“Nem sempre se pode sonhar
Com aquilo que não se pode ter
Mas que regra mais idiota
Pois quando a gente sonha
É exatamente com o que não temos
E quase sempre
Com o que mais queremos”
É incrível como esses versos da balada “Mesmo assim”, do Biquíni Cavadão, pesam ainda mais em nossas reflexões depois que passamos dos 30 anos de idade. Após os 30, qualquer atitude sonhadora do indivíduo pode ser motivo de censura pelos adultos – fiscais de postura – ao nosso redor. Os colegas conselheiros – nossos inimigos que moram ou convivem ao nosso lado, “ah, esses humanos que vivem pela cidade aí afora” (versão do Biquíni para o hit da banda Tóquio é f...)...! – os maestros da boa conduta sempre nos relembram que o tempo passou, que o ‘the dream is over’, que sonho bom é estabilidade consumista (rotina estressante com carro na garagem, apartamento de frente pro mar, delírios poéticos trancados na gaveta do criado surdo-mudo e atitudes entusiásticas e revolucionárias no armário da desilusão), que não se deve fazer isso, que não se deve fazer aquilo, já não se tem idade pra tal coisa, tudo que fazemos é “ilegal, imoral ou engorda” (ouçam a versão dessa música com o Biquíni no CD Tributo ao Rei, em homenagem a Roberto Carlos, eu recomendo!), blá, blá, e ficamos procurando um “vento, ventania”, que nos leve sem destino, pra longe dos nossos censores de plantão. Sei que não devemos viver no reino de Peter Pan, o mundo é grande e não podemos ser pequenos pra sempre, mas quem disse que não podemos passear pela Terra do Nunca de vez em quando?
Sei também que você, leitor – com seu aparelho de censura interno; não negue, todos nós temos um lado meio colega conselheiro preparado pra acionar contra os loucos delirantes que nos aparecem em momentos inusitados de nossa passagem apática pela vida –, você deve estar pensando por que resolvi falar disso no meio de uma correria furiosa pela sobrevivência ao “sabor do sol” de uma quarta-feira ardente a queimar desejos adormecidos. Pois bem, explico: é porque um dos meus desejos acordou bem disposto hoje: depois de horas e horas extras, consegui juntar um dia e convencer a direção de minha escola (rá, rá, pensou que tinha juntado dinheiro, né? Cuidado com seu aparelho de censura, ele pode explodir!) pra poder sair de Teresópolis e assistir ao show do Biquíni Cavadão no Festival de Inverno em Ipíabas, distrito de Barra do Piraí/RJ, amanhã à noite.
Pronto! Já imagino a cara de muxoxo que várias pessoas vão fazer! “Você me pergunta se meu amor vai crescer / Eu não sei, eu não sei / Fique por perto e você verá / Eu não sei, eu não sei”, meu rosto estará cantando esse fragmento de “Something”, de George Harrison, caso eu me depare com tais caras de desdéns durante a minha aventura.
Entre 1994 e 1995, fui num show do Biquíni Cavadão (foi o primeiro show ao qual assisti de bandas do popularmente conhecido Rock Brasil 80) no Central Sport Club, em Barra do Piraí/RJ, eu era um moleque meio “Zé ninguém”, cheio de “Timidez” e “Tédio” em mim, buscando “No mundo da Lua” o “Impossível” em minhas “Idas e voltas”, às vezes até “brincando com fogo” pra manter a chama da vida acesa, antes que as “teorias” do “mundo adulto” me engolissem. Fui com meus primos, éramos três moleques perdidos e inexperientes em baladas noturnas, o show começou vibrante, permaneceu assim, estávamos pulando, vivendo, estávamos vivos ali! Depois disso, acompanhei os shows do Biquíni nas cidades interioranas o quanto a rotina de trabalho – outrora gráfico, depois operário, até hoje como professor - me permitiu fazer (2 vezes em Barra do Piraí, 3 vezes em Valença, 1 vez em Rio Preto – sendo que, em 2 apresentações dos caras, fui levado ao palco pra ‘cantar’, fato que me rendeu o status de fã-nático ‘muito doido’ ‘que canta mal pra caraio’ na pequena cidade de Valença), sempre dançando pra não dançar (hit de Rita Lee, já cantado pelo Biquíni). Já escrevi cartas pros caras, presenteei o vocalista com um soneto meu no show de Rio Preto, o primeiro (e, por enquanto, único) “Verse essa canção” deste blog utilizou a canção “Impossível”, do “Descivilização”, quarto CD do Biquíni, em homenagem ao Bruno Gouveia, vocalista da banda, canto as músicas desconhecidas todas (recomendo todas, com destaque pra “Antes do mundo acabar”, “Você me perdoa”, “Foi só distração” e “Um beijo pra acabar”, do ótimo CD “Quem sonha acordado vê o sol nascer”, pouco explorado pela banda no último show em Valença, fato que me intrigou, pois não sabia que eles já estavam preparando o “Rock 80 vol.2”, mas eu perdoo rs – quem ouvir a segunda canção que listei do Cd citado vai entender a piada), saio exausto dos shows deles, alguns “boquiabertos” devem me achar um bobo, mas “cada um com a sua cara”, eu não me canso de ser “escravo” das músicas deles, e parafraseando o novo single da banda, é meu dia de comemorar!
Em nenhum instante dos meus pós-30 anos, pretendi, nem pretendo retornar a minha adolescência, não quero voltar no tempo, que cada bom momento se mantenha em seu relógio específico, mas nem por isso quero esquecer o que já vivi, aquele garoto fui eu, ele cresceu, mas não vou perdê-lo, os sonhos persistem, vou a mais um show do Biquíni Cavadão e não vou perder toda essa vibração que ainda carrego comigo. “Mesmo assim, eu não esqueço as promessas que eu fiz pra mim / não quero me desapontar”, deixo-lhes, pra pensar, parte do refrão da canção “Mesmo assim”, citada no início dessa crônica-artigo-desabafo-sei-lá-que-gênero-vocês-vão-me-classificar. Como diria o titã Paulo Miklos, “vou ser feliz e já volto”. Quem quiser me encontrar amanhã à noite, estarei lá na frente do palco, com meus 32 anos, sem medo de sonhar com aquilo que não posso ter.
Maneiraço cara!! Poder curtir Biquini realmente é uma dádiva. Pra pessoas que como eu tiveram a oportunidade de conhecer o som do Biquini na época do vinil, sabe que a oportunidade de assistir a esse show não deve ser desperdiçada. Estarei lá! E te verei na frente do palco! Vou tirar uma foto sua pra registrar o momento... rsrssr (Passarei o link deste texto pros meus alunos, pois achei demais!)
ResponderExcluirObrigado, Pinheiro! Até o show!rs
ResponderExcluirVocê conheçe a Flowit?
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