Há mais de um ano atrás, após um show de Hélio Sória em
comemoração ao Dia do Rock em São Gonçalo/RJ, alta madrugada, fui para Niterói
em busca de um hotel para descansar. Devido ao horário, parei no primeiro que
vi: Hotel York. Madrugada insólita, amigos leitores: um homem com sotaque
estrangeiro me atendeu, cobrou um valor que não condizia com o quarto sem
estrelas no qual fiquei, sem água, com luzes foscas, barulhos estranhos nos
quartos vizinhos, uma cama redonda e dura, um espaço um tanto aterrador, talvez
o último local em que um ser humano são teria a ousadia de buscar para
descansar. Passei a madrugada em claro; meu único propósito, o descanso, não
foi concluído naquele espaço.
Tempos mais tarde, Hélio Sória e Janaína da Cunha me
contaram que estiveram nesse mesmo hotel extremamente underground e assustador
e ficaram também com as lembranças de uma noite estranha e terrível.
Depois de um ano do acontecido, a poetamiga Janaína me
sugeriu que fizéssemos um poema sobre essa desventurosa aventura. Lembrar do
Hotel York me fez lembrar de um verso da canção da década de 1980, “Pros que
estão em casa”, da banda underground carioca Hojerizah, da qual fazia parte o
fodástico Toni Platão: “Vi Nova York internada”. Inspirado na canção de
Hojerizah e nas lembranças toscas que tenho do lugar, segui a sugestão de
Janaína e fiz o meu poema.
Para todos que já conheceram o lado mais hard e tosco da
vida underground, amigos leitores!
Pros que estão no Hotel York,
longe de casa
Estranha madrugada
Em um espaço apertado
Via láctea da ressaca
Quarto sem estrelas
Sussurros nas janelas
Trevas iluminadas
O inferno para o descanso
Paraíso só para os demônios
Eis minha carne cansada
No Hotel York internada
(inter – nada!)
E mais uma vez não durmo nada
Outra insônia, a cara amassada
O Hotel York se distancia
Cruzo a avenida, de volta à vida
Mexo nos bolsos – desta vez não perdi nada
Talvez apenas um pedaço de minha alma
Dilacerada.
Sinistro lugar e poema!
ResponderExcluirIsso é muito rock'n'roll!