quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Erraram o Herrera: Quando vascaínos me tornaram atacante do Botafogo

Hoje lembro um episódio inusitado, ocorrido comigo um pouco antes do início de minha odisseia ao Festival SWU: no domingo passado, eu assistia ao clássico Vasco x Botafogo no Bar da Boa (nome sugestivo e ambíguo, sabendo-se que o bar é um potencial vendedor da cerveja Antarctica, servida pela sinuosa senhora esposa do dono do bar) e, claro, torcia por mais uma vitória do Gigante da Colina. Após o gol relâmpago do meia cruzmaltino Felipe Bastos, o jogo ameaçava tons dramáticos, devido às chances desperdiçadas de meu time (incluindo um pênalti desperdiçado por Diego Souza). O Vasco enfrentava um Botafogo apático, mas não completamente adormecido, e a frágil vitória por 1 a zero me preocupava bastante,  tanto que voltava minha atenção toda ao jogo exibido, alheio a tudo e a todos que, como eu, torciam e (dis ou des) torciam o andamento da partida. 
O jogo seguia sem grandes lances até que o zagueiro artilheiro Dedé aproveitou um cruzamento e cabeceou pra dentro das redes adversárias. GOOOOOLL DO VASCÃO! Soltei o grito outrora abafado e respirei aliviado a vitória ampliada. Mais tranquilo, pude perceber melhor o universo à minha volta. Foi nesse instante que ouvi dois torcedores vascaínos, expansivamente alcoolizados, apontarem o dedo pra mim e, rindo, insinuarem: "Não podemos perder esse jogo, rá, rá, pois o Herrera está aqui do nosso lado!" Retruquei rindo educadamente: "Herrera é o c....lho!"  Eles se divertiram e continuaram: "É o nosso Herrera! Herrera! Herrera!" 
Pronto! Já não me bastava aturar as injúrias dos torcedores rubro-negros (com o futebolzinho que nosso arquirrival anda jogando, o máximo que a sua torcida pode fazer é disparar injúrias contra a excelente campanha do Gigante da Colina), agora me torno peça de zoação da minha própria torcida. Feliz com a boa vitória de meu time, levei a brincadeira na boa e deixei o episódio pra trás. 
Eu deixei, mas minha namorada Juliana, que assistia ao jogo comigo, não esqueceu o fato inusitado e, após minha volta do Festival da Música SWU para Valença, ela, atônita, me informou sua surpresa ao conferir fotos do argentino atacante botafoguense no Google e confirmou: "Em algumas fotos, você é mesmo parecido com o Herrera! Eles tinham razão..." Então ela me exibiu as seguintes fotos abaixo:


 Pronto! Eu que já sou dado a crises de identidade com os meus eus líricos, me torno sósia de mais uma personalidade (quando usava cabelo grande, já me apelidaram de Lobão; no SWU, um rapaz brincou comigo dizendo que estava ao lado de Roger Moreira, vocalista do Ultraje a Rigor, e assim vou me multiplicando como sósia de muitos outros). Relembrei fotos minhas e fatos do passado. Na minha curta vida desportiva em raras peladas em campos de várzea, joguei na mesma posição de Herrera e, com características parecidas: fui atacante de poucos gols e, como o argentino, mais corria atrás da bola do que propriamente jogava com ela nos pés. E para por aí! Minha imaginação é fértil demais pra estabelecer comparações desses tipos. 
Tento esquecer o novo apelido, dado por sacanas colegas torcedores vascaínos, mas confesso que, às vezes, quando assisto aos telejornais esportivos que destacam a queda vertiginosa do desempenho do Botafogo no Campeonato Brasileiro, sinto uma parcela de culpa pelos maus resultados de meu decadente time adversário...

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