Encerro minhas postagens de 2012, pensando na continuidade
do blog em 2013, 2014, até qual infinito me for concedido pelos olhos dos
leitores, pelos deuses das artes e dos tempos. Para me encontrar com um bom
amanhã, retomo momentos bons do passado: retomo nesta última postagem de 2012
um poema antigo, de minha autoria, escrito após o réveillon de 2001, ano que
revelava a mudança de séculos (sim, pessoas da minha idade podem dizer com orgulho:
atravessei dois séculos, o XX e o XXI!!!). A virada de 2000 para 2001 me trazia
perspectivas fascinantes: há alguns meses havia voltado ao mercado de trabalho
com carteira assinada (após um período de desemprego e empregos informais,
comecei a trabalhar numa fábrica de papel de Santanésia, distrito de Piraí/RJ,
onde fiquei por 6 anos, até ser chamado para lecionar) e assim tive a
oportunidade de voltar a estudar, entrar na faculdade, fazer o tão sonhado
curso de Letras que eu desejava fazer há tanto tempo, e também pude voltar a
publicar, de forma independente, meus livros de poemas; a virada do século
marcava a virada da minha vida e essa sensação acabou me inspirando o poema
abaixo, escrito logo após a tradicional queima de fogos do ano novo. Primeiro,
ganhou formato de um poema; depois achei melhor transformá-lo em prosa poética,
como foi colocado em meu quarto livro “O último adeus (ou o primeiro pra
sempre)” (2004) e como os amigos leitores podem ler agora no blog.
Outra curiosidade sobre o texto: escrito na casa do Ronaldinho, um tempo após a queima de fogos, o meu amigo - na época professor de Matemática - me desafiou a inserir temas geométricos no poema, por isso há, no final do primeiro parágrafo, termos da Geometria citados em linguagem lírica.
Que 2013 venha tão intenso e brilhante quanto os fogos de
artifício que vemos na virada de cada ano. Brilhemos e sejamos eternos em nossa
efemeridade, pois, como diz o poeta Chacal, “a vida é curta demais pra ser
pequena”.
Feliz ano novo, amigos leitores!
Contemplação
Fogos de
artifício... A fumaça da madrugada recém-nascida desperta uma estranha histeria
em meus olhos. A visão apressada contempla a travessia das luzes no céu negro,
a constelação fugaz na noite festiva, a exótica auréola dos desejos nas mãos do
fogueteiro. Meu coração é um cosmoporto temporário e a galáxia são estes fogos
no céu, esta tentativa criativa e humana de criar um arco-íris no escuro: meu
coração é perpendicular, uma superfície cuja intersecção com esta iluminação
efêmera forma um ângulo reto, que é o mundo redondo e ilimitado dos meus olhos.
O caos de
luzes no céu saúda as intermináveis promessas do povo para o ano novo, enquanto
o lado oculto da lua exausta guarda pra si os mistérios do futuro.
Os últimos
fogos de artifício arranham os arranha-céus com um pedido de paz sem dialeto,
pois a paz é universal. Então as luzes se apagam: Bem-vindo ao século vinte e
um.