Sabe aqueles dias em que você conta até três e tenta
respirar fundo, mas o ar em volta parece escasso, lhe falta? Sabe aqueles dias
em que parece que o universo de sonhos que você literariamente construiu parece
se destruir aos seus olhos, pois tudo em volta ameaça conspirar contra ele (há
preconceitos contra sua arte, pessoas que deveriam proteger qualquer universo
literário insensivelmente atacam você de forma destrutiva, querendo colocá-lo
pra baixo, destruir tudo que é diferente, sugar sua resistência, detonar tudo
que é diferente dele – vide alguns comentários agressivos que já recebi por
aqui, como no “Haicai terrível” e o de um certo Anônimo no poema do retorno do
Coringa, fora as ofensas que recebo pelo face in box, fora os ‘homens de bom
gosto’ que se pensam no direito de esculachá-lo porque você foge do padrão
clássico deles)? Sabe aquele momento que você ora para todos os deuses, da
mitologia grega, passando pelos orientais, afro-brasileiros, até os cristãos, e
sua angústia não diminui, pois ela é concreta e acima de qualquer fé abstrata,
por mais forte que esta seja?
São nesses momentos que busco minhas influências,
meus deuses ancestrais particulares do lirismo, são nesses momentos que busco
poetas como Cruz e Sousa, que, como eu e vários outros, sofreram todos os tipos
de ofensas e agressões na sua época. Cruz e Sousa passou por toda espécie de
violência, contra sua cor (passou em concurso público e não foi convocado
devido a cor de sua pele; teve seu nome rejeitado pela Academia Brasileira de Letras;
era desclassificado pelos críticos de sua época com apelidos preconceituosos
como ‘negrinho mau rimador’), alvo de toda tragédia (a loucura da mulher, a
morte prematura dos filhos, etc), contra seu estilo literário (era influenciado
pelo Simbolismo, estilo quase underground no Brasil de tão pouca visibilidade
pelos ‘homens de bom gosto’ de sua época) e, mesmo diante de toda essa
correnteza contra sua navegação poética, o ‘Cisne Negro’ (apelido carinhoso
dado por um amigo do poeta) teve o corpo fechado para qualquer tipo de derrota
completa iminente, resistiu, sublimou com o mais alto lirismo todo sofrimento
pelo qual passou. Por isso, ele merece o mantra/reza lírica que hoje faço a
ele, inspirada também na significativa canção do Metallica “Nothing Else
Matters” (“Nada mais Importa”, em tradução pra nossa língua, sugerida pelo
músico amigo Davi Barros, da banda Black Cult, de Valença/RJ.
Sabe esses dias tristes de chuva em que você reencontra a
felicidade depois de perceber o arco-íris que se forma após a tempestade? É
assim que me sinto após voltar a escrever e reencontrar as influências poéticas
benditamente malditas que sempre amei. Compartilho com vocês hoje mais um poema
meu inédito. Todos têm o direito de achá-lo uma merda, de me achar um poeta de
merda, mas eu vou continuar, com a benção do Cisne Negro e do Metallica, eu
sigo em minha guerra lírica pela paz de ser eu mesmo, de seguir a minha
estética (feia ou bonita, o tempo dirá; mas jamais deixará de ser minha,
queridos terroristas literários da arte estanque e do bom gosto):
“Nunca me abri deste jeito
A vida é nossa, nós a vivemos da nossa maneira
Todas estas palavras, eu não apenas digo
E nada mais importa
Confiança eu procuro e encontro em você
Cada dia para nós é algo novo
Mente aberta para uma concepção diferente
E nada mais importa
Nunca me importei com o que eles fazem
Nunca me importei com o que eles sabem”
(trecho traduzido da canção “Nothing Else Matters”, de
Metallica)
“Tu és o louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A Terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.”
(trecho de “O Assinalado de Cruz e Sousa)
Oremos pelos rios líricos e protetores navegados pelo Cisne
Negro, amigos leitores, e, com a resistência heavy de um Metallica, sublimemos
nossas dores, nossas firmes incertezas contra os homens sabe-tudo de nossos
obscuros tempos.
Em nome do pai, do filho e do Cruz e Sousa
(Cisne negro, não deixe que eles me ceguem...)
Tua Cruz pesa em minha alma,
Meus versos em busca de tua calma,
Tu adormeces meu triste olhar,
Cisne negro, não deixe que eles me ceguem...
Eu sinto o barulho que eles fazem,
Querem abençoar as trevas e as tempestades,
Eles me dizem como eu deveria ser,
Cisne negro, não deixe que eles me ceguem...
E o teu negro passado é o meu claro futuro,
Condenado pelos mesmos seres obscuros,
Homens sem humanidade de olhares duros,
Cisne negro, não deixe que eles me ceguem...
Eu quero a mesma força do teu aflito blues,
Eu quero insistir no lirismo da palavra Amor,
Eu quero ver a tua dolorida luz sem dor!!!
Tua Cruz eleva minha calma,
Meus versos em busca de tua alma,
Tu me proteges com teu brilhante luar,
Cisne negro, não deixe que eles me ceguem...
Eu quero a mesma força que em ti reluz,
Eu quero resistir com lirismo a toda dor,
Eu quero ver o retorno de teu verso Amor!!!
Me leve ao infinito iluminado contigo,
Me leve leve
Antes que eu morra como eles,
Antes que eles me ceguem,
Me faz de novo ver o Amor, Cisne Negro, por favor...
Difícil buscar palavras para definir a perfeição!!!!!!!! Ficou demais!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirMaravilhoso! Eu particularmente amo estudar o lado sombrio das pessoas bem como Freud. Creio que a natureza humana seja isso: o lado obscuro que muitas vezes não nos permitimos ver e o anjinho que há dentro de todos.
ResponderExcluirCorajoso vc ( um dos poucos) Carlos que assumo uma parte da sua natureza escura!!!
não me preucupo muito com a opinião alheia, porque cada um tem um gosto, isso é óbvio, ainda tem um pequeno detalhe: o autor às vezes não quer agradar, Às vezes não a maioria.
ResponderExcluircerta vez alguém me disse: não gosto dos seus poemas porque eles não tem musicalidade!
e eu respondi simplesmente: e vc já parou para pensar que eu gosto deles assim?
visite o blog: http://poesiatuttifrutti.blogspot.com.br/
PALAVRAS DE ELEVADAS BELEZAS, CONVIDAM OS OLHOS
ResponderExcluirPARA UMA VIAGEM A PAISAGENS INTERIORES.
LINDO CARO AMIGO, EU LHE COMPREENDO PROFUNDAMENTE, JÁ ME FALARAM: CARA SEUS POEMAS SÃO ASSIM, ASSADO, DEVERIA ESCREVER DE TAL JEITO DE OUTRO.
DIGO NÃO
MEUS POEMAS SÃO MODELADOS PELA VIDA E A POESIA MODELA A VIDA,
BEBEM DA GASOLINA DOS SUBÚRBIOS, DO AR PODRE DAS CIDADES
DE TUDO ENTURVECIDO ONDE FLANAMOS NA TURBA.
OS POEMAS QUEBRAM A PEDRA E ENCONTRAM UMA ROSA
UM DIAMENTE LÍMPIDO ENTRE AS SUJEIRAS.
ASSIM VÃO SEGUINDO, BUSCANDO SEMPRE ESTRADAS.
LINDO POEMA MEU AMIGO, MARAVILHOSA CORAGEM
ESTAMOS JUNTOS NESTA ESTRADA.