Em Recife, no dia 2 de fevereiro
de 1997, Francisco de Assis França, mais conhecido pela alcunha de Chico
Science, cantor e compositor olindense, líder da banda Chico Science &
Nação Zumbi e um dos principais colaboradores do movimento manguebeat em meados
da década de 1990, teve sua carreira precocemente encerrada por um acidente de
carro numa das vias que ligam Olinda e Recife. Seus dois álbuns, “Da lama ao
caos” e “Afrociberdelia” foram incluídos na lista dos 100 melhores discos da
música brasileira da revista Rolling Stone, elaborada a partir de uma votação
com 60 jornalistas, produtores e estudiosos de música brasileira. Um triste
detalhe da morte de Chico Science é o fato de que a tragédia poderia ter sido
evitada: havia falhas no cinto de segurança do carro que o artista dirigia e
que poderia ter lhe poupado a vida (a família de Chico Science recebeu
indenização de cerca de 10 milhões de reais da montadora Fiat, responsabilizada
pela morte do cantor e compositor no acidente que lhe tirou a vida). Até hoje
esse revolucionário músico influencia o cenário musical nacional. Entre elas,
podemos citar as conterrâneas Mundo Livre S/A, Bonsucesso Samba Clube, as mais
recentes Cordel do Fogo Encantado, Mombojó e Otto, além de Sepultura (mais
especificamente o álbum Roots), Cássia Eller (intérprete de músicas como Corpo
de Lama e Quando a Maré Encher), Fernanda Abreu (álbum Raio X) e Arnaldo Antunes
(álbum O Silêncio) e da antiga parceira e ainda em atividade: Nação Zumbi. Em
homenagem a Chico Science e à eternidade do movimento manguebeat do qual ele
brilhantemente fez parte, dedico o lamento lírico manguebeat de hoje:
Lamento praieiro
A cerveja antes do almoço hoje me traz agonia.
Antes eu pensava melhor...
Hoje a cevada maltada só produz dor
Em mais uma loura melancolia gelada...
É triste beber esse maracatu chorado
Nas vias congestionadas do nosso mangue estagnado.
Os urubus rondam as estradas da Manguetown
E rememoram as vítimas da rodovia do mal
Ô Chico Science, eu nunca vi tamanha desgraça
Os carros aceleram, os cintos falham, a velocidade ameaça,
Um beat seco nos cala, um motor falha, morte no ar,
Um acidente à frente e você não está mais no mesmo lugar.
Da lama ao caos, do caos aos ouvidos,
O ritmo da morte não faz sentido...
Mas em algum nordeste, num cordel ferido,
Os zumbis do mangue ainda eternizam o seu coração partido!
Mandou bem Carlos, o Science merece toda a homenagem sim. Adorei a música dele quando vi pela primeira vez um clip dele no fantástico. Um som interessante, nada comum dos tao badalados sons de eixos ja tão conhecidos e mais que batidos. É claro que há influencia, mas um som único, de personalidade. Salve! Salve! Chico e sua nação.
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