No último domingo, dia 08 de setembro, não olhei para o céu
à noite, pois estava preocupado com minhas milhares de ocupações e correrias do
dia a dia. Perdi a bela imagem do fenômeno da Lua muito próxima a Vênus (só
veria a linda cena na noite de segunda-feira e, mesmo assim, porque o
acontecimento celeste gritaria sua beleza aos meus olhos distraídos e fatigados
– um pouco mais de preocupações diárias e também teria perdido a imagem do
fenômeno na segunda-feira também). Espantado por perder essa imagem poética no
domingo, dediquei alguns versos a toda essa beleza que perco, quando deixo meus
olhos curiosos perderem-se no labirinto de tantos afazeres. Esse é um poema
ainda influenciado pela poética melancólica de Federico Garcia Lorca, somada à
leitura e descoberta dos poemas fodásticos da artistamiga valenciana Jessica Kaczmarkiewicz
(que, em breve, estarão nas Solidões Compartilhadas do blog), que eu havia
acabado de ler. É um poema inédito sobre o velho hábito de ganhar tempo
perdendo tempo imaginando o tempo que eu perdi.
Que todo tempo perdido e toda tristeza imensa e passageira em
nossas vidas se transformem em poesia infinita, amigos leitores!
O sorriso da lua me entristece
(Vênus com a lua
e eu com lua
nenhuma)
- A lua escondeu Vênus num sorriso!
Me diria algum menino invisível.
- É fenômeno de setembro de 2013
Cientificamente previsível.
Me diriam os astrônomos
De algum espaço da razão.
E eu só os ouviria
E nada diria
Porque não vi
Nenhum sorriso,
Nem o invisível,
Nem o previsível,
Nem mesmo a razão
Que sempre esteve aqui...
Como não pude ver?
Parece loucura,
Mas, em meio a tanto brilho raro,
Eu só enxerguei o céu nublado,
A escuridão em mim.
Enquanto a lua guardava Vênus,
Todo mais me vinha menos,
Pois o amor que eu guardara
É uma luz perdida nas trevas do nada,
Um sorriso triste, uma estrela minguada...
O distante tão fascinante
É um diamante sem brilhante,
É tudo o que nunca vi antes,
É o não visto que jamais verei...
Mais uma vez, tento ver a lua
Que brilha na imensidão que não encontrei;
Mais uma vez, mais uma vez,
Tudo que não vi é um nada que me faz sofrer...
Protagonista de uma cena linda que nunca encenei,
Sou astro-rei de um universo abdicado
Que jamais governei,
Por isso eu choro por algo inexato,
Por isso eu choro pelo que não sei.
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