quarta-feira, 4 de julho de 2012

Independence Day ou Eles comemoram tudo que eu sangrei

Hoje os estadunidenses, que adoram ser chamados de 'americanos' (como se os três continentes americanos fossem só eles) ou de 'norte-americanos' (como se o continente da América do Norte tivesse apenas o país deles), comemoram o "Independence Day" (o dia da independência dos Estados Unidos - reparem que a tradução literal do dia comemorado deixa-nos a impressão de que o mundo ganhou liberdade a partir do momento em que eles foram independentes). Lembro que, enquanto os estadunidenses comemoram o seu Dia de Liberdade, páginas das ditaduras e golpes de Estado, que nos tiraram a liberdade e foram ferrenhamente defendidas por eles, continuam obscuras e/ou esquecidas, apesar de toda desigualdade mantida pelo sistema econômico que os estadunidenses liberalmente defendem (é fácil ser liberal e defender o sistema privado e capitalista quando se está no topo do poder). Lembro também que o Brasil, cada vez mais e pior, tenta bancar uma filial latina desse mesmo Estados Unidos da América, que tanto nos explorou. Lembro de cada atentado contra a liberdade da América Latina, do Oriente Médio, da África, só porque nossos 'friends' estadunidenses não admitem sistemas políticos e costumes diferentes dos deles. Lembro que mais da metade de sua população ignora outros povos dos três continentes americanos, em defesa de um patriotismo cego e débil à sua pátria que tanto nos endivida (não venham me chamar de xenófobo; só estou cansado de ser sadomasoquista com aqueles que nos ensinaram mil formas de torturas).  Em ironia a essa data comemorativa estadunidense, a esse Dia da Independência tão fartamente comemorado às custas de todos outros países do mundo, fiz uma paródia ao poema "Mar português", de Fernando Pessoa. Se o poema de Fernando Pessoa comemora a expansão da colonização portuguesa, homenageando as viagens de seus intrépidos patrícios navegantes, a minha paródia rememora o passado rico de inglória desse Estados Unidos Dono da América, que ricamente comemora o Dia de Sua Liberdade, em detrimento ao presente de pobreza que suas investidas e invasões históricas nos fizeram passar. Pra ser lido após ter assistido a "Dançando no escuro" e "Dogville", ambos filmes de Lars Von Trier.

Independence Day 
ou Eles comemoram tudo que eu sangrei 
(Nascido nas ditaduras de julhos 
num Golpe de Estado qualquer)


Ó Estados Unidos da América, quantas das tuas lutas contra o mal
Sacrificaram minha pátria natal!
Pra te ajudarmos, quantos cães teus mataram
Nossos filhos que recusaram a tua falsa liberdade!

Quantas américas diferentes teus filhos negaram aceitar
Para que fosses único, ó Estado Americano a nos ignorar!
Valeu cada combate? Todo combate teu valeu a pena
Pois é na lida sangrenta que o teu dólar aumenta.

Quem quer reinar como ditador
Tem que abraçar-te como credor.
A França deu-te a Estátua da Liberdade
E agora pensas que és o dono do céu, da Terra, do mar, das Américas e da verdade.

Ó Estados Unidos da América, quanto da tua falsidade e da tua instável invencibilidade
Há, entre teus covardes heróis, pra tu comemorares com tamanha vaidade? 

Um comentário:

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