segunda-feira, 28 de novembro de 2011

George Harrison e eu: Pior que as trevas...


Às vésperas do aniversário de 10 anos sem George Harrison, trago uma (sub)versão poética de "Beware of darkness", outro hit do excelente álbum "All Things Must Pass". Esvaziada de seu original conteúdo crítico-social, na minha, ela ganhou um tom melancólico de despedida (que sua melodia tanto pede). Tive a liberdade poética de transformar o trecho “It can hit you/ It can hurt you / Make you sore and what is more / That is not what you are here for” em interrogações, mas o tom de sua voz na música me permitiu essa ousadia. Confesso que a carreira solo dele me gera mais dificuldade: há alguma falta de sol beatleniano no início da carreira solo de George, sei lá, uma busca por si mesmo que altera o tom de sua guitarra e de seus arranjos, que indiretamente, muitas vezes, coincidem com uma fase difícil de minha escrita devido a alguns eventos passados e atuais em minha vida. Espero que George me perdoe essas ousadias poéticas que escrevo.

Pior que as trevas

O tchau de agora requer
Uma outra forma de suingue,
Um rock em acorde nu,
Despido de qualquer sorriso,
Como eu nunca fiz,
Pior que as trevas.

O tchau de agora requer
Uma outra forma de ser livre,
Negando os desastres de ter
Roupas leves de teu amor nu
Estendidas por toda parte,
Melhores que essas trevas...
Por que espetam?
Por que me envolvo?
Por que tanta dor se sou um só?
Por que o amor não está mais vivo?

O tchau de agora requer
Uma fórmula nova de enxofre,
Fragrante pra todos pobres diabos;
Eu sinto, consumo e sofro
Um novo inferno invisível,
Pior que o nada.

O tchau de agora sequer
Deixa-me frio nas tardes livres
Pra não querer tocar teu corpo de novo,
Enquanto tu vives e decides
Vens e me dizes não, não, oh, oh, não...
Pior que as trevas (sempre maior que as trevas).

2 comentários:

  1. Que bela subversão! Um sombrio desespero e, aliado a essa chuva monótona e contínua da tarde... acorda alguns monstros em nós.

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  2. "Por que tanta dor se sou um só?" rssssssss temos a estranha mania de sermos megalomaníacos. Não é àtoa que cultivamos o antropocentrismo. mas, afinal de contas, o poema, assim como nós, guarda em si, uma totalidade imensurável. Será que posso dizer que somos aforismos e/ou haicais divinos?

    "Roupas leves de teu amor nu" --> esse verso é "incomentável". kkkkkkkk

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