Hoje encerro as postagens de novembro com uma homenagem à
música que mais me lembra esse mês: “November rain” (ou, em português, “Chuva
de novembro”), dos Guns n’Roses. A letra da música, composta pelo líder da
banda Axl Rose, traz a confissão de um eu lírico angustiado, declarando o fim
de uma relação amorosa, devido a dificuldades de convivência, etc. O
interessante da letra que, mesmo percebendo claramente o inevitável fim da
relação, o eu lírico ainda nutre uma esperança de futura reconciliação.
“E quando seus temores se acalmarem
E as sombras ainda permanecerem
Eu sei que você pode me amar
Quando não houver mais ninguém para culpar
Então não se preocupe com a escuridão
Nós ainda podemos encontrar um jeito
Porque nada dura para sempre
Nem mesmo a fria chuva de novembro”
A letra reflete o relacionamento de Axl e sua esposa Erin
Everly, com quem se casou em 28 de abril de 1990, mas de quem se separou 10
meses depois após muitas brigas e discussões, com a anulação do casamento vindo
em janeiro de 1991.
Minha (sub)versão, feita na solidão dos dias de cansativo
trabalho de fim de ano letivo em Teresópolis, desta vez não se prenderam ao
ritmo da canção, e sim ao eu lírico angustiado com a solidão anunciada. Também
trouxe para o meu poema-tributo a tentativa de sintonia entre clássico e
alternativo que a melodia sugere, as imagens que me marcaram do clipe da canção
“November rain”, exaustivamente assistido por mim na minha ‘aborrecência’
(deixo o clipe, pra quem ainda não viu, logo abaixo do poema.
Para lembrarmos dos versos “Everybody needs somebody”, ou
seja, “Todos precisam de alguém”. Ah, que dezembro acabe com essa saudade que
me consome, Juliana!
O último dia do novembro do final dos tempos
(ou Nem mesmo
uma chuva fria no último dia de novembro)
Você já me imaginou tocando guitarra
sobre um piano
como se o alternativo e o clássico
se beijassem intensamente?
Pode parecer estranho,
mas são essas imagens que me vêm
nos sonhos do fim ano.
Já estou tão louco nesses tempos
que vivo delirando
no sono,
na sonífera realidade
desse fim de expediente
que parece não acabar mais.
Sabe o homem com a guitarra
carinhosamente delirante
sobre o piano?
Sou eu sobre você,
o alternativo e o clássico copulando.
Mas não, você não me imagina mais
como nos remotos tempos...
Você não me imagina acordando entediado
diante de um universo completamente azul
como se um blues tocasse insistentemente
no coração triste?
Pode parecer estranho,
mas é essa tristeza que me vêm
nesse novembro agonizante.
Já estou tão cansado nesse período
que sobrevivo rastejando
até o trabalho,
até a casa infeliz
sem você aqui.
Sabe o cara acordando entediado
depressivamente cambaleante
diante de um universo todo blue?
Sou eu acordando seminu,
despido de sua presença...
Por isso que nenhuma chuva cai
no último dia de novembro,
por isso que os sonhos bons me machucam
a todo momento,
por isso que o fim dos tempos agoniza
em meus pálidos movimentos:
você não está aqui pra me realizar dezembro,
você não está aqui pra ressuscitar
esse corpo que está morrendo
neste final dos tempos...