Hoje tenho o privilégio de compartilhar minhas solidões coletivas
com a talentosa e ainda inédita (!) escritora Vívia Teixeira, professora que
conheci no dia a dia letivo na E. M. Alcino Francisco da Silva, onde lecionamos
(lembrando postagens anteriores: foi ela que revelou para o mundo mais um
talentoso poeta infantil – quem não lembra ou não leu esta história segue o
link: http://diariosdesolidao.blogspot.com/2011/10/presencas-que-brilham-mesmo-no-escuro.html). Outro dia, conversávamos sobre poemas; sabendo que ela era uma
descobridora de talentos, imaginei que também fosse poeta, então convidei-a a
produzir um poema pra esta seção do blog. Ela deu-me um sorriso-incógnita
quando lhe fiz a proposta e fiquei sem saber se ela toparia ou não dividir os
seus escritos íntimos com os leitores.
Surpresa minha foi abrir minha caixa de mensagens do facebook
no dia seguinte e deparar-me com um maravilhoso poema escrito por ela. E não
era só um maravilhoso poema: era sim um maravilhoso poema com uma história tão
rica e lírica quanto o próprio escrito.
Revirando papéis do passado, entre livros e mais livros de
professora de Língua Portuguesa, começando a se preparar para a mudança (a
escritora se casará em breve), ao dar uma faxina geral nos livros da época do
magistério, Vívia encontrou uma poesia dela feita na noite seguinte à morte de
seu pai. Encontrara o poema dentro de um dos livros remexidos, bem na página do
“Soneto do Amor Total”, de Vínicius de Morais (detalhe: trechos desse soneto
estarão escritos no convite de casamento da escritora). Vívia chegou à
conclusão que esse fato não acontecera por acaso, acreditou que foi obra de seu
pai, querendo mostrar que está por perto, que está feliz por ela e essa crença
extremamente poética aumentou dentro dela, a ponto de mandar-me o poema para
aprovação.
O pai de Vívia |
Diante de tudo isso, busquei ser o mais cuidadoso possível
com a postagem dessa solidão poética compartilhada por Vívia, pois é uma obra
de raro requinte, mista de dor, euforia, amor e desespero, cuja história de
composição traz tanto lirismo quanto o seu conteúdo. Espero que a poeta Vivia
Teixeira aprove a forma como fiz a postagem desse poema tão significativo pra
ela e agradeço a confiança dela nesse blogueiro-poeta que vos fala. Dedico
essas solidões compartilhadas a todos os leitores admiradores de artes raras e
conhecedores daquelas dores que permanecem sorrindo em nosso peito durante
muito tempo.
"O cheiro ainda está
Antes desejava diferente
Agora o desejo é ser do jeito que era
Jeitos.... todo um jeito pouco meu
Jeitos.... todos seus
Medo... muito medo naquele olho
Sim sim o amor que só o silêncio por muitas vezes mostrava
estava lá .
Estava lá quando a bicicleta caiu, o dedo sangrou e o
curativo curou...
Quando na prova não passou, o boletim assinou e a bronca
levou ....
Quando o cigarro entregou, naquele olhar implorou, o coração
apertou.... e como apertou...
Quando... quando... isso passa???
Melhor que não passe....
Fica!!! Não sai de perto de mim saudade!!!
Você sempre vai trazer ele de volta pra mim.
Olhar
cheiro
silêncio
medo
Eu quero te ajudar!!!”
(Vivia Teixeira)
Oi amigo ...muito emocionada aqui!!!
ResponderExcluirFicou ótimo.
Porem vc errou a fotinha de papai rsrsrsrs esse é meu avô , o pai do meu pai, que tbm já se encontra ao lado dele.Mas adorei!!!!
Foi mal o furo, poetamiga Vívia! Ajustei a postagem e inclui a foto de seu pai que você me enviou. Mesmo assim, preferi manter também a de seu avô. assim fica toda família reunida pra admirar o grande talento da sublime poeta, filha e neta!
ResponderExcluirVívia, Professora-Poeta! Quantas memórias queridas, que surgem na dor. O Carlos Brunno é um despertador de poetas. Logo Alcino inteiro estará contagiado, escrevendo suas emoções, releituras e memórias. Parabéns pelo texto, amiga!
ResponderExcluirEmocionante!
ResponderExcluirUm belíssimo poema mesmo Carlos. me lembrei de meu avo, que por sei tamanho em relação ao meu, era um gigante fisicamente, mas era maior ainda no sentimento que nutria por mim. uma pena que na época eu nao sabia entender os sentimentos
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