Imagine um
universo em que seus passos fossem guiados por música, um lugar que abraçasse
todos os ritmos, cores e estilos sem conflito, um mundo onde os diálogos
ríspidos fossem trocados (ou melhor, tocados) por notas musicais de paz... E se
eu dissesse a você que esse ambiente existiu na minha realidade e não só em
meus sonhos, você acreditaria? Pois existiu, por um momento respirei a sinfonia
de um mundo musical e melhor. Quando o Pinheiro, eufórico com o evento, me
convidou para participar da excursão da Expomusic 2011, em São Paulo /SP, fui guiado
pelas palavras do amigo, mas descrente de que haveria um paraíso musical assim
como ele descrevia. Ontem, dia 24 de setembro, quando entrei no Expo Center
Norte para visitar a 28.ª Feira Internacional da Música, conhecida como
Expomusic 2011, meu ceticismo se perdeu – a partir daquele momento eu era todo
euforia em acordes musicais: havia música lá fora, havia música lá dentro,
havia música na cabeça de cada visitante, expositor e músico, havia música em
mim.
Logo ao entrar
me deparei com um ‘pocket show’ (acho engraçado esse termo – dá ideia errônea de
show pequeno; fato desmentido ao vermos a grandiosidade das apresentações) da
banda Hangar no estande da AMI Music. Eles lançavam o CD “Acoustic, but plugged
in!”; pelo próprio título do novo trabalho da banda, temos uma noção do show:
um acústico vibrante, agitado, um heavy metal sereno que nos dá vontade de
bater a cabeça em paz com o mundo. Achou paradoxal, leitor? Assim é a música, a
poesia, são artes formadas por ritmos violentos que acalmam. Os acústicos
plugados Eduardo Martinez (violão), Nando Mello (baixo) e Fábio Laguna
(teclados) sorriem; o baterista Aquiles mostra descontrole pacífico ao não
permitir que filmem a apresentação e ao lançar tanta vibração nas baquetas, em
solos fantásticos. O vocalista André Leite encerra o show com uma vibração
eufórica e serena e, ao autografar o CD, diz: “Deus o abençoe.” A banda ainda
faria mais outros espetaculares “big” pockets shows em outros estandes, tão
vibrantes quanto o primeiro.
Plugado, me
dirijo ao Music Hall, onde assisti a apresentação formidável de Arthur Maia,
Junior Vargas e convidados – uma mistura de Jazz, Bossa Nova, MPB numa
fantástica Jam Session. Baixo, bateria, piano e saxofone duelam harmonicamente.
“Jam Session é assim, amigo, é guerra, batalha o tempo todo”, brinca o baixista
Arthur Maia. Saio em paz, metralhado por boa música, com acordes de primeira
qualidade.
O tempo passa
lá fora e a eternidade dos acordes me toca: pockets shows de guitarra com
Rodrigo ‘alguma-coisa’ (foi mal, esqueci o sobrenome do cara; estava tão
extasiado com o som que perdi esse detalhe) no Palco Cifraclub, paro boquiaberto diante do solo de
bateria de Paulinho Sorriso no outro estande, outro solo de guitarra do outro
lado com Gustavo Guerra, uma banda formada só por garotas relembra, com sintonia pesada, “Ziggy
Stardust”, de David Bowie, outra banda com vocal feminino em outro estande
canta e encanta com novas canções, um DJ contagia a todos na outra ala, a banda
Caps Lock representa o Happy Rock numa apresentação semiacústica, lotação do
espaço me impede de assistir ao show do Vernom, do Living Colour; em
compensação, assisto à apresentação hipnótica da banda do guitarrista Maranhão
em vibrante lançamento do seu novo CD “In the Church”; mais um solo de guitarra
com Faiska, show reggae cativante da banda Planta e Raiz; solo de guitarra e
bossa nova se cruzam em outra esquina; alguém relembra o bom e velho blues na
outra ala; a banda Granada manda vibrações pop-positivas no outro palco,
“porque música é alegria e é assim que deve ser”, diz o vocalista.
Só sinto que
meus pés doem quando percebo que é hora de partir. O tempo passa lá fora, é
hora de ir... vou embora, mas levo muita coisa de lá, daqui... Parto para a
longa viagem de volta pra Valença completo e feliz. E passado e presente se
misturam (me desculpem as misturas dos tempos verbais, gramáticos leitores;
faço uso da licença poética da emoção do momento, licença amiga de meus
delírios insones) – ainda há notas passadas na guitarra dos meus sonhos
acústicos, ainda há uma jam session de amor e arte em mim!
Abaixo posto 2 vídeos com um pouco do que vi e, principalmente, ouvi na EXPOMUSIC 2011. Em respeito a artistas como Aquiles Priester, baterista do Hangar, e Faiska, os clipes que montei são exclusivos do blog e não foram colocados no youtube (ambos os artistas citados não desejavam que clipes clandestinos de suas performances fossem pro youtube; para mantê-los apenas aqui para caber no blog tive que subdividir o vídeo original em 2); o intuito dos vídeos é apenas mostrar a quem não pôde ou não quis ir à 28.ª Feira Internacional da Música uma pequena mostra do evento.
Muito bom Carlos Bruno expressou o sentimento de todos que foram na Expo...Abç
ResponderExcluirManhães
Carlos, que texto maneiro!! Cara, como disse o Márcio Manhães, você conseguiu transmitir em palavras o que é a Expomusic. Pode ter certeza que ano que vem você estará com a gente, pois quem vai uma vez na expomusic não consegue deixar de ir mais. Gostaria de reproduzir esse seu texto no Blog das nossas aulas de violão também, se for possível você me avisa. Obrigado pela sua presença na excursão e pelas suas belas palavras sobre ela! E que venha a EXPOMUSIC 2012!
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