quinta-feira, 10 de julho de 2014

Solidões Compartilhadas: Julia Graziela mostra que o Amor se suporta

Nesta sexta postagem da goleada de 7 publicações no mesmo dia, compartilho, pela primeira vez, minhas solidões poética com uma das mais geniais escritoralunas que tive, quando fiz a Oficina de Produção Textual “Novas Letras”, realizada nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Centro Educacional Roger Malhardes (CEROM), em Teresópolis/RJ, nos períodos de 2010 a 2011: a fodástica Julia Graziela Rodrigues da Silva.
Julia é uma daquelas poetalunas adultas que trazem uma genialidade natural; você incentiva-a, lhe aponta os caminhos líricos e ela acompanha suas ideias de uma forma única – a partir do caminho que você recomendo, ela estabelece seu próprio mapa, ou seja, cria e recria seu próprio estilo – se fosse um barco poético, ela seguiria o rumo dos outros barcos, mas, ao alcançar o porto (a ideia, a inspiração), com base no que vê, ela avançaria além daquele limite e voaria para um outro porto, imaginário e desenho por ela própria.
A crônica-poema (até o gênero textual escolhido pela autora é próprio, ou seja, dá um nó nas classificações tradicionais) que ela produziu e que destaco no blog hoje é um exemplo claro de sua genialidade: após a leitura da crônica “O amor acaba”, de Paulo Mendes Campos, pedi que os escritoralunos da EJA fizessem uma paráfrase, uma subversão da crônica lida – poderia ser “o amor continua, o amor começa, ou modificar os lugares onde ele acabava, etc. Pois bem, Julia, claramente cansada e com algum evidente aborrecimento trazido da rotina, dentre as opções que dei, ela escolheu o “etc” e transformou tudo que a aborrecia em uma obra-prima lírica, como vocês podem ler (e amar, com certeza, vocês irão amar a escrita dessa fodástica escritora, amigos leitores!) mais abaixo nessa postagem. Reparem que o verso / parágrafo final tem duplo sentido, expondo claramente a mensagem lírica que a autora quis passar.
Vejamos pelo olhar lírico de Julia Graziela o que o amor nosso de cada dia suporta, amigos leitores!
 

O amor se suporta

            O amor se suporta num domingo chato, depois do almoço.
            O amor se suporta num dia de insônia.
            O amor suporta cobras e lagartos.
            O amor suporta dias de tempestade.
            O amor suporta a falta de calor nos dias frios.
            O amor suporta coisas rotineiras.
            O amor suporta os “Bom Dia” amargurados.
            O amor suporta as agressões em palavras, duras.
            O amor suporta as poeiras que vão ficando nos cantos.
            O amor suporta os ciúmes inconsequentes.
            O amor suporta os carinhos forçados.
            O amor, na verdade, suporta dor.
Julia Graziela Rodrigues da Silva




Um comentário:

  1. Gosto do seu estilo moderno, é envolvente e nos faz querer mais!
    Parabéns, Júlia Graziela!
    E nos brinde com mais poemas....
    Bjins literários,
    Simone Guerra

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