Hoje, dia 19 de setembro, comemoramos o dia em que o primeiro país (Nova Zelândia) instituiu o voto feminino (1893). Em homenagem a este dia, posto hoje o poema, de minha autoria, "Ciclo", premiado com 5.º lugar no IV Concurso de Poesia Contemporânea/Ars Viva, em Santos, e publicado em meu 5.º livro "Eu e outras províncias".
O poema, inspirado na poética sanguínea de Marina Colasanti (é uma das raras poetas que dá um caráter positivo e feminista à menstruação), utiliza um eu lírico feminino, em busca de reabilitação de seus traumas amorosos. Espero que gostem:
Ciclo
Vermelha vermelha
como a maçã de teu rosto
diante de meu corpo
despido
cedido
sedento
febril
naquele dia antigo.
o que a cor de tua face me dizia
naquele dia?
(naquele dia...)
Sozinha sozinha
eu e a rosa rubra
que se despetala de meu corpo
todos os meses neste banheiro frio e aflito
(Dor, prazer
Dor... prazer!
DOR, DOR!
Espinhos: teu rosto vermelho partindo
em
preto e branco
naquele dia tão bonito e antigo).
Como posso sangrar sangrar
e permanecer viva
ainda?
Ainda!
Nova novíssima
despeço-me das feridas destranco a porta e é outro dia!
O calor do sol sangrento me ressuscita...
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