Hoje, à beira de mais um fim de mundo (agenda aí a nova
data, desta vez seguindo os maias: dia 21 de dezembro) e mais um fim de ano
letivo (esse sim é certeiro; já vem programado no início do ano), finalmente
compartilho um texto que meu irmão, o escritor, professor, roteirista e ator Rafael Silva
Barbosa, me passou há tempos.
Escrito num momento extremo de sua vida profissional (como
ele era um professor contratado, teve que ceder suas turmas mais queridas a um
professor concursado, fato plenamente justo perante a lei e injusto em nossos
corações – faz parte da rotina de quem vive na educação sem ser concursado/estatutário,
ou seja, visto como dono legítimo da vaga na escola pública), o misto de
crônica e prosa poética de Rafael (ele sempre foi fã de gêneros textuais
mutantes rs) reflete sobre o ato de ser professor, com uma visão lírica, muito
íntima e emocionada (quando esse texto foi lido pelo próprio autor, dedicando a
obra lírica ao nono ano para o qual ele lecionava, no Sarau Solidões Coletivas
In Bar 6, de setembro deste ano, provocou emoções fortes nos ouvintes, conforme
vocês podem conferir no primeiro vídeo do evento, já postado aqui no blog).
Demorei bastante tempo para colocá-lo no blog – quase exatos
3 meses depois – um pouco devido ao caos de minha casa (o texto quase que pulou
sobre mim no meio da bagunça generalizada de meu quarto), um pouco devido a
mais esse fim de ano letivo no qual nós, professores, passamos e refletimos
(talvez, nesse momento intenso, o texto me faça ainda mais sentido) e muito devido
à qualidade rara dos textos de meu irmão, que fez aniversário há dois dias
atrás, exigindo de mim uma introdução cuidadosa, tentando trazer aos leitores o
muito da empolgação que este meu parente dileto direto me passa.
Pensemos na educação hoje, amigos leitores, pra que mais
esse fim de mundo passe menos destrutivo e menos ignorante que os fins de mundo
anteriores:
Ser professor...
Sou um professor
que anseia todo dia de manhã acordar com vontade de correr para a sala de aula,
mesmo que ao chegar lá, muitas vezes tenha vontade de voltar...
Sou um
professor que organiza suas atividades com empolgação de orgasmo, mesmo que o
resultado seja decepcionante e me broche.
Sou um
professor que prefere a bagunça à apatia, pois mesmo falando alto e praticando
a baderna, esses alunos oferecem sempre os seus mais sinceros pensamentos,
enquanto os apáticos vão ouvir muito bem, mas vão sempre se esconder entre a
timidez e o desinteresse.
Sou um
professor que busca educar as cabeças pensantes que um dia irão reger o mundo
cão... e quem sabe um dia... lhe darão um tom mais sincero, repleto de vida,
ideologia e honestidade.
Sou
professor... não por profissão, mas por mim mesmo... e por esperança em dias
melhores.
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