Como se tornou tradição, inscrevi neste ano meus poetalunos
da E. M. Alcino Francisco da Silva, de Teresópolis, na Categoria Juvenil do
Concurso Nacional de Poesias da ALAP (Academia de Letras e Artes de Paranapuã),
no Rio de Janeiro/RJ. E mais uma vez brilhamos, desta vez batendo nossos
próprios recordes!
No concurso deste ano, ganhamos TODOS OS PRÊMIOS da
Categoria Juvenil e, pela primeira vez, levamos o Ouro, almejado há anos pelos
poetalunos e pelo professor-poeta-pateta que vos fala e sempre os inscreve no
concurso de poesias citado! Foram 18 (!) alunos da E. M. Alcino Francisco da
Silva premiados no concurso – 17 do 9.º Ano e 01 do 7.º Ano, a poetaluna Lauany
Rodrigues, da professora Keila Pfister.
Os poemas dos alunos foram criados alguns inspirados no
Projeto ecológico do filme “Avatar”, idealizado por mim e pelo professor de
Inglês Daniel, outros se basearam no projeto de releitura das canções de Adele
e Marina Lima, o poema de Douglas fez parte do Projeto contra as drogas na
Escola – em parceria com a Vara de Infância e o Projeto Fique Esperto - e
inspirado no filme “Diário de adolescente”, o de Mayara Silva fez parte do
Projeto Mil Poemas para Gonçalves Dias, da escritora maranhense Dilercy Adler
(o projeto infelizmente não concluiu, pois dependia de mil poemas de escritores
do Brasil todo para Gonçalves Dias, porém a E. M. Alcino Francisco buscou
contribuir como pôde), os poemas de Lauany, Jéssica e Amanda foram produzidos
por iniciativa das próprias poetalunas para que inicialmente fossem publicados
nas Solidões Compartilhadas desse blog, mas preferi aproveitá-los em concursos
de poesias antes de publicá-los (e deu mais que certo rs).
Além deles, os alunos Jean e Thaís, da E. M. Albino Teixeira
da Rocha, também de Teresópolis/RJ, conquistaram o Bronze na Categoria Infantil. Os poemas desses
dois novos talentos foram criados numa Oficina Poética que realizei na escola,
a pedido da diretora Isabel Costa e da professora Cátia.
A cerimônia de premiação aconteceu ontem, no dia 10 de
dezembro, segunda-feira, às 15 horas e 30 minutos, no auditório da FALB/FALARJ,
na Rua Teixeira de Freitas, nº. 5/ 3º andar (esquina com a Rua Augusto Severo),
Lapa/ RJ, e contou com a presença do poeta que vos fala, do professor de
Educação Física (e sonetista e trovador nas horas vagas) Genaldo Lial, da
professora Maria Isabel Costa (diretora da E. M. Albino Teixeira) e dos
premiados poetalunos Jean Hiath, Thaís Correa, Mayara Silva, Isabela Silva,
Pâmela Guerardt, Jaqueline Maria, Maiara Gonçalves, Amanda Cristina e Camila
Branco.
Abaixo posto os poemas premiados neste XXIII Concurso de
Poesia da ALAP:
A morte de um amigo é ruim.
Ele faz falta no mundo inteiro.
A mãe dele está desesperada.
Ela não acredita na morte dele...
Eu também não acredito...
É muito ruim ver um carro triste
E também a árvore torta e alegre
Sem poderem andar...
A morte de um amigo é difícil de acreditar.
Jean
Benevides Hiath (Bronze – Categoria Infantil)
Meu pai é a realidade que me falta,
porque a natureza precisa dele e eu também.
Ele é o amor da minha vida,
é a fortaleza e a beleza.
A morte do meu pai foi triste pra mim
e pra toda minha família.
Thais Quintieri Correa (Bronze –
Categoria Infantil)
Eu sou
Eu sou
cada grão de terra;
eu sou a raiz, o caule
e as folhas da árvore;
eu sou o verde que cobre
os meus olhos;
o cheiro que a brisa arrasta,
junto com as folhas mortas.
Eu sou meu corpo pintado,
sou a cultura,
a dança:
Viva a deusa Lua!
Eu sou as flores coloridas
nesse imenso jardim;
sou a onça correndo,
a águia se alimentando.
Sou índio:
não vivo na natureza,
eu sinto a natureza,
o meu espírito é filho da natureza,
eu sou parte da natureza.
Mas, a cada dia
que passa,
um Eu meu
morre!
Suelen Cristina (Menção Honrosa –
Categoria Juvenil)
Agonia
Será que chegará o dia
Para acabar com essa agonia?
Estou muito chateada
Porque agora você tem uma namorada.
Será que vou conseguir
Não olhar pra trás e prosseguir?
Estou cheia de preocupações...
Quais serão as suas reações?
Sei que esperei demais
E agora não posso voltar atrás.
Eu só quero que você saiba
Que odeio aparecer do nada
Sem ser convidada!
Andriele Vieira Ferreira (Menção
Honrosa – Categoria Juvenil)
Solidão é amor
Três paredes, porque a quarta você levou
e levou também o meu coração, levou meu amor.
deixou um vazio no meu peito
e agora estou sentindo muita dor.
Fico olhando o tempo,
pensando como fui cair na armadilha do amor.
Solidão entre três paredes:
este é o prejuízo do amor.
Solidão, solidão, vazio no meu peito,
buraco profundo, a morada da dor.
Fico aqui eu e a solidão
num buraco só,
no buraco da paixão.
Lauany Rodrigues Ribeiro da Silva
(Menção Honrosa – Categoria Juvenil)
Meu ...
Minha terra, meu céu, minha
floresta, meu tudo...
Eles vêm destruindo, acabando
Com meu sustento, minha alegria,
meu jeito de ser...
Agora vivo sozinho com medo de
viver.
Meus amigos morreram, eu
sobrevivi;
Olho pros lados, não vejo nada...
Minha água secou, agora vivo em
solidão...
Thaynara Lima Fita (Menção
Especial – Categoria Juvenil)
Sinto (muito)
Sinto o perfume da natureza,
Sinto o gosto do ar puro,
Sinto a alegria do verde
E o som dos pássaros cantando.
De repente tudo muda:
Sinto o cheiro das fábricas,
Sinto o gosto da fumaça,
Sinto a tristeza do verde.
Cadê os pássaros?
Com o tempo nem o verde eu vejo
mais...
Diana Paim de Oliveira (Menção
Especial – Categoria Juvenil)
Caminho novo
O que posso dizer
Se apenas o destino
Só sabe cobrar enquanto tentamos
viver?
Sabe, você não me conhece,
Nem sabe o que passo:
Não é sofrimento, só espero um
novo amanhecer.
A vida cobra muito da gente,
Mas não importa a dor que passo
hoje;
Vencerei e isso será importante.
Às vezes o destino joga sobre mim
Uma grande tristeza na qual me
perco,
Mas eu paro, penso e enxergo um
caminho novo.
Sabe, quero ser feliz
E um dia mostrar para todos
Que não estava triste;
Apenas fazia de novo o meu papel
de poeta e atriz...
Jéssica Ribeiro dos Reis (Menção
Especial – Categoria Juvenil)
Levaram a minha vida
Não se tira todo sangue de alguém;
sem o sangue uma pessoa não pode
viver.
Não se pode tirar a água também;
só vivemos se tiver água para
beber.
Mas então por que tiraram minha
vida,
por que tiraram o sangue do meu
viver?
Olhei e vi minha floresta
destruída,
pus a mão no meu peito, meu
coração irá parar de bater.
São poucos os segundos que me
restam,
a minha vida em segundos já está
passando na tela da reflexão:
eu não podia ter deixado o homem
branco ter entrado
E arrancado as raízes do meu
coração.
Eles podiam ter levado os espelhos
de volta,
os pentes também,
mas não podiam ter levado
a vida de alguém...
Geovane Alves dos Reis (Bronze –
Categoria Juvenil) [Esse poema também pode ser encontrado no blog do poetaluno,
no seguinte link: http://palavraasdocoracao.blogspot.com.br/2012/12/levaram-minha-vida.html]
Minha vida era colorida, alegre...
Até que vi a minha casa,
Minha morada querida,
A floresta de minha vida ser
destruída!
Foi um dia feliz, estava tudo bem,
Até que vi uma fumaça cinza no
ar...
Vi os pássaros correndo, as
árvores sendo queimadas,
Saí correndo, mas não deu tempo:
Lá estava tudo destruído, acabado.
Fiquei chorando, sem poder fazer
nada!
Depois desse dia, minha vida não
foi a mesma,
Ficou como filme antigo, apagado,
Sem cor, só dor!
Mas não desisti, lutei, corri
atrás e consegui
Uma vida nova, uma nova luta!
Como eu, você também não desista
da sua!
Maiara Gonçalves de Oliveira
(Bronze – Categoria Juvenil)
Embora
Eu parei, olhei,
vi o que estava acontecendo:
tudo aquilo
que era vivo
de repente foi embora.
Tudo aquilo que era lindo
de repente se acabou;
destruíram o que era meu.
Tudo que valia
de mais precioso
foi embora, acabou,
em um piscar de olhos.
Tudo aquilo
que me fazia viver
foi embora
sem nem se despedir...
Tatiane Paulo de Oliveira (Bronze
– Categoria Juvenil)
Era tudo tão bonito,
Era tudo tão meu,
Era o lar onde fui criado,
Era o lugar onde iria criar os
filhos meus.
Mas agora...
É tudo tão morto,
É tudo tão vazio;
A criação não vem mais das águas,
A criação vem de máquinas,
Coisas grandes e desesperadas por
destruição.
Era tudo tão puro,
Era tudo tão claro;
Até mesmo as águas negras eram
cristalinas,
O vento verde batia em meu rosto
E entrava no compasso do meu
coração.
Mas agora...
É tudo tão sujo,
É tudo tão escuro,
Que nem mesmo a mãe água
Sabe por onde olhar...
Eram rios
E agora são desertos.
Eram índios
E agora homens brancos.
Era tudo
E agora é nada!
Isabela da Silva Nascimento
(Bronze – Categoria Juvenil)
Vejo uma floresta,
Vejo a mata,
Vejo um lindo rio
E fico feliz,
Não me preocupo com nada.
Tenho sossego
Quando estou só
Não ligo para o homem branco
Tentando destruir sem dó.
O ar puro, a água limpa,
Os animais em harmonia,
O vento soprando o meu rosto,
Mas sei que isso vai acabar um
dia.
O homem branco
Não tem consciência;
Quer se destruir
E acabar com a nossa existência.
Eu via uma floresta,
Eu via, eu via,
Agora não vejo mais
Porque amanheceu
O dia cinza...
Pamela Portilho Guerard de Sousa (Bronze –
Categoria Juvenil)
Eu lhe pedi um tempo,
Pensando que você gostasse de mim.
Você arrumou outra
E nosso relacionamento teve um
fim.
Hoje você está casado,
Mas eu queria mesmo é que
estivesse do meu lado.
Sei que isso é impossível,
Mas não custa nada sonhar,
Pois creio que a felicidade está
dentro de mim.
Eu sei que um dia ela irá renascer
de novo.
Aquilo que mais desejei era o
fruto do nosso amor,
Mas não foi assim,
Nem tudo na vida é bom...
Eu sei que outro amor
Um dia vai entrar sem pedir
permissão
Só para arrebentar o meu coração
E para trazer mais uma vez grande
solidão.
Camila Branco de Souza (Bronze –
Categoria Juvenil)
Sem rumo
Eu nasci aqui! Eu cresci aqui!
Eu ia viver aqui!!!
Era tudo tão bonito.
Hoje não é mais...
Era tudo tão verde.
Hoje não é mais...
O fogo invadiu
A floresta.
O barulho da motosserra...
Já me acostumei.
O ar que respiro
Já não é mais o mesmo.
As águas dos rios
Estão perdendo a cor.
O canto dos passarinhos
Não ouço mais.
Apesar de tudo,
Vou seguir em frente,
Sem rumo, sem destino,
Pra talvez um dia voltar.
Voltar
Para ser feliz
E não para ver
Outra desgraça começar.
Amanda Alves Macedo (Prata –
Categoria Juvenil)
Fui brasileiro orgulhoso
E apaixonado,
Porque vivi num país maravilhoso,
Com um solo encantado.
Nessa terra adorável,
Cheia de luz e beleza,
Vivi sorrindo maravilhado
Com essas coisas lindas por
natureza.
Quando vi aqueles olhos lindos,
Logo me apaixonei,
Mas veio o preconceito destruindo
Todo o amor que eu criei.
Do Maranhão eu vim,
Do Maranhão eu fui,
Alguns pensam que é o fim
Porque o amor não evolui.
Porém espero que minha arte
Continue encantando corações
E que faça parte
De várias gerações.
Mayara da Silva Jorge (Ouro –
Categoria Juvenil)
Eu vivo na terra dos homens,
Onde a bala rasga a carne,
Onde a dor fere a alma,
Onde o morto fala,
Onde o sangue é azul, frio e
impiedoso.
Eu vivo numa terra sem lei,
Onde ladrão que rouba ladrão é
perdoado,
Onde a criança sua para comer o
pão,
Onde o pai enterra seu filho,
Onde a cor da sua pele é julgada.
Eu vivo na terra dos homens,
Onde o sofrimento não tem fim.
Amanda Cristina (Ouro – Categoria
Juvenil)
O verde em meu viver
Vem de mim, é de nascença.
Meu berçário ecológico
Já não tem a mesma aparência.
Dizem que aparência não é tudo,
Mas pra mim ela é!
As imagens do meu verde correm o
mundo,
Correm tanto, correm fundo
Sem deixar rastro do pé.
Eu sou a folha que o vento leva
Em tempo de outono.
Eu sou a fera do mundo das fadas
Ou até mesmo a cinderela
Em seu profundo sono.
O cacique me falou
Que o homem branco vai chegar,
Vai tirar tudo que é nosso,
Nem o meu verde vai ficar.
Nesse tempo não quero estar vivo
Para viver tanta tristeza.
Vou viver o tanto que der
Pra não deixar de moleza.
Sou do mato, sou do campo,
Sou do verde que cresci,
Homem branco nenhum vai me tirar
Tudo aquilo que vivi!
Jaqueline Maria Ribeiro (Ouro –
Categoria Juvenil)
A noite é silenciosa
No sereno das avenidas,
Uma viagem irreal,
Muito provavelmente
Só de ida.
Olhos vermelhos,
Sede que não para,
As madrugadas são escuras
Mas sua realidade é clara.
A noite está silenciosa,
Sem cerimônia
Como de costume.
Seu perfume barato,
Glamourosa de fato,
Impiedosa assassina do acaso,
É mato com seus prazeres
Que matam a longo prazo.
Divas de pedras lindas,
Como flores de plástico,
Nunca morrem,
Porém nunca tiveram vida.
Te deram vida? Não,
Supostamente asas
Que te tiram do chão
Mas não te levarão pra casa.
Ela te abraça e confunde sem dó,
Na praça o desfile comum de menor,
Que te carrega para o lado escuro,
Que te carrega para o lado pior.
Douglas Campos Cunha (Ouro –
Categoria Juvenil)
Sonho ou realidade
Não sei se isso é um sonho
Ou se é realidade...
Quero acordar;
Não sei por que
Não dá.
As pessoas correndo,
Gritando,
Chorando,
Sofrendo.
As árvores,
As barracas
Estão sendo arrancadas,
Cortadas,
Queimadas.
Vejo nos olhos dos animais
O terror,
O medo,
O horror.
Vejo tudo,
Escuto tudo,
Penso tudo,
Mas não posso fazer nada.
Ivan de Souza Esteves (Ouro –
Categoria Juvenil)
O vídeo abaixo, exclusivo do blog, traz alguns dos poemas declamados ontem, na cerimônia de entrega dos diplomas e medalhas. Infelizmente nem todas as declamações foram registradas, pois a câmera do professor-poeta-pateta que vos fala teve a bateria descarregada antes do término das apresentações.
Caro Carlos, as poesias são lindas, muito ouro e metais nobres, assim como são os sentimentos de muitos professores que em detrimento de todas as adversidades da profissão e do Sistema mantem-se na tentativa constante de que seus alunos vislumbrem algo melhor para si e construam novas pontes de onde poderão apreciar pores de sol mais benéficos para seus futuros.
ResponderExcluirEu, de minha parte, fecharei o ano fazendo, como de costume (rsrsrs), meus longíssimos comentários.
Cada poema nos transmite ou incita uma emoção que pode variar conforme nosso humor. Hoje, eu fiquei tocada profundamente pela poesia "Eu sou" de Suelen Cristina. Assim como do poema de Lauane "Solidão é amor" e da construção espacial em quatro paredes e que uma parede foi destruída (levada) pelo amado assim como seu coração deixando-lhe um buraco a olhos vistos da alma. E como não ressaltar a áurea poeta Amanda Cristina que não se cala e grita poeticamente contra preconceitos raciais e sociais assim como a falta de humanidade da terra dos homens.
Mas como não falar de versos como o do:
Jean e sua emoção diante da imobilidade e impotência ante a morte de um amigo. Ou da ausência da realidade paterna de Thais. Ou da "Agonia" de um amor desfeito de Andriele, bem como a fugacidade dos sentimentos que pensamos que alguns nutrem por nós de Camila. A Thaynara com seu poema pronominal "meu" que finda apenas sendo um "eu" solitário e triste.
Ou da perda da natureza e a violência instaurada pelo progresso de Diana, Isabela, Pamela e Amanda. Ou do "Caminho novo" que Jéssica apesa de se perder na tristeza, sempre encontrará, pois ela não se deixa abater e recria por meio de sua atuação poética uma trilha por onde caminhar. Ou do engodo dos espelhos e seus reflexos ilusórios reconhecido tardiamente pelo eu lírico indígena do Geovane. Ou da "ex-vida" que aos poucos vai desvanecendo, "ficando sem cor, só dor". Ou da fuga de algo tão profundo que permea o poema de Tatiane, mas que foi embora sem dizer adeus. Ou do preconceito que só destrói de Mayara Silva.
Ou da relação simbiótica entre a naturerza e Jaqueline. Ou da urbanidade e seus efeitos noturnos psicodélicos e histéricos de ciraturas à margem e na margem abissal de Douglas. Ou do catatonismo de Ivan que por não saber se é sonho ou realidade, pára e observa a tudo estarrecido.
Quantos sobreviveram ao final rsrsr. É sempre um grande prazer encontrar esses alunos por aqui Carlos. Parabéns a todos!