No fim da
década de 1990 e início do século XXI, uma banda agitou o cenário rock
valenciano de forma eficientemente bárbara: o Aríete, originalmente formado por
Alexandre Motta, o “Bacalhau” (vocais), Rafael Motta (guitarra, vocais e
backing vocais), Gustavo ‘Maiden’ (guitarra), Daniel (baixo) e Felipe Duboc
(bateria), retirou Valença do marasmo sem rock’n’roll que vivíamos, na época
viúva de grandes bandas que se encerravam prematuramente como a fodástica
Província, e, junto com outras bandas da época, a nova banda com nome de
armamento viking ressuscitava a agitação cultural rockeira da ilusoriamente
pacata cidadezinha.
Há algum
tempo que não ouvimos mais falar da banda Aríete. Fora alguns shows esporádicos
nos anos anteriores e um frequente boato de retorno, pouco é dito sobre uma das
bandas que mais agitou e influenciou o rock valenciano. Seja como for, antes de
seu término, a banda nos deixou um excelente CD independente, cheio de
fodásticas composições (só não perdôo eles não terem gravado a fodástica versão
musical que fizeram de um poema meu chamado “Caixa Postal” [rs], cuja versão
demo ao vivo já até transformei em clipe no youtube), com belíssimas baladas,
muita energia e canções rock contagiante que flertam com o hard rock, o
underground, passando até pelo reggae.
Uma das
canções do Aríete que mais tocou nas rádios locais da época foi a fodástica e
enérgica “Ontem”. Hoje, no blog, trago para os amigos leitores um vídeo do Aríete cantando "Proud Mary", de Creedence Clearwater Revival em 2009, a letra da canção "Ontem" (infelizmente não encontrei nenhum vídeo dela, nem o site da banda ativo pra mostrar-lhes a música) e um depoimento do líder da banda, Alexandre
Motta “Bacalhau”, contando-nos os segredos dessa sua fodástica composição e
compartilhando, assim, pela primeira vez, suas solidões poéticas com o poeta
blogueiro que vos fala.
Pra
ouvir, interpretar, agitar a cabeça e torcer pelo retorno da marcante banda de
rock Aríete, amigos leitores!
ONTEM (Alexandre Motta)
Café sem
cafeína
Cerveja
sem álcool
Cigarro
sem nicotina
Dar sem
receber
Uma
vitória sem honra
É uma
vitória inventada
A perda
sem dor
Uma
desgraça malcriada
Refrão:
E foi você quem começou
A tentar reinventar minha rotina
E eu quase fui você
Ontem!
Sexo por
amizade
É sexo
conveniência
Conviver
pela amizade
É viver
sem paciência
Os
pedidos quando aceitos
Te livram
da chateação
Sexo por
amizade
Não passa
de sexo conveniência
Alexandre Motta fala sobre “Ontem”
Pois bem, meu caro amigo poeta!Na primeira estrofe, tentei ilustrar as induções que as pessoas (terceiros) tentam te enfiar na cabeça e você acaba se tornando mais um igual.Vai fumar, fume o de menos nicotina, café sem cafeína, etc. Em vez de se pensar em parar, largar o vício, você dá ouvidos às influências, até as pequenas e singulares, ao que outros dizem e que vão modificando sua rotina.Quero parar de fumar e penso em comprar um com menos nicotina, isto não é uma vitória completa, não há honra nisso, não há mérito em tentar parar de fumar e comprar um filtro branco! A vitória é inventada pra você conseguir se sentir melhor por ser um derrotado.Por outro lado, quando sua lucidez é um pouco maior e consegue perceber que é um derrotado, esta por sua vez é uma derrota sem dor, você se acostuma e vem a se tornar uma desgraça malcriada, se repetindo em tudo que te rodeia que faz de você quem você é, pois vai abrindo mão e se tornando outra pessoa, uma pessoa pior.Na segunda estrofe, retratei os relacionamentos infelizes. Você não libera a pessoa que está contigo, por insegurança ou até mesmo por ser esta uma ótima pessoa, o sexo vira conveniência e amigável, uma válvula de escape, uma realização fisiológica, se convive e perde-se a paciência, aceita os pedidos só pra te livrar da chateação da fragilidade da outra pessoa, que será aflorada se não aceitar alguns de seus pedidos, se você não descer do seu pedestal, terá uma vida com uma maior infelicidade e desgosto, não conseguirá se divertir com a alegria simplista alheia.
Sexo com entusiasmo não existirá e o sexo será somente por conveniência.O refrão da canção é quando você se imagina colocando o dedo na cara de tal pessoa, da primeira ou segunda estrofe, e dizendo as verdades, mas...Estamos falando de uma pessoa que se deixa levar e o ontem é passado.
Aqui deixo para os amigos leitores, mais uma vez, o clipe que fiz para a versão demo da canção "Caixa postal", da banda Aríete, inspira em poema homônimo meu (ele já foi postado aqui há um pouco mais de um ano atrás):
Grande honra!Valeu!
ResponderExcluirGrandes frases compendiadas em um grande conjunto de sentimentos e sensações.
ResponderExcluirAbraços.
Atenciosamente,
Fabio Theodoro.
Tempos incríveis !!!!
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