Há 32 anos, em Londres, morria Bon Scott, cantor
australiano, vocalista e compositor da banda hard rock AC/DC. Considerado, em
2006, pela revista Hit Parader, como o 5º melhor vocalista de heavy metal de
todos os tempos, Bon Scott tinha um histórico de porres homéricos, tanto que,
apesar de ainda não muito bem explicada, a sua morte foi conseqüência de uma
dessas suas tradicionais bebedeiras.
Após a turnê de divulgação do álbum Highway to Hell pela
Europa, Bon resolveu passar uns dias em Londres, para rever amigos. Depois de
um grande porre, numa tour de bares, com um amigo seu, chamado Alistar Kinnear,
Bon ‘apagou’ de tanto beber. Na manhã seguinte, foi encontrado morto no banco
de trás do carro do amigo, que o havia deixado ali, pensando que Bon estava apenas
‘dormindo’.
O atestado de óbito informou que Bon Scott havia falecido em
decorrência de envenenamento alcoólico agudo e ‘death by misadventure’ (morte
por desventura, ou por desgraça). Nos jornais da época foi também noticiado que
o músico teria se sufocado com o próprio vômito e que a baixa temperatura da
madrugada e suas constantes crises de asma colaboraram para a tragédia daquela
fria manhã de 19 de fevereiro de 1980, um dos dias mais tristes do rock n’
roll.
Nestes dias de festividades extremas, inspiradas em nossas
folias carnavalescas, os 32 anos de morte de Bon Scott me levaram a reflexões
sobre os limites da diversão e os perigos de uma vida inteiramente festiva e
inconsequente. Com a morte de Bon Scott, os deuses (ou demônios) do rock’n roll
nos alertaram que nem tudo na arte é eterno sem moderação. As minhas reflexões,
influenciadas pela letra da música “Highway to Hell”, formam a
prosa-lamento-homenagem-elegia abaixo. Dedicado a Bon Scott e a todos que,
inconsequentemente, morreram cedo demais.
Visões após o highway to hell
(ou Carta de despedida pra Bon Scott)
Viver fácil às
vezes é muito difícil, Bon... Se estamos livres, a morte também passeia sobre
nossas cabeças sem nenhum carinho ou restrição. Se não quer perguntas, tome
esse drink de certeza: a morte sedenta, a lenta desgraça. Foi mal, Bon, você
morreu e nada podemos fazer por você...
Na autoestrada
do Inferno, eu vi seu carro sem freio passar, acelerando na curva em chamas
festivas, explodindo triste na batida vazia, a morte sorrindo ao seu lado, o
cheiro de lágrimas cinzas no ar. Carros descontrolados movidos a álcool às
vezes costumam engasgar e você bebeu demais, amigo Bon, e desta vez você passou
muito mal.
Um scotch pra
Scott e outro pra morte; seus amigos bebem a sensação sóbria da perda enquanto
seu corpo embriagado transita por estradas desertas. E agora, Bon, é esse
inferno de ausências; e agora, Bon, é esse o mal da inconsequência.
A terra
prometida é uma via de mentiras e buscar riquezas jogando poquer com seus
próprios demônios é pedir pra ser roubado por seu próprio espelho. A morte
vomita cartas marcadas sobre sua mesa de jogos suicidas e você paga com a vida;
a dama fatal beija suas mãos vazias, tira sua respiração, diminui sua
temperatura e agora é um pobre diabo asmático falido pela própria jogatina.
Na autoestrada do Inferno, eu vi você perder o
controle de seu carro de motor envenenado, deixando seu corpo em cacos,
garrafas de sangue, a morte bebendo você. No rádio intacto, um som fúnebre de
hard rock silenciado toca seus lábios fúnebres pela última vez. A festa foi
boa, Bon, mas terminou muito mal pra você...
Meu amigo, eu já nasci velha demais, não consigo me divertir nesses eventos bombásticos que os nossos governantes patrocinam sem o menor pudor, mas quando diz ser preciso cortar os gastos os primeiros setores a serem atingidos são o da saúde e da educação. é tao lamentavel Carlos. affff, fiquei depre só de pensar nisso.
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