Minha bipolaridade às vezes me choca e tudo isso invade minha incursão george harrisoniana. Durante a manhã e grande parte da tarde e da noite, enquanto ouvia as más notícias das tragédias da chuva em Teresópolis, no último sombrio mês de janeiro, chorava por dentro e estava deserto e introspectivo por fora. A chuva não parava, Santa Rita (localidade de meus alunos a quem já havia dedicado dois poemas) assim como toda área rural ainda estava isolada (e terrivelmente desolada). Naqueles tempos de tormenta, estive em Barra do Piraí, para visitar meus avós e outros familiares que tenho por lá. Revi Amanda, a filha de minha prima Betinha. A menina tem mais ou menos seis anos e eu tinha que sorrir, pois a sua vida ainda ignora a insensibilidade da tempestade e não admite um amiguinho triste. Por um momento, fui criança e tentei, por um momento, diminuir a carência afetiva que a menina tem, devido a um pai ausente (como já foi o meu) e, por esse momento, eu não me pertenci e a chuva que me destruía, nesse único momento, mostrou um arco-íris. Encontrei a infância que não tive, George Harrison finalmente apresentava uma composição digna de Lennon/McCartney e o revólver estava apontado para os meus eus líricos anteriores. Em processo oposto ao de "Here Comes the Sun", "Taxman" perde sua crítica social (contra os cobradores de impostos e o sistema que eles representam) e se torna uma fuga existencial momentânea, ocultando a guitarra que suavemente chora:
Fantasma
Ela tem amor,
E eu vou aí.
Onde ela for
Vai me divertir.
Minha prima Amanda, musa inspiradora dessa (sub)versão georgeharrisoniana |
Porque sou seu fantasma.
Sim, sou seu fantasma.
Ela faz o inocente
Parecer muito bom.
Nego todo meu eu,
É muito bom!
Porque sou seu fantasma.
Sim, sou seu fantasma.
Se há um carro,
Eu vou no táxi invisível.
Se ela tem seis anos,
Não tenho mais que cinco.
Se o mundo é frio,
Nela só há calor.
Se há muita dor,
Ela me faz sorrir.
Feliz fantasma!!!
Porque sou seu fantasma.
George Harrison |
Sim, sou seu fantasma.
Só me leve pra onde ela for,
(ah,ah, sou invisível)
Porque não ser eu é muito bom...!
(ah,ah, me esqueci)
Porque sou seu fantasma.
Sim, sou seu fantasma.
E essa menina
Me lembra um guri,
(o seu fantasma!!!)
Que não tinha pena
De outros mortais.
(o meu fantasma!!!)
Porque sou seu fantasma.
Sim, sou seu fantasma.
E hoje eu não quero lembrar de mim...!
(um eu fantasma!!!)
Meu caro, poderíamos escrever um livro juntos sobre George. Pense na ideia...
ResponderExcluirÉ claro, Alexandre! De tanto estudar e ouvir o George às vezes até deliro pensando que já fui ele.
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