Hoje compartilho minhas solidões poéticas com o poetamigo
valenciano Rabib Jahara. Professor de História, leitor inveterado, Rabib nos
mostra aqui uma face que poucos conhecem desse múltiplo professor e escritor: o
poeta, com suas paixões, angústias e uma bagagem lírica, extensa e, às vezes,
até pesada de se carregar dentro de si. Afinal, Rabib sabe como é difícil
suportar um lirismo querendo explodir, libertar-se, se as atribulações /
encargos do nosso dia a dia nos sufocam! Sim, a arte escrita de Rabib traz esse
desespero, esse desejo de desapegar-se, de ser eu lírico livre, ao mesmo tempo
em que constata a necessidade de implodir-se (explodir liricamente apenas
dentro de si), suportar a realidade, cumprir as tarefas, tentando não perder os
sonhos poéticos que carrega. Por isso, sua poesia traz idas e voltas, um eterno
partir-se inteiro, um constatar-se para um novo desconhecimento. E é numa
dessas idas e voltas que se insere o poema rabibiano que posto hoje: o “Tempo
de voltar” nos mostra esse encontro em desencontros, esse ter que sair do
conforto do lar, ter que enfrentar o tempo, o jogo da ilusão e realidade, pra,
finalmente, poder reencontrar-se.
Então, leitores, é tempo de voltarmos à poesia com Rabib
Jahara. Nos reencontremos, amigos.
Tempo de voltar
Às vezes eu rio no seu sofá
Nem percebo que a hora passou
Parece uma eternidade estar aqui com você
Parece que o tempo para. Parece que ele voou.
Nem sei porque. Acho que é ilusão
Tempo pare, por favor! Estou aqui com você
E me despeço, até mais ver
É mais um final de semana longe mim
Me encontro em caos e confusão
Só não sei por que é assim
Não sei o porquê. Nem quero saber
Tempo ande, por favor. Você já não está mais aqui.
E só espero o reencontro
Poder sorrir, poder te ver
Poder esquecer o tempo e da hora
E de todo o resto que puder esquecer.
(Rabib Jahara - 17/10/1999 - 22:55h.)
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