terça-feira, 13 de novembro de 2012

Haicai das chuvas de novembro em mim


Mais uma vez as chuvas vem molhar passados ainda não cicatrizados em Teresópolis/RJ. A cidade já sofreu demais com elas em janeiro do ano passado e permanecem como grandes ameaças, pois os governos que por aqui passam e passaram nada fizeram (vão dizer que fizeram, mas basta olhar ao redor e ver que os feitos governamentais representam um valor tão ínfimo que a palavra nada fica envergonhada de ser citada pelo poeta que vos fala) pra tirar da população esse clima de medo de novas tragédias. A chuva não para, ouço músicas de bandas do rock 80 (“tudo pelo dinheiro/ tudo pelo poder/e sempre foi assim”, me dizem Paulo Ricardo & RPM, em voz melancolicamente lúcida, acompanhado de guitarras revoltadas); me lembro do bairro Campo Grande, onde participei do ‘Cultura nos bairros’ em 20 de novembro de 2010, vai fazer dois anos da única e última vez que estive lá, o mesmo bairro Campo Grande destruído pelas chuvas de janeiro de 2011, há tempos evito assistir ao vídeo que fiz lá; as guitarras continuam, as canções de protesto no aparelho de som, a chuva lá fora, agora uma balada melancólica de um eu lírico cansado de buscar soluções pro mundo estagnado numa mesa de bar, ah, ouvir as bandas de rock 80 nessas chuvas intermináveis de novembro me trazem sempre uma estranha vontade de chorar...
O haicai de hoje sai meio dolorido, talvez meio sem sentido, talvez sentido demais...  

Haicai das chuvas de novembro em mim

Estranha vontade
de chorar no fim da tarde
outra tempestade...

2 comentários:

  1. Tem que ser rock'n'roll de protesto mesmo pra registrar o tamanho descaso com que os políticos nos tratam!
    E você registrou bem o sentimento!

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