Nesta sexta postagem da goleada de 7 publicações no mesmo
dia, compartilho, pela primeira vez, minhas solidões poética com uma das mais
geniais escritoralunas que tive, quando fiz a Oficina de Produção Textual
“Novas Letras”, realizada nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do
Centro Educacional Roger Malhardes (CEROM), em Teresópolis/RJ, nos períodos de 2010 a 2011: a fodástica
Julia Graziela Rodrigues da Silva.
Julia é uma daquelas poetalunas adultas que trazem uma
genialidade natural; você incentiva-a, lhe aponta os caminhos líricos e ela
acompanha suas ideias de uma forma única – a partir do caminho que você
recomendo, ela estabelece seu próprio mapa, ou seja, cria e recria seu próprio
estilo – se fosse um barco poético, ela seguiria o rumo dos outros barcos, mas,
ao alcançar o porto (a ideia, a inspiração), com base no que vê, ela avançaria
além daquele limite e voaria para um outro porto, imaginário e desenho por ela
própria.
A crônica-poema (até o gênero textual escolhido pela autora é próprio, ou seja, dá um nó nas classificações tradicionais) que ela produziu e que destaco no blog hoje
é um exemplo claro de sua genialidade: após a leitura da crônica “O amor
acaba”, de Paulo Mendes Campos, pedi que os escritoralunos da EJA fizessem uma
paráfrase, uma subversão da crônica lida – poderia ser “o amor continua, o amor
começa, ou modificar os lugares onde ele acabava, etc. Pois bem, Julia,
claramente cansada e com algum evidente aborrecimento trazido da rotina, dentre
as opções que dei, ela escolheu o “etc” e transformou tudo que a aborrecia em
uma obra-prima lírica, como vocês podem ler (e amar, com certeza, vocês irão
amar a escrita dessa fodástica escritora, amigos leitores!) mais abaixo nessa
postagem. Reparem que o verso / parágrafo final tem duplo sentido, expondo
claramente a mensagem lírica que a autora quis passar.
Vejamos pelo olhar lírico de Julia Graziela o que o amor
nosso de cada dia suporta, amigos leitores!
O amor se suporta
O amor se
suporta num domingo chato, depois do almoço.
O amor se
suporta num dia de insônia.
O amor
suporta cobras e lagartos.
O amor
suporta dias de tempestade.
O amor
suporta a falta de calor nos dias frios.
O amor
suporta coisas rotineiras.
O amor
suporta os “Bom Dia” amargurados.
O amor
suporta as agressões em palavras, duras.
O amor
suporta as poeiras que vão ficando nos cantos.
O amor
suporta os ciúmes inconsequentes.
O amor
suporta os carinhos forçados.
O amor, na
verdade, suporta dor.
Gosto do seu estilo moderno, é envolvente e nos faz querer mais!
ResponderExcluirParabéns, Júlia Graziela!
E nos brinde com mais poemas....
Bjins literários,
Simone Guerra