Hoje é Dia do Poeta! O céu cinza ganha labaredas de fogos
invisíveis e nascem melancólicos sorrisos de crianças nos corpos de adultos loucos. Hoje
é meu dia e comemoro com bolos de ilusão, sonhos e outras realidades encantadas,
sem esquecer o corpo cansado que chega após a tarefa árdua de sobreviver por
mais um dia. Canto em versos doces as belezas da areia salgada, lembro aos maus
eles PASSARÃO eu passarinho, conforme os ensinamentos de Quintana, e todas as
pedras no caminho de Drummond agora são poemas que animam as retinas tão
fatigadas.
Em comemoração a esse dia tão especial, posto hoje um metapoema, ou
seja, um poema que fala de poema. “A primeira vez”, publicado no meu quarto
livro “Eu e outras províncias” (2008), fala do primeiro momento em que a poesia tocou
meu corpo e a relação (mais que) sexual que o autor tem com seus eus líricos, suas
Histórias e histórias, suas obras, suas inspirações e transpirações. Espero que
gostem e abracem a campanha que lanço agora: “Adotem um poeta, salvem o poema,
sejam poetas, sejam livres!”
A primeira vez
Ela estava nua e
apenas me observava:
a timidez de
meus passos,
a hesitação
excitação em tocá-la,
as mãos trêmulas
e o gosto doce de
medo em meus lábios...
Ela não se
aproximava, apenas esperava,
estava na minha
escuridão
e dançava com
claridade em minha mente
absorta
absurdo
divino
profano.
No fim
da valsa
tumul-
tuada
toada
de meus
sentidos,
me percebi tão nu
quanto
ela.
A vela queimava
o receio
em seu seio
materno
matreiro
amante.
Mãe de todas as musas, guardei na Mnemósine
cada momento daquele
delírio clássico e vadio:
minha
Euterpe moderna
concreta
transcedental.
Pretérito in perfeito, ela era minha iniciação marginal
um
vício sacramentado,
uma arcádia urbana,
um romantismo bandido,
um
realismo sonhador,
Par-
nasiano
desejo, ela era minha noite perfeita
em rotação com o sol
perfumada de vertigem
(Meus
olhos
erotizados pelos dela não viam defeitos).
Sim-
bolista
imediato, eu queria apenas o seu interior
inteiro
assim
(Durma musa morena loira ruiva negra índia mulata
Durma duna dona durma em meus braços
em mim)...
... e
acordei confuso
me achando sozinho, com saudade do frenesi
anterior
quando percebi que ao meu lado a
poesia dormia
ronronando versos de calor
- Me
levantei, ela acordou...
Lindo, lindo, lindo!!!!!!!!
ResponderExcluirMaravilhoso poema para este dia! Perfeito!
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