Nesses momentos de intensos protestos contra os gananciosos
que levam nosso ouro, nossa prata e que, direta ou indiretamente, estão no
poder, vale a pena percebermos que as bandas de rock brasileiras se mantêm
atentas aos questionamentos que nosso povo leva para as ruas. Por isso, hoje
destaco e compartilho minhas solidões poéticas com a fodástica letra de música
“O Ouro e a Prata”, da banda de rock valenciana The Black Bullets, formada
pelos competentes músicos João Júnior (vocais), Felipe Martins (guitarra e
backing vocal), Rominho Alvernaz (guitarra e backing vocal), Daniel Iunes
(baixo) e Baldo Barreto (bateria).
“O Ouro e a Prata” é um rock vigoroso, com claras
influências do Pink Floyd, quando Roger Waters liderava a banda (a temática
crítica contra os donos do poder era uma constante no Pink Floyd desse
período), um hit envolvente para aqueles que só saciam suas vontades quando
ouvem uma boa canção de rock’n roll. Vale observar a trajetória harmônica da
letra da canção, desde o desenho na primeira estrofe dos gananciosos que “querem tudo, querem o ouro, a prata e o
poder”, alvos da crítica e revolta do eu lírico, prosseguindo por estrofes que
apontam o vazio e o desespero que a ganância pode gerar até o refrão que
encerra a gradação e finaliza com a autoridade doentia dos gananciosos: eles
querem tudo, mas não levam nada desta vida. Destaco a riqueza de figuras de
linguagens (ou seja, recursos estilísticos que embelezam o texto) na letra da
canção: breves aliterações [colocação de palavras com sons parecidos no mesmo
verso] (“a prata e o poder”), antíteses para opor os anseios e delírios às
reais conquistas do ganancioso (“querem tudo” versus “E nada / Nada se pode
levar”, entre outras oposições similares) e ironia ácida pra terminar de
desfazer os gananciosos doentios, por sinal, bem no estilo do floydiano Roger
Waters (“Como prefere pagar seus pecados? / Em dinheiro, cheque ou cartão?”)
A letra de música foi premiada, com louvor, como Melhor
Arranjo e Melhor canção (e ainda consagrou o vocalista e poetamigo João Júnior
como Melhor Intérprete) do IV Festival Intermunicipal de Música de Rio das
Flores/RJ, em junho de 2012. E a canção pode alcançar muito mais: atualmente a
banda disputa o Concurso da Revista Rolling Stone Brasil com essa canção e
conta com o voto popular dos amigos leitores e dos fãs (para votar na banda e
na canção, é simples – basta acessar o link
http://rucaa.com/home/Index/Bandas_Doq9ZxCB3P8
e votar na banda [ atenção: quando for votar, desative o bloqueador de pop up
pois se ele estiver ativado o voto não será computado!).
Cantemos juntos com a banda The Black Bullets, amigos
leitores, nossa revolta contra aqueles que querem levar o nosso ouro, a nossa
prata e que vivem, direta ou indiretamente, querendo assumir o poder. Arte e
Atitude Sempre e, como sempre diz uma escritoraluna que já esteve nesse blog,
Boa Canção!
O Ouro e a Prata (The Black Bullets)
E daqui pode se ver
Vejo escorrer a saliva
Da boca aberta em frente a mesa e o banquete
Tão farto para lhes atender
Com a barriga cheia mas querem tudo
Querem dominar este mundo
Querem o ouro, a prata e o poder
Se esquecem do que vão deixar
E só pensam no que levam
Me diz que o que você vai levar daqui?
E o que você vai deixar...
Deixar
Vai deixar
Sua história escrita nas pegadas que outros irão ler
E nada
Nada se pode levar
Ficar
Vão ficar
Os erros e virtudes que irão lembrar de você
E nada
Nada daqui vai levar
De que adianta querer saber
Se tudo tem preço
- Se não pode compreender
Nem tudo se compra não
Valores não têm preço
Mas daqui pode se ver
Vejo escorrer suas lágrimas
E agora molham sua solidão
Como prefere pagar seus pecados?
Em dinheiro, cheque ou cartão?
Me diz que o que você vai levar daqui?
E o que você vai deixar...
Deixar
Vai deixar
Sua história escrita nas pegadas que outros irão ler
E nada
Nada se pode levar
Ficar
Vão ficar
Os erros e virtudes que irão lembrar de você
E nada
Nada daqui vai levar
Nenhum comentário:
Postar um comentário