Este poema foi escrito quando eu selecionava os textos para o primeiro livro "Fim do fim do mundo" (1997). Eu era um jovem interiorano, sem sobrenomes pomposos, buscando meu espaço na arte em Valença/RJ, uma cidade que não admitia que plebeus como eu fossem capazes de dar opinião, fazendo arte (todo valenciano mais velho que se preza como tal me pergunta se sou da tradicional família valenciana Bruno. Quando respondo que não, recebo aquele olhar de incredulidade - como esse cara quer escrever poesia, se não pertence a uma linha nobre? Passaram-se 14 anos desde meu primeiro livro e ainda passo por isso, mas deixa estar - virou tradição dos donos do poder me execrarem e me subestimarem). Acabei inserindo o "Quando" ao meu primeiro livro e o poema foi elogiado pelo poeta-mestre Moacyr Sacramento, o Moa (padrinho das minhas primeiras incursões poéticas - ele chegou até a traduzir para o castelhano e levar o meu poema para ser declamado em Cuba).
O vídeo em que declamo o poema, também colocado nessa postagem, foi filmado durante minha participação no Congresso Brasileiro de Poetas Trovadores da Serra/ES, em 2010, após alguns trovadores citarem que o poema livre é uma arte menor em comparação à trova. Pois bem, deixei a réplica a tal soberba em versos, afinal uma coisa que aprendi nesses 14 anos é que a melhor forma de protestar contra algo é intensificando minha escrita, sem me curvar a tais afrontas; posso não ganhar algumas batalhas, mas ganha a arte, vence a poesia e que seja assim pra todo o sempre.
Quando criaste espinhos
Eu criei uma rosa
Quando criaste o desvio
Eu criei minha casa
Quando criaste a distância
Eu criei o atalho
Quando criaste a dúvida
Eu criei minha paz
E quando construíres o fim
Eu já terei construído o meu recomeço.
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