Um dos episódios mais falados no Festival da Música SWU e
que mais me chamou a atenção (além dos shows aos quais tive o prazer de
assistir) foi a confusão entre a equipe de som do Ultraje a Rigor com a do
cantor inglês Peter Gabriel. A segunda equipe citada mostrou-nos mais uma cena
da soberba inglesa em terras tupiniquins. Completamente errada e estrangeira no
ocorrido, a equipe de Peter Gabriel ignorou o atraso das apresentações devido
às fortes chuvas (fato natural, sem previsão segura pras equipes técnicas da
organização do evento), exigiu o cumprimento impossível do programa só porque
seu cantor – considerado atração principal, mas cuja apresentação sonolenta
expôs exatamente o contrário de seu status - exigia tal pontualidade e tentou
passar por cima das etiquetas profissionais dos shows, invadindo o palco e
tentando encerrar, de forma autoritária e violenta, a apresentação da renomada
banda brasileira Ultraje a Rigor. Esse acontecimento, mais um de diversos que
ocorrem em menor proporção entre turistas e cidadãos de nosso país, autentica a
visão estrangeira de que seu povo pode conseguir tudo à força, caso não tenha
suas vontades atendidas em países considerados inferiores ao seu império em ruínas. Apesar do
pedido de desculpas de Peter Gabriel ao vocalista Roger, o fato não pode ser
simplesmente deletado de nossas memórias, não sem pensarmos nessa
supervalorização que damos a pessoas e produtos estrangeiros, não sem observarmos
como a Rede de TV Globo, maior canal de comunicação de massa nacional, ignorou
e quase silenciou esse incidente musical internacional (fato que não ocorre
caso um brasileiro tente qualquer tipo de atentado ou gafe em Londres), não sem
pensarmos até quando vamos aceitar calados o “american way life” que nos é
imposto.
Em homenagem ao Ultraje a Rigor, banda nacional de
sonoridade muito mais valiosa que a do arrastado progressivo apático de Peter
Gabriel, em homenagem àqueles que “cospem” os lixos importados. que os
poderosos tentam nos fazer consumir “de 9 às 6” , sem xenofobia (apenas por uma questão de
sobrevivência à identidade nacional), posto hoje o “Note or not ser”, poema que
dá título ao meu terceiro livro, publicado em 2001:
Note or not ser
Note
O que ele está pensando
E not!
O que eles dizem
Note
O que eles querem
E not!
O canil não é pra você
Note
O seu sangue latino
E not!
A Disneylândia não é pra você
Note
Or not ser
Note
Or not de
vez.
Revoltante isso!
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