotar todas as rezas
Com apenas uma pena branca
E um humilde desejo de a todos escutar.
Posso ser adulto
E mesmo assim carregar no peito
Um coração de criança,
Viver de esperança
E alimentar-me de sonhos,
Pois sou anjo feliz,
Uma ingenuidade atrevida
Nas obras de Deus
Que criou vida
Numa travessura sem maldade,
Num sorriso sem malícia.
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