Sexta-feira, dia em que homens e mulheres solteiros se
preparam para a caçada noturna de todo fim de semana: a busca em bares e boites
por um remédio contra a solidão: o amor, que cada vez parece mais escasso na
cidade. E, às vezes, encontramos esse alguém, mas o alvo de nossos desejos não
percebe o que nosso olhar pede, entramos na friendzone, nos tornamos amigos de
quem desejamos, então bebemos, bebemos, bebemos; apenas o olhar mantém o desejo
que ninguém além de nós mesmos consegue ver. Mas a poesia vê, o poema nos vê
além de nossas máscaras.
O meu poema de hoje, inédito ainda, foi construído inspirado
na colega Bárbara, que nutria desejos por um amigo meu, com o qual quase sempre
ela esbarrava nas noites de sexta-feira e, com ele, bebia até tarde, mas raramente
algo acontecia entre eles. Um poema que fala o que os lábios calados deveriam
gritar.
Pra ser lido ouvindo “Preciso dizer que te amo”, de Cazuza,
ou “Por que não eu?”, do Kid Abelha.
Ensaio sobre
a cegueira dos bêbados
(de amor)
Não vejo suas palavras...
O que vejo é a sua timidez
trancada pelos gritos
contidos nos ingredientes alcoólicos
dessa mistura que nos embriaga.
Mas não se cale; isso é apenas um olhar...
Continue falando o que não vou escutar.
Enquanto isso, bebo seu sorriso sério,
sua mímica lírica que me hipnotiza,
seus signos mudos que beijam meus olhos surdos.
Não sinto seus toques...
O que sinto é a sua distância
desviada pelos caminhos
infinitos nos atalhos viciosos
desse líquido superficial.
Mas não pare; isso é apenas um olhar...
Continue apalpando o que não vai me sensibilizar.
Enquanto isso, percorro sua estrada impossível,
suas trilhas oníricas que me iluminam,
seus passos no escuro que alcançam minha cegueira brilhante.
E a conta está sobre a mesa
com valores que nos saltam aos olhos!
Mas não pule; isso não é nada!
Eu pago tudo e partimos!
Enquanto isso, você se despede de minha máscara polida,
dos bolsos vazios em meu olhar sozinho...
Então eu lhe digo:
Até mais, a gente se vê...
Liiindo :)
ResponderExcluirMuit lindo, Carlos, parabéns, bjs!
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