Hoje compartilho pela segunda vez as minhas solidões
poéticas com o poetamigo valenciano João Júnior. Vocalista e um dos
compositores da banda de rock The Black Bullets, João Júnior nos brinda com um
falso solstício, ou seja, uma falsa impressão de que estamos num tempo em que o
Sol está mais afastado do equador, parecendo ficar estacionário durante alguns
dias, antes de voltar a aproximar-se mais uma vez do equador. O eu lírico do
poema de João Júnior nos desilude: não é o sol que está longe, somos nós que
estamos distantes, estacionários da humanidade que deveríamos ter.
João Júnior me contou que este poema será a letra de uma
futura canção do The Black Bullets (torçamos, amigos leitores, pela eternidade
da banda, para que nossos ouvidos possam contemplar essa futura composição, pra
que não estagnemos na falta de perspectiva de nossos dias. Desejemos, amigos
leitores, desejemos sempre uma humanidade melhor.
UM FALSO SOLSTÍCIO NA INDOLÊNCIA DOS DIAS
o sol não está tão longe como você pensa
essa frieza que sentes vem do coração
dessas pessoas do teu lado
o sol não está tão perto como você pensa
esse calor que tu sentes vem da ira
dessas pessoas do teu lado
internos, os infernos pessoais queimam a pleno inverno
quando o tempo fecha o clima esquenta
e chove sangue e ódio em tormenta
o sol não está se pondo como você pensa
essa escuridão aqui vem da solidão
que as pessoas te deixaram
o sol não está a pino como você pensa
essa intensa claridade vem da intolerância,
tão forte que te cega
apáticos, estrábicos cupidos já não nos acertam mais
se esforçam com suas asas cansadas
consertam suas flechas quebradas
E que diferença faz
se o grito é de pavor ou de euforia?
Ou que indiferença faz
se a lágrima é de dor ou de alegria?
Maravilhosa essa composição! Essa potência vocal do João Júnior pelo que observo não é o seu único dom.
ResponderExcluirRealmente a humanidade vem se transformando assustadoramente (estamos contrariando o conceito de evolução) e cada vez amando menos, como em uma estrofe ele retrata lindamente: "apáticos, estrábicos cupidos já não nos acertam mais. se esforçam com suas asas cansadas consertam suas flechas quebradas".
João foi muito feliz em suas analogias, infelizmente, aliados ao corre-corre do dia estão o egocentrismo e o egoísmo que tornam a humanidade mais fria. :/
ResponderExcluirBjoks
Caramba! Não resisti, não bastou optar pelo fodástico. Tenho que dar meu pitaco. Que poema maravilhoso. Aguardarei a melodia que precederá a entrada triunfal dos versos pelo tapete vermelho ou seja lá que cor vão escolher. Que tom será? o forte/gritante para nos acordar no susto ou o sussurado para nos lembrar (como o daimon de sócrates) da "humanidade que deveríamos ter" e caminhar em direção a ela? Seja qual for o tom ou o ritmo, acho que vou gostar de ouvir.
ResponderExcluirBelissima poeisa joão... belíssima mesmo.
ResponderExcluirRabib Jahara
MARAVILHOSO!!!leitura nenhum pouco cansativa...ela é reveladora e até um pouco melancólica.Me deixa triste mas ao mesmo tempo pensativo!!TENHO QUE LER MAIS ALGUMAS VEZES!!!
ResponderExcluirAbraço carlos!!!Te desejo uma semana de inspiração e poesia!!