Hoje fui vencido por uma terrível
dor de dente, que me impediu de trabalhar de manhã (pela primeira vez, faltei
no turno da escola aonde dou aula) e quase me retirou das postagens do dia
presente (se estou aqui, agradeçam ao meu dentista Dr. Rafael). O incrível
nisso tudo é que sempre me julguei quase um super-homem, evitei muitas licenças
médicas, já trabalhei extremamente gripado, quase rouco, depressivo, mas,
quando a dor atinge meus dentes, sou o mais mísero dos mortais (se eu fosse Lex
Luthor, atiraria kriptonita nos dentes do Super-man; o mal venceria impune com
esse golpe, tenho certeza). Em homenagem a essa dor que mastiga meus dentes,
posto o poema “A poesia e o dente”, publicada em meu quinto livro “Eu e outras
províncias” (2008) e escrita há tempos atrás para minha namorada Juliana, que
já fora fragilizada pela mesma dor que senti; uma forma poética de refletir
sobre o fazer poético e as dores que nos afligem:
A poesia e o dente
Na poesia não cabe a dor de
dente,
O morder a carne com agonia,
A agulha invisível na gengiva.
Na poesia como na vida a dor de
dente é uma dor escondida,
Vive apenas nas entrelinhas,
Nas portas fechadas do
consultório do dentista
Que conhece a dor do homem
Mas não a compreende.
O poeta como o dentista apenas
anestesia o intraduzível.
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