Olá, caros leitores, bem vindos ao blog daqueles que guardam um sorriso solitário no canto dos lábios que versam sonhos coletivos. Bem vindos ao meu universo virtual poético, bem vindos ao mundo confuso e fictício ferido de imortal realidade. Bem vindos ao inóspito ambiente dos eus líricos em busca de identidade na multidão indiferente, bem vindos ao admirável verso novo.
Hoje eu trago um poema inédito de
amor-viagem, um poema-trem com embarque nas loucuras das emoções-vertigens,
passagem pelos momentos melancólicos nas frequentes idas e partidas nas
estações do amor, um poema-sonho cheio da realidade cotidiana flertando com o impossível, o incabível, o que se está próximo e, mesmo assim, não se alcança,
um poema-homenagem-quase-música para todos os momentos e sensações que a música
“California Dreamin'”, do Mamas And Papas, sempre ligada no aparelho de som da
personagem da atriz Faye Wong, ou "Dreamlover", de The Cranberries, interpretado pela própria Faye Wong, marcam a viagem de meus sentidos diante do
excelente filme “Amores Expressos”, do cineasta Wong Kar-Wai, de Hong Kong (o
filme citado não é o meu favorito de Kar-Wai, mas é um dos que melhor
imprimiram as marcas mais pop-cults em mim), um
poema-tributo-a-todas-garotas-de-ipanema-caipiras-que-trilham-nas-vertigens-de-nossos-olhos-camonianos-sedentos-e-febris-rumo-ao-clássico-popular-de-Villa-Lobos,
um poema-música-café-trem-expresso-expressionista-com-passagem-por-uma-Minas-caipira-inventada-que-pode-não-ser-Minas-pra-ti-como-pode-ser-pra-mim-para-um-tu-que-poderia-ser-eu-mesmo.
Bem-vindos mais uma vez à Estação
Poesia, amigos leitores! Boa viagem!
Amores expressos
Quando ela passa
É um trem que te leva
Para nenhum lugar;
É um trem mineiro
Que, mesmo imenso,
Cabe em teus olhos tão fatigados;
É um trenzinho caipira
Que, em ti, delira
(Enquanto viajas pelo real e
ordinário,
Trazes nos ouvidos o som clássico
De um concerto imaginário).
Quando ela desfila
É um expresso pedido
Na estação de nenhum lugar;
É um expresso indevido,
O ato de viver-se perdido
Nesse lugar que não há;
É um expresso bebido
Na xícara de vidro invisível
(A tua boca sensível
Beija o aroma do café impossível
Que acorda teu paladar iludido).
E, quando ela se aproximar,
Quase a te tocar,
Rápido, o trem te desembarcará
Na estação final de nenhum lugar,
E, mesmo perdido no nada que
inventou,
Encontrarás o que não há
E sorrirás sozinho
Bebendo o conteúdo imperecível
Do delicioso expresso que ninguém
vê
(E, sentado à espera do
verdadeiro trem,
Novamente lerás o que ninguém lê:
Estação Amor,
Estação Ela que passa sempre
linda por ti,
Estação que floresce em ti sem
Ela perceber).
Então a realidade mais uma vez
vem te ferir:
Ela entra em outro trem, no rumo
contrário do teu,
Juliana Guida Maia e eu vivemos
um amor nômade. Por ela morar em Valença/RJ e eu, em Teresópolis/RJ, nos
revezamos entre essas duas cidades; num fim de semana, vou para a cidade onde
ela mora (por sinal, Valença é uma de minhas musas favoritas, mãe de quase toda
a minha poesia), em outro ela vem para cá. E, devido à distância entre as duas
cidades, passamos parte de nossas vidas em trânsito, em ônibus, rodoviárias,
etc, fatores bastante desgastantes se analisarmos horários, viações
incompetentes de transporte coletivo, quilômetros, tempo, engarrafamento, stop
and go, etc. Desde que passei para o cargo de professor em Teresópolis e me
mudei pra cá, Juliana adquiriu uma relação de ódio e fascinação com as belezas
naturais de Teresópolis (ou seja, com a Serra dos Órgãos) que vemos
constantemente durante as cansativas viagens de ida e volta para a cidade.
Compartilho hoje minhas solidões
poéticas com a fodástica e grandiosa mini-crônica-prosa-poética de Juliana
Guida Maia, criada na última viagem de vinda para Teresópolis/RJ.
Pulemos nossos olhos para essa
grandiosa impressão de viagem pela região serrana do Estado do Rio de Janeiro,
amigos leitores!
Impressões serranas
do paradoxo
suicida
Subir a Serra dos Órgãos em uma
manhã de sol me sublima a uma comunhão perfeita com o paradoxo... Como pode o
tédio ser tão profundamente belo, como pode a beleza ser tão intensamente entediante.
Olhando todos esses penhascos fica inevitável o pensamento suicida... Como se pular fosse simplesmente algo tão
óbvio. A vontade de mergulhar no verde É
tão imensa quanto é imenso o próprio verde... O suicídio por aqui me
parece um ato ecológico.
Mais uma vez eu, representando as Solidões Coletivas,
espalhei minha “bad religion”, minha adoração à arte rock poética pela região!
O vídeo abaixo mostra minha participação no Rock na Garagem,
organizado pelo Feira Moderna Zine, no Metallica Pub, São Gonçalo/RJ, na noite do dia 27/04/2013.
Declamei "Minha religião é terrível",
poema-homenagem a Bad Religion, e "Lobotopoeticotomia", poema-tributo
à fodástica banda Lobotomia (ambos os poemas podem ser encontrados em postagens
anteriores aqui no blog). A declamação contou com a participação de Rafael A.
(Banda Inércia) na guitarra.
A
postagem de hoje envolve voos poéticos realizados em abril deste ano. A convite
de Janaína da Cunha, organizadora do Identidade Cultural & Movimento
Culturista, Juliana Guida Maia e eu adiamos as férias do Sarau Solidões
Coletivas (na verdade, fazemos arte mesmo de férias do sarau rs) nos envolvemos
no último evento do Identidade Cultural, no Bar e Restaurante Amarelinho da
Cinelândia, Rio de Janeiro/RJ, no dia 27 de abril.
O tema
era “O voo da águia” e Janaína da Cunha me enviou o fodástico poema abaixo de
autoria da própria organizadora, um convite para uma grande parceria:
O VOO DA
ÁGUIA BOÊMIA
Minha
alma é águia boêmia...
voa alto
sem dimensões explicáveis
e medo de
onde vai chegar.
Minha
alma é a noite onde cruzam
as
esquinas do coração.
É morada
das estrelas mais brilhantes,
a luz do
meio-dia e a melancolia da solidão.
Minha
alma é viajante...
manhã de
campos floridos
e amores
indefinidos.
É fome
insaciável de vida,
sede
interminável de justiça
e o dedo
que cutuca as feridas!
Minha
alma é morada de sentimentos
além do
bem e do mal.
É chama
ardente,
sopro de
rebeldia, água cristalina
e vento
que se transforma em vendaval!
Ela é um
mar febril e selvagem
onde
navega desejos e paixões fugazes.
Minha
alma é um grito mudo,
a voz do
silêncio.
É a santa
que reza e a puta que peca!
Minha
alma é mãe, amante, filha
e os
acordes inacabados de uma sinfonia.
Ela é
cruel e bondosa, fútil e sutil,
é
iluminada e sombria,
doce e
amarga... ácida e gentil!
Minha
alma, em sua essência,
é mentira
e verdade...
É um
porão de pesadelos obscuros
e sonhos
inalcançáveis.
Minha
alma é imperfeita...
mas luta
para alcançar a perfeição.
É águia
boêmia que atravessa
horizontes
elusivos
em busca
do desconhecido.
Desliza
solitária num céu embriagado
entre
derrotas e vitórias.
Minha
alma voa, voa... mas voa tão alto
que
perde-se no infinito.
Mas, não
importa...
não
importa nada como ela esteja:
ferida e
cansada, feliz e realizada
ela
sempre encontra o caminho
de volta
pra casa!
Janaína
da Cunha
Diante do
fodástico poema, me ficou o desejo intenso de cumprir a parceria. Inspirado no
livro “A Águia e a Galinha”, de Leonardo Boff, que minha prima Marcella
Carolina me emprestou na época da faculdade, somado ao som do Eagles (a banda,
cujo nome significa Águias em português, é a autora do eterno hit “Hotel Califórnia”)
e a minha idolatria à outrora gloriosa Escola de Samba Portela, fiz o meu poema
sobre o voo da águia:
A águia e
a galinha
Não
voamos mais como outrora, águia moça...
Do gozo
libertário nos restou apenas
o ar
aparentemente cabisbaixo
de quem
conhece o gosto do sol,
mas sabe
que a chuva demora a passar.
Impossível
voar com as asas molhadas
de
lágrimas e sangue, águia garota:
há
tristeza e violência demais no céu de agora
e por
isso guardamos nosso voo pra outra hora;
é melhor
nos recolhermos na paz de nossos ninhos
a nos
entregarmos aos olhares dos predadores.
E eu
queria trazer pra você, águia menina,
um poema
no ritmo elétrico ou acústico
bem
“Hotel Califórnia”
ou um
samba enredo da Portela histórica
tão
gloriosa,
mas há
tempos que o violão e a guitarra desafinam,
há tempos
que minha escola não faz história,
por isso
esse lirismo de asa recolhida,
por isso
esses versos de efêmera despedida...
Não
podemos voar mais como outrora, águia ferida,
mas os
últimos trovões estão passando;
em breve,
o céu será nosso
e
voaremos de novo, águia querida,
nos
veremos de novo, águia poesia,
e teremos
nossas asas com vida
pra
sempre mais uma vez!
Carlos
Brunno S. Barbosa
Então dia
27 chegou e Juliana e eu voamos para o Rio de Janeiro e mais uma vez
participamos do fodástico evento Identidade Cultural & Movimento Culturista,
como vocês podem ver no vídeo abaixo, que registra a minha participação e a de
Juliana Guida no evento organizado por Janaína da Cunha.
Nesta
apresentação, Juliana perdeu a vergonha e declamou diversos poemas dela. Eu fiz
parceria poética com Janaína da Cunha, declamei poemas 'covers', de outros
autores - "Dimensões Metállicas", de Karina Silva, e "Ronco
D'Água", de Andréia Sineiro - e li o poema de sua autoria "Poema
cortante", em homenagem à organizadora do Identidade Cultural e a Maycon
Arcanjo.
Que nossos voos poéticos sejam eternos, amigos leitores!
Devido a um bug do blogger, eles demoraram, mas finalmente chegaram ao blog (já estavam há tempos no youtube e levei uma coça de informatiquês pra colocá-los aqui pra vocês): os vídeos do “Sarau
Solidões Coletivas In Bar 13: Astronautas de mármore, donzelas metállicas,
passagens pra Saigon, armas químicas e poemas”, em tributo ao rock gaúcho, ao
heavy metal e a Emílio Santiago, comemorando 1 ano do Sarau Solidões Coletivas
In Bar oficial!
O evento aconteceu na noite de 20 de abril, na Boite Mr. Night,
em Valença/RJ, e contou com um grande público, muita música, poesia e diversão!
Abaixo posto os vídeos do evento para os amigos leitores
verem (ou relembrarem, caso tenham ido nessa festa lírica) o que rolou na Festa
do Sarau Solidões Coletivas:
Neste primeiro vídeo do Sarau Solidões Coletivas
In Bar 13, declamei um poema ac/dciano com o músico Breno Meirelles; há o
stand-up comedy retrospectiva de Ronaldo Brechane; Wagner Monteiro, Fred Ielpo,
Breno Meirelles e Davi Barros interpretando clássicos do rock nacional; eu
declamando “Extraño”, letra de música de Nenhum de Nós; a encenação do Grupo
Amor e Arte, fazendo um jogral com o poema “Rosinha de Valença”, de Déia
Sineiro; o retorno de Erick Ramos; o poema “Promessas desfeitas”, declamado por
mim; “Segunda-feira blues”, dos Engenheiros do Hawaii, interpretado por Juliana
Guida Maia.
Neste segundo vídeo do Sarau Solidões Coletivas In
Bar 13, declamei a letra de música “Piano Bar”, composta por Humberto
Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii; a composição de Raquel Leal em homenagem
aos artistas do Sarau Solidões Coletivas; Patrícia Correa declamando poemas de
sua autoria; eu declamando o poema “Animais selvagens”, de Luiz Guilherme
Monteiro, acompanhado da guitarra louca de Bruno Luís; Rabib declamando “Se a
chuva”, poema de minha ex-poetaluna Alcione Souza; a estréia de Marina
Montenegro declamando “Ismália”, de Alphonsus Guimarães; a poesia guerreira de
Wagner Monteiro; Luan Barros declamando a letra de música “Telhados de Paris”,
de Nei Lisboa; eu declamando “Sob um céu de blues”, da saudosa banda gaúcha
Cascavelletes, acompanhado do violão blues de Zé Ricardo; o show rep de Paulo
Roberto com o Graveto Old Style.
Neste terceiro vídeo do Sarau Solidões Coletivas In Bar 13,
declamei o poema em homenagem ao aniversário de Cíbila Farani; o poema
interativo de Gilson Gabriel, uma “ode ao coletivo”, com a participação animada
do público; o Acoustic Project em versão elétrica – Gabriel Carvalho e Emanuel
Coelho mandando composições elétricas de autoria própria; a prosa poética de
Raquel Leal para Cíbila Farani; o poema de Leonel declamado por Patrícia
Correa; o retorno de Alexsandro Ramos declamando poemas de Erick Ramos e de
Castro Alves; eu declamando Ana (diplose), em homenagem a musa Ana, de “Refrão
de Bolero”, dos Engenheiros do Hawaii; a estréia do rapper Diego acompanhado da
guitarra de Gabriel Carvalho; a “Miss Tatoo” de Gilson Gabriel; o tributo a
Emílio Santiago feito por Erick Ramos e Juliana Guida Maia; mais poemas de
Patrícia Correa; a segunda parte do stand comedy de Ronaldo Brechane.
Neste quarto vídeo do Sarau Solidões Coletivas In Bar 13,
declamei o poema de Rabib Floriano em homenagem ao heavy metal; o show do Black
Cult, com Davi Barros, Eddie Mendonça e Uli Barros, voltando às origens black
metal e com a presença ilustre do lendário Metal; o poema “Oração heavy metal
ao Cisne negro”, em tributo a Cruz e Sousa e Metallica, declamado por mim,
acompanhado da guitarra de Eddie Mendonça e a batera de Uli Barros; a dama
entre a guerra e o poema Raquel Leal declamando poema em homenagem ao meu
diálogo poético com Aquiles Peleios; novos poemas de Patrícia Correa; o poema
“Dimensões Metallicas”, de Karina Silva, declamado por mim e por ela; o poema
“Sociedade Maldita”, de Luiz Guilherme Monteiro, declamado por mim, acompanhado
da guitarra de Karina Silva.
Neste quinto e último vídeo do Sarau Solidões
Coletivas In Bar 13, declamei o meu poema “Trando folga do sistema”, em
homenagem à banda System of Down, acompanhado do violão de Breno Meirelles e a
batera de Uli Barros; o show de José Ricardo Maia, mandando Charlie Brown Jr.,
Legião Urbana, entre outras canções, acompanhado da bateria de Uli Barros.
Sexta-feira, dia em que homens e mulheres solteiros se
preparam para a caçada noturna de todo fim de semana: a busca em bares e boites
por um remédio contra a solidão: o amor, que cada vez parece mais escasso na
cidade. E, às vezes, encontramos esse alguém, mas o alvo de nossos desejos não
percebe o que nosso olhar pede, entramos na friendzone, nos tornamos amigos de
quem desejamos, então bebemos, bebemos, bebemos; apenas o olhar mantém o desejo
que ninguém além de nós mesmos consegue ver. Mas a poesia vê, o poema nos vê
além de nossas máscaras.
O meu poema de hoje, inédito ainda, foi construído inspirado
na colega Bárbara, que nutria desejos por um amigo meu, com o qual quase sempre
ela esbarrava nas noites de sexta-feira e, com ele, bebia até tarde, mas raramente
algo acontecia entre eles. Um poema que fala o que os lábios calados deveriam
gritar.
Pra ser lido ouvindo “Preciso dizer que te amo”, de Cazuza,
ou “Por que não eu?”, do Kid Abelha.
Ensaio sobre
a cegueira dos bêbados
(de amor)
Não vejo suas palavras...
O que vejo é a sua timidez
trancada pelos gritos
contidos nos ingredientes alcoólicos
dessa mistura que nos embriaga.
Mas não se cale; isso é apenas um olhar...
Continue falando o que não vou escutar.
Enquanto isso, bebo seu sorriso sério,
sua mímica lírica que me hipnotiza,
seus signos mudos que beijam meus olhos surdos.
Não sinto seus toques...
O que sinto é a sua distância
desviada pelos caminhos
infinitos nos atalhos viciosos
desse líquido superficial.
Mas não pare; isso é apenas um olhar...
Continue apalpando o que não vai me sensibilizar.
Enquanto isso, percorro sua estrada impossível,
suas trilhas oníricas que me iluminam,
seus passos no escuro que alcançam minha cegueira brilhante.
E a conta está sobre a mesa
com valores que nos saltam aos olhos!
Mas não pule; isso não é nada!
Eu pago tudo e partimos!
Enquanto isso, você se despede de minha máscara polida,
Ainda falando em artes que envolvem o tema vingança, amores
e desamores, compartilho hoje minhas solidões poéticas com a fodástica
poetamiga carioca Cristina Lebre. Conheci a escritora Cristina Lebre na edição de
maio do ano passado do Identidade Cultural & Movimento Culturista, por
intermédio da organizadora Janaína da Cunha e de Lucilia Dowslley, organizadora
do evento Brinde à Poesia. Na época, Cristina Lebre estava lançando seu primeiro
livro, o intenso “Olhos de Lince” (recomendo que visitem o blog da escritora no link: http://crislebre.blogspot.com.br/ ).
Quando adquiri uma edição da obra de Cristina Lebre e li seu
conteúdo, fiquei extasiado com alguns poemas, entre eles o sinistro e fodástico
“Novembro negro” e o neo-simbolista, um misto de Hilda Hilst com Cecília
Meireles, o tenso e mais-que-fodástico “Vingança”, poema que tenho o prazer de
compartilhar hoje no blog. Destaco a riqueza de imagens, a tensão sonora em
aliterações - uso de palavras diversas cujas letras trazem os mesmos sons - com vocábulos de sons fechados, as rimas internas e externas,
somados a reversões de significados a partir de versos parecidos, mas com
algumas palavras intencionalmente e genialmente trocadas (é o caso do verso
“Procuro o bem no meio do mal” que reaparece na estrofe final como “Encontro o
mal no meio do bem”). A “Vingança” é cruelmente bem elaborada, trazendo-me
novos significados a cada momento e estado em que os leio; o eu lírico de
Cristina Lebre conseguiu: nossos olhos terminam a leitura compartilhando de sua
dor vingativa pelo “caminho que ainda não se abriu”.
Seja o mal em meio ao bem, seja o bem em meio ao mal, que a
vingança de Cristina Lebre nos seja sempre mortalmente maravilhosa, amigos
leitores!
Ontem meus alunos-escritores, da Escola Municipal Alcino
Francisco da Silva, de Teresópolis/RJ, mostraram seus talentos narrativos,
recontando a história do clipe “Menina má”, de MC Anitta. Hoje, inspirado
neles, chegou a minha vez, é o momento de apresentar minha (sub)versão da
história do clipe de MC Anitta!
A minha (sub)versão da história é contada em primeira
pessoa, como aconteceu em vários contos que eu publiquei ontem, mas o meu
narrador-personagem não é a menina má, nem o rapaz que a esnobou na infância;
resolvi recontar a história, com algumas alterações nos acontecimentos, na visão
de um personagem que passa quase despercebido pela sua condição de objeto no
clipe, narro minha história através do cara que a menina má utiliza para fazer
ciúmes no rapaz que a esnobou na infância. Sim, aquele personagem secundário do
clipe, em meu conto, é o narrador-protagonista, uma das estrelas dessa saga de
amor, ódio e vingança.
O título do meu conto faz referência ao romance “Presença de
Anita” (1948), de Mário Donato, que foi transformado em uma minissérie
brasileira de 16 capítulos, exibida pela Rede Globo, de 7 de agosto a 31 de
agosto de 2001.
Para lembrarmos que todos somos protagonistas de nossas
histórias, por mais secundários que pareçamos, amigos leitores.
Presença de Anitta
(ou A vida inteira em um beijo seu)
Anitta era
uma garota muito linda, a menina mais linda do 5.º ano C. Estudávamos na mesma
sala, ela na primeira carteira do canto direito, eu na última do canto
esquerdo. Ficava admirando-a de longe, razão pela qual o professor Sócrates
sempre me chamava a atenção:
- Sempre
aéreo, Platão! Como vai passar de ano distraído desse jeito?
Mas eu não
estava preocupado com o ano, que, aprovado ou não, me passaria velozmente de
qualquer jeito. Queria era gastar o tempo todo admirando a linda Anitta. Pena
que ela só tinha olhos para o babaca do Homero, do 8.º ano A. Cego pelo ego,
Homero só amava a si mesmo, vivia admirando sua própria musculatura e esnobando
as garotas da escola.
Eu seguia
Anitta na entrada da escola, no recreio, na saída, em todos os momentos. Era
como uma câmera de reality show que registrava cada instante da participante
favorita. Tanto que eu estava bem perto dela, na saída da escola, quando vi
Anitta tomar coragem, se aproximar de Homero e entregar-lhe uma carta. Assisti
revoltado à cena: Homero leu a carta de Anitta em voz alta, com tom de deboche,
na frente de todos, na frente dela! Vi o semblante doce de Anitta ganhando
contornos de tristeza, vergonha e raiva. Homero e os amigos riam, enquanto
Anitta se transformava em alguém irreconhecível; era o fim da garota doce, era
o início da menina má. E eu não fiz nada... apenas senti o furacão furioso do
corpo de Anitta passar por mim e partir.
Depois
disso, nunca mais a vi naquele ano. Disseram que a mãe dela a trocou de escola.
Já Homero virou uma lenda entre os alunos: “Lá vem o garoto mau que espantou a
pirralha da Anitta”. Ouvi tudo calado, reparei como Homero se sentia
envaidecido com o mito criado, mas eu nada podia fazer, afinal também era
considerado um pirralho. Mas desejei ardentemente que Homero, um dia, pagasse
por seus crimes.
Os anos
seguintes passaram arrastado, sem Anitta, sem motivos para sorrir, nem para
sonhar. Homero completou o nono ano e, sem aptidão para os estudos, abandonou o
ensino médio e abriu uma oficina ao lado de minha casa, com patrocínio de seu
pai, um senhor arrogante que vivia cantando as mulheres da vizinhança. Passei
minha adolescência e início de juventude tendo que aturar a presença
inconveniente de Homero como uma espécie de vizinho. Pra piorar, minha mãe
começou a se engraçar com o pai de Homero:
- Não me
olhe assim, Platão! O pai do Homero é viúvo e eu estou separada de seu pai. Não
há nada de errado nisso, rapaz!
Jovem,
descobri que o crime compensa: o pai de Homero passou a freqüentar minha casa e
a oficina de seu filho prosperava. Pra se livrar de minha presença incômoda, o
pai de Homero fez seu filho tornar-me aprendiz de mecânico na oficina.
- Não é
assim, seu burro! Presta a atenção, pô! – passei o resto de minha juventude
aturando a ignorância de Homero, meu “irmão por consideração”, predicativo que
minha mãe dava a ele e que eu negava veemente.
Nesse
período, os anos se arrastaram sem brilho e com muita graxa. Minha existência
teria sido medíocre, se não fosse o retorno triunfal de Anitta.
Era um dia
de sol intenso, muito trabalho na oficina, Homero e eu ralávamos
incansavelmente, apesar do forte calor. Foi quando ela entrou na oficina e o
mundo pareceu ter parado para contemplá-la: Anitta estava na nossa frente, mais
madura, maravilhosa, trajando um vestido transparente, mais linda e sensual que
nunca! Apesar de seu olhar frio e hipnótico, diferente de outrora, reconheci
logo minha musa de infância. Já Homero não; continuava sendo o mesmo babaca de
antes, o mesmo idiota que só repara em si mesmo.
No rádio da
oficina, tocava um funk. Sem dizer palavra, ela começou a dançar e a provocar
Homero. Pensando ter encontrado uma presa fácil para seus encantos ‘irresistíveis’,
ele fechou a porta da oficina, olhou aquela deusa provocante lhe dando condição
e me empurrou:
- Vai lá
pros fundos limpar as peças, Platão! Vaza daqui!
Antes de
sair, olhei para trás e vi Anitta continuar sua dança provocante e empurrar
Homero na cadeira, próxima à mesa onde fazíamos os orçamentos para os clientes.
- Ah, você
gosta de bancar a mandona, cadelinha? Uh, vai me amarrar também! É isso aí,
cadelinha, manda que o teu macho obedece! – definitivamente ficar nos fundos da
oficina ouvindo as bobagens de Homero, imaginando-o com Anitta, depois de tudo
que ele fez, era o fim. De costas para tudo, cerrei os punhos e pensei em
finalmente tomar uma atitude, ou, pelo menos, sair daquele cenário de terror.
Foi quando
senti o toque ardente de Anitta em minhas costas. Me virei, nossa, ela estava
linda! Mesmo suada, senti seu perfume provocante, nossos corpos próximos.
Anitta trazia um sorriso maligno, mas permanecia fascinante pra mim:
- Vem
comigo, Platão! – pensei em lhe perguntar se ela lembrava de mim ou citava o
meu nome porque ouviu Homero falar comigo, mas seus olhos não pediam dúvida,
apenas obediência. Como na infância, apenas a segui.
De volta à área
principal da oficina, vi Homero amarrado na cadeira, se debatendo e
praguejando. O som alto do funk no rádio abafava os xingamentos dele. Anitta
colocou o dedo indicador da sua mão direita nos lábios dele, recomendando que
se calasse. Desolado e intimidado pelo olhar de Anitta, Homero só pôde
obedecer.
Então, na
frente dele, Anitta me puxou de encontro ao corpo dela e me beijou na boca. Senti
meu corpo afastar-se da Terra e transformar cada segundo daquele beijo numa
eternidade. “Ah, Anitta estava me usando pra se vingar de Homero; eu era um
mero objeto de seu plano”, minha consciência condenava minha passividade diante
da garota, mas, ah, bem que eu estava gostando! Ah, uma vida inteira em um
beijo!
Acordei do êxtase
quando Anitta afastou seus lábios dos meus e suavemente me empurrou. Olhei nos
olhos dela; éramos cúmplices de uma vingança bem feita. Não havia mais ódio em
seu olhar, apenas um brilho satisfeito de justiça. Então ela desciou seu olhar
para a porta. Não era mais uma menina má; era novamente a doce Anitta, que
precisava partir, seguir em frente.
Busquei ser
cavalheiro, abri a porta da oficina e fiz uma leve mesura, indicando-lhe a saída.
Anitta tocou de leve o meu rosto, fez uma breve carícia, deu o sorriso mais
lindo que já vi em toda minha vida e foi embora, sem olhar pra trás, deixando
ainda mais desolado o estúpido e amarrado Homero.
Fora em
alguns sonhos esporádicos, nunca mais vi Anitta. No dia seguinte à sua visita,
Homero e eu continuamos os trabalhos na oficina. Ele não me demitiu, nem me
dirigiu mais nenhuma ofensa. Homero parecia estabelecer com isso um contrato de
silêncio sobre o vergonhoso episódio. Imagino a cara que ele vai fazer quando
ver essa nota publicada no meu facebook e em outras redes sociais! Nunca gostei
dele mesmo e, caso me demita, até que me faria um favor. Anitta mudou sua história.
Está na hora de eu fazer o mesmo com a minha vida.
Como em toda comemoração do Dia Internacional da Mulher, uma
semana antes dessa data especial, pedi que meus alunos da Escola Municipal Alcino
Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, votassem na artista mulher que eles
desejavam que eu destacasse em 2013. Em 3 salas das 4 nas quais leciono, MC
Anitta ganhou a eleição de artista mulher destaque. Confesso que primeiro fiz
careta, mais por desconhecimento da fodástica artista que por desprezo ao valor
artístico da artista, porém cumpri o prometido e estudei a vida e arte de MC
Anitta.
Apesar de eu não ser muito fã do ritmo funk carioca, admito
que me rendi ao som e estilo de Anitta, bastante diferente da postura de outras
musas do funk de outrora. Anitta criou uma nova persona para a funkeira: ela é
a menina má, meiga e abusada, que não permite que os homens a tratem como
objeto de seus desejos; ao contrário, os eus líricos das canções de Anitta usam
e abusam dos rapazes e, se eles não se portarem bem, são descartados e,
dependendo da ofensa, humilhados pela menina má. Trabalhei com os alunos,
principalmente, a canção “Menina má”, sucesso nas 4 salas em que apliquei a
atividade. A partir daí, tecemos comparações com a Menina Má, do livro
“Travessuras da Menina Má”, do escritor ‘nobel de literatura’, o peruano Vargas
Llosa, e com a “boneca má”, de uma canção da banda carioca de rock Leela.
De todas as atividades, a que mais deixou os alunos vidrados
foi o clipe oficial da canção “Menina má”, cujo enredo conta-nos a história de
uma menina que, após ser rejeitada e humilhada pela sua paixão de infância
(todo garoto e garota, entre 8 e 16 anos, já passou por isso em algum momento
de sua vida escolar rs), torna-se uma garota má e, com o passar do tempo,
vinga-se do ex-amor. Percebendo a fascinação dos alunos por Anitta e pelo clipe
“Menina má”, pedi que eles produzissem um conto, recontando ou recriando, cada
um à sua maneira, a história de amor e vingança do vídeo dado.
Abaixo tenho o prazer de compartilhar com vocês alguns
desses fodásticos contos de garotos maus e meninas más. Mostrando talento e
dedicação, os alunos-escritores dos oitavos e nonos anos da Escola Municipal
Alcino Francisco da Silva trazem grandes releituras da história do clipe
“Menina má”: alguns mantiveram a história original do clipe, modificando o foco
narrativo – uns interpretando o papel da menina má, outros do rapaz, vítima da
vingança da menina má -; outros construíram uma história completamente
diferente do clipe, porém mantendo a essência de amor, desprezo e vingança;
outros associaram a canção de Anitta a músicas de outros cantores (como “Baba,
baby, baba”, de Kelly Key, e “Eu me apaixonei pela pessoa errada”, do grupo de
pagode Exaltassamba); outros se basearam em episódios de séries de sucesso como "Todo mundo odeia o Chris"; outros modificaram o final da história, alteraram nomes,
mudaram espaços ou inverteram os papéis do roteiro original (há, por exemplo,
“Um menino mau”, de José Vitor e Rafaela Ribeiro, que lembra aqueles contos
cruéis do premiado contista paranaense Dalton Trevisan; já “A menina má de
Athirson” faz o protagonista de gato e sapato do começo ao fim; enquanto em “O
aprendizado de Rayssa”, inspirado em fatos reais, segundo a escritora, termina
com uma reflexão, e não uma vingança), seja como for, todos mostraram talento e
genialidade para construírem narrativas envolventes de amores, dores e
vinganças. A coletânea ainda inclui um poema inspiradíssimo na canção, feito
por Wanessa e Lizandra, sem preocupação de receber pontos extras pela atividade!
Preparem-se, leitores, pois vocês estão prestes a conhecer
grandes contos de fortes emoções e terríveis vinganças contra aqueles que
rejeitam o amor da infância!
(E não percam: amanhã trago a minha releitura da Menina Má,
um conto inspirado nas obras fodásticas dos meus alunos-escritores!)
Chagas no coração
Eu me
lembro quando estudava na 3.ª série. Gostava muito de um menino chamado
Jonathan, Era bom, pois, pelo menos, ele falava comigo; achava que eu
gostava dele só como amigo.
Um dia eu tive
coragem e escrevi tudo que sentia por ele. Pedi a uma amiga para que entregasse
a carta e fiquei vendo de longe como ele iria reagir. Quando ele abriu e leu a
carta, rasgou-a, depois se aproximou de mim e disse:
- Nunca vou
querer você! Você é muito criança pra mim, vê se enxerga!
Então saí
correndo para o banheiro com o coração cheio de chagas. Eu o amava e ele só me
ignorava. Cansada de ser desprezada por ele, resolvi fingir que não gostava
dele, mas não deu certo.
Quando eu
estava na 6.ª série, finalmente me curei da paixão doentia que sentia por
Jonathan. Foi quando ele reapareceu, chegou até mim e me pediu perdão por tudo
que me fez sofrer, me levou até flores.
Mas era
tarde demais: eu estava namorando um menino maravilhoso e que sabia me dar valor.
Jonathan, arrependido, me liga até hoje e não me deixa em paz. Mas virei uma menina
má para ele e não volto atrás!
(Michaela Pacheco e Tainara Francisco – 8.º Ano A)
O aprendizado de Jakeson
Aos 8 anos
de idade, Jakeson descobriu que gostava de uma menina chamada Vitória, mas ela,
sempre acompanhada de suas amigas, nunca dava ideia para ele.
Certo dia,
ele acordou com um pressentimento. Ele pensou que conseguiria ficar com ela se
lhe presenteasse com um buquê de rosas vermelhas. Jakeson procurou emprego, mas
não conseguiu nenhum. Então resolveu juntar sua mesada, comprou o buquê e deu o
presente para Vitória, junto com uma carta. Ao ler a declaração de amor, ela e
suas amigas ficaram caçoando dele. Jakeson viu tudo aquilo triste e foi embora.
Com o
passar do tempo, Jakeson pensou em se vinga dela. Numa balada, ela finalmente o
notou e quis ficar com ele, mas Jakeson lembrou do episódio passado e deu um
fora nela também. Mostrou para Vitória que não havia apenas ela no mundo.
Depois da infância, Jakeson viu que havia muitas mulheres melhores que ela.
(Renan Branco, Felipe e Jeferson – 8.º Ano A)
Triste fim de Joselinda
Havia um menino
que se chamava Josecrédio, que gostava muito de uma menina chamada Joselinda.
Ela era muito linda, mas nunca dava bola para Josecrédio. Ela era muito linda,
mas nunca dava bola para Josecrédio. Ele nunca desistiu. Mesmo sempre tentando,
ela não perdia a oportunidade de dar um fora nele.
O tempo foi
passando e ele cada vez tomando mais raiva dela, pois ela chegava perto dele,
chamava-o de feio, nojento, colocava-o pra baixo e se colocava lá em cima,
poderosa e bonita.
Eles
ficaram mais velhos: Josecrédio se tornou um rapaz legal, maneiro e Joselinda a
mesma nojentinha de sempre. Só que ele tinha vários amigos e uma namorada muito
mais bonita que ela. Joselinda até ficou um pouco feia, de tão nojenta e
egoísta. Tanto que acabou ficando sem ele, sem amigos, sem ninguém.
(Jhekson William de Almeida Ramos, Caio de Oliveira Garcia e
Nathan Machado Souza – 8.º Ano A)
O troco
Quando João
era pequeno, gostava de uma menina chamada Maria, que não gostava dele.
Um dia,
João escreveu e entregou uma carta para Maria. Ela, para zoá-lo, começou a
mostrar a carta para suas colegas, que começaram a rir dele.
O tempo
passou, João cresceu e virou um grande artista, muito famoso.
Um dia, Maria e João se
reencontraram em uma festa. Maria pediu para ficar com ele, mas João, no meio
de tantas pessoas, esnobou Maria, colocou-a pra baixo e todo mundo ficou rindo
dela. Após isso, ele ainda disse:
- Esse é o troco!
(Patrick Lorran e Cristian – 8.º Ano A)
O menino bom e o menino mau
Joãozinho
era um menino muito legal, que gostava muito de Maria. Ele ia falar com ela,
mas Maria nunca dava confiança para Joãozinho.
Mesmo ela o desprezando, ele não
perdia as esperanças, tanto que, um dia, tomou coragem e entregou uma carta de
amor para Maria.
Ela foi correndo com suas amigas
para ler a carta e ele foi atrás delas escondido para ouvir o que Maria acharia
de sua declaração. Quando começou a ler as coisas que Joãozinho escreveu, Maria
achou tudo horrível.
Então ele a odiou como nunca
havia odiado alguém antes.
Alguns anos se passaram e Maria
se esqueceu de Joãozinho. Mas ele não se esqueceu de Maria.
Ele ia fazer da vida dela um
inferno!
Conforme os anos se passaram,
Maria se esqueceu como João era e não sabia que o jovem de quem ela gostava era
Joãozinho.
Então ele a desprezou do mesmo
jeito que ela o desprezou no passado.
(Rodrigo da Silva Pimentel – 8.º Ano A)
O aprendizado de Rayssa
Rayssa era
uma menina doce e meiga, até que, um dia, apareceu um menino pelo ela qual se
apaixonou. O menino falou que também gostava dela, mas depois começou a namorar
outra pessoa. E deixou Rayssa de lado.
Depois de
um tempo, ele largou a namorada e disse que estava apaixonado por Rayssa e que
ela era o amor da vida dele. Rayssa já estava feliz sozinha e lhe disse não.
Foi nesse
momento que ela aprendeu que não se deve acreditar em qualquer pessoa, nem em
qualquer “eu te amo”. Dizer “te amo” qualquer um diz, mas amar de verdade são
poucos os que amam.
(Lorraine e Rayssa – 8.º Ano B)
A menina má de Athirson
Athirson
era muito bonito. Com 10 anos de idade e morando na Volta do Pião, ele gostava
de uma menina muito bonita chamada Daiara, que tinha 9 anos e era sua vizinha.
Certo dia,
Athirson enviou uma carta pra ela, dizendo que a amava. Ela pegou a carta e foi
ler com as amigas. Elas ficaram zombando dele.
Então eles
cresceram, ficaram adultos e ela continuava não dando a mínima pra ele.
Um lindo
dia, Athirson estava passando em frente á casa de Daiara e ela o chamou pra
entrar. Empolgado, ele entrou e lá Daiara o amarrou na cama dela. Ela ficou
provocando-o, dançando na frente dele só de calcinha e sutiã! Athirson ficou
babando! Mas ela achava graça em ver ele babando por ela.
Daiara
ficou sendo pra sempre uma menina muito má com Athirson.
(Athirson – 8.º Ano B)
Claro que não!
Havia na escola uma
menina linda que eu conheci no ano retrasado. Uma vez, tomei coragem e pedi uma
chance de namorar com ela, que me respondeu assim:
- Claro que
não!
- Por que
eu sou feio ou sou muito chato ou babaca?
- Não. Você
não é babaca, chato e feio. Você só não faz o meu tipo de menino!
Mas ela não
saía da minha cabeça. Só pensava nela e não conseguia me concentrar nos deveres,
nem nas aulas direito.
Passados
alguns dias, ela permaneceu muito má comigo. Pedi de novo. Desta vez ela disse:
- Claro que
não! Você é muito feio e babaca!
Eu saí de
perto dela triste e todos os meninos começaram a rir de mim. Fiquei
envergonhado, saí de perto de todo mundo e fiquei sozinho chorando.
Nesse
momento, passou uma menina e me disse:
- Tadinho!
Quer ficar comigo?
- Claro que
sim! – eu respondi.
Tempos
depois, me casei com ela e a menina que eu gostava não se casou. Um dia, ela me
falou:
- Larga
dela pra ficar comigo!
E eu
respondi:
- Claro que
não! Lembra que eu te pedi pra ficar comigo e você disse “Claro que não!”?
Agora é minha vez de falar: Claro que não!
Eu me
tornei um menino muito mau e saí rindo da cara dela.
(Caio Xavier Damião – 8.º Ano B)
A virada de Jenniffer
Jenniffer
era uma menina que não gostava de ninguém. Mas, quando viu Diego, se apaixonou.
Depois de
um tempo, ela se declarou. Mas ele nem lhe deu ideia. Ela foi crescendo, porém
não esquecia o que lhe aconteceu na adolescência.
Certo dia,
Jenniffer reviu Diego. Ele estava careca, com os dentes tortos e Jenniffer
estava perfeitamente linda. Diego ameaçou cumprimentá-la, mas Jenniffer virou o
rosto e continuou andando. E nem deu ideia.
(Jenniffer – 8.º Ano B)
O arrependimento
Um dia, à
tarde, uma moça gentil e apaixonada por um rapaz, resolveu se abrir para ele,
enviando uma carta de amor.
Ele
respondeu com outra carta, dizendo que não gostava dela, que ela era feia e que
ela nunca iria ser alguém na vida.
A moça
gentil cresceu e se tornou uma mulher famosa. O rapaz, arrependido do que fez,
agora loucamente a quer. Só que agora quem diz não é ela. Agora ela arrumou
outro homem.
(Emmanuel e Cleisson – 8.º Ano B)
Dar valor depois que perdeu... Bobagem!
Num dia de
sol, no Colégio Tatalha, o único menino negro fazia suas tarefas como sempre,
até que começaram a surgir cartas com uma letra feminina. As cartas eram todas
declarações de amor de uma menina doce, que às vezes chegava a ser bobinha. O
nome dela era Kelly, conhecida por muitos como Ganibalda. Ele ainda não sabia
quem era, mas em sua mente sempre vinha a imagem de uma menina bela.
Em uma
dessas cartas, estava escrito o número dela com a seguinte frase: “ligue pra
mim”. O menino então rapidamente ligou pra ela. Quando ela disse “Oi”, ele
ficou enlouquecido com a sua voz. Então eles começaram a conversar
frequentemente.
Chegou um
dia em que ele resolveu conhecer em pessoa a tal de Kelly. De pronto ela
aceitou. No outro dia, ele chegou um pouco mais cedo ao fliperama e esperou,
esperou, esperou... Quando percebeu, lá vinha ela com um óculos fundo de
garrafa, roupa de freira e trança frouxa. Então ele disse de cabeça baixa:
- Meu Deus,
não sabia que era tão feia assim!
Quando ele
disse isso, ela, decepcionada, saiu chorando.
No dia
seguinte, o corredor da escola estava muito cheio e ele foi ver o que era.
Quando chegou, ficou estático; era a Kelly, só que toda arrumada e bonita,
igual a uma top model. Então ele foi rapidamente se desculpar, só que levou um fora
e foi xingado em 15 idiomas diferentes. E o que sobrou foi lamentar sobre o
leite derramado. Só soube dar valor depois que perdeu, mas, então, como sempre,
foi humilhado por todos da escola.
(Maiara e Stephany – Turma 8.º Ano B)
Um menino mau
José Vitor
era muito mau, rejeitava todas as meninas que mandavam cartas para ele. Um dia,
ele encontrou uma de suas vítimas na rua:
- Por que
você não quer ficar comigo?
- Por que
eu não quero me apaixonar por ninguém agora.
Mas ela
ficou muito traumatizada com a rejeição e insistiu:
- Eu gosto
muito de você!
Ele
respondeu:
- Mas o
nosso amor não pode ser correspondido como você deseja.
Algum tempo
depois, veio a vingança: ela ficou com outro garoto na frente dele.
José Vitor
nem ligou, porque não gostava dela. Mesmo assim, estranhamente, sentiu um pouco
de ciúme...
(José Vitor e Rafaela Ribeiro – 8.º Ano B)
Menina Má
No começo,
eu era jovem, gostava da vida, da família, dos amigos e, principalmente, de um
garoto. Com o tempo, pra mim, só existia ele; tudo era ele, ou seja, ele se
resumia a uma palavra: tudo.
Mas ele nem
ligava pra mim, nem me dava ideia. Mesmo assim, finalmente tomei coragem e me
declarei pra ele. O garoto que eu mais amava, mais do que tudo, me deu um fora
na frente dos amigos! Passei o maior mico da minha vida; todos ficavam rindo de
mim, mas o dia deles chegaria.
O tempo
passou, eu cresci e todos aqueles que me esnobavam agora rastejam aos meus pés.
O garoto
que eu mais amava quando eu era criança, agora me deseja. Mas agora sou eu
rejeito. Assim me vingo, pois agora sou uma menina má.
(Alana Gabriel e Victória Karollyne – 9.º Ano A)
A vingança de Anita
Na minha
época de escola, tinha uma menina chamada Anita, que gostava muito de mim; só
que ela era muito feinha. Por isso, eu não dava bola pra ela.
Certo dia,
estava indo embora pra casa e, no meio do caminho, ela me puxou pelo braço e me
entregou uma carta. Peguei a carta e fui ler com os amigos. Como eu a achava
feia, não dei bola e li a carta dando risadas com os meus amigos. Só que ela
estava escutando e eu não sabia.
A Anita
cresceu com muita raiva de mim. Ficou muito linda, ela seduzia todos com o seu
charme. Eu me arrependi de tê-la esnobado quando éramos pequenos. Quando ela
passava em frente a minha oficina, eu ficava doido diante de tanta beleza.
Certo dia,
ela entrou na oficina e começou a me seduzir. Achei que ela ia ficar comigo,
mas não: só queria me seduzir. Ela dançava pra mim e eu ficava maluco. Na hora
em que fui tentar ficar com ela, Anita saiu da minha oficina me zoando, rindo
da minha cara. Ela fez a mesma coisa que eu antes fiz com ela. Me arrependi de
tudo que fiz até hoje. Agora sou eu que choro arrependido...
(Bruno Folly e Vinicius Oliveira – 9.º Ano A)
Vergonha
Seu nome
era Luly. Ela era muito apaixonada por João e fazia de tudo para estar ao lado
dele. Mas João tinha vergonha dela. Passado certo tempo, a relação continuava a
mesma coisa.
Por
coincidência do destino, eles foram estudar na mesma faculdade. Na convivência
do dia a dia, João foi percebendo que Luly estava ficando muito linda e que
todo mundo a desejava.
Certo dia,
ele chegou até ela e disse que estava gostando dela. A partir daquele dia,
fazia de tudo para ela ficar com ele: João mandava flores, bombons, cartas e
tudo o que uma mulher gostaria de ganhar. Mas ela lhe disse que não queria
ficar com ele, porque, quando ela gostava dele, ele não dava bola a ela.
Agora é
tarde demais para João...
(Daiana Rosa e Karolainy Cruz – 9.º Ano A)
Mudanças (Baba, baby, baba)
Quando eu
era mais jovem, era apaixonada por um garoto; só que ele não me dava ideia.
Uma vez eu
lhe escrevi uma carta. Quando fui entregar, ele começou zombar de mim. Ele
estava com uns amigos dele, com os quais foi pra um lugar perto da cachoeira.
Eu os segui pra ver se ele iria ler a carta. Chegando lá, escutei um monte de
gargalhadas. Cheguei mais perto para ver do que eles estavam rindo: descobri
que estavam rindo da minha carta! Fiquei com muita raiva, saí dali correndo e
chorando com muito ódio.
Cheguei em
casa, fui direto pro meu quarto e fiquei um bom tempo sem sair de lá.
Mas o tempo
passou, eu cresci e mudei.
Hoje sou mais madura, tenho mais
conhecimento sobre as coisas. Agora é ele quem chora por mim; provoco e não
fico. Agora baba, baby, baba!
(Caroline de Almeida – 9.º Ano A)
A ex-boba esnobada
Havia uma
garotinha chamada Anitta que era apaixonada por um garotinho chamado Guilherme,
que sempre a esnobava. A garotinha ficava muito triste com isso.
Quando ela
fazia cartas ou algo do tipo, ele mostrava para os amigos e todos riam da cara
dela.
Então a
garotinha cresceu e decidiu parar de ser uma boba esnobada. Finalmente ela
resolveu se vingar. E agora ela não é mais aquela garotinha esnobada, e sim uma
menina muito má.
Um dia, ela
chegou ao trabalho da sua antiga paixão, Guilherme, e se vingou dele. Ela o
provocou, dançando na sua frente e negando beijá-lo. Ela o amarrou e o obrigou
a vê-la ficando com o amigo dele. E agora ele corre atrás dela e ela não está
nem aí pra ele.
Durante a
vingança que Guilherme recebeu, ele relembrou do que fazia com Anitta e agora
está vendo como dói ser esnobado.
Anitta se
tornou uma menina bonita, rica e poderosa.
(Larissa e Yohana – 9.º Ano A)
A festa da vingança
Bia era uma
menina boa, meiga e apaixonada por um lindo rapaz que se chamava Ricardo. Mas
ele a achava uma pirralha, por ser nova demais e ele ser mais experiente que
ela. Os dois estudavam na mesma escola; só que ele estava numa série mais
avançada que a dela.
Com o
passar dos anos, Bia se transformou em uma menina má, meiga e abusada. Decidiu
se vingar daquele palhaço que a desprezava. Dia após dia, Ricardo notou a
transformação dela e começou a se apaixonar por ela. Quando ela percebeu isso,
fez ele de gato e sapato.
Algum tempo
depois, Ricardo fez uma festa e chamou as meninas mais bonitas da escola,
incluindo a Beatriz. Nessa festa, a Beatriz foi linda, perfeita e maravilhosa,
não tinha menina mais bonita que ela. Bia usou e abusou de Ricardo e ele ficou
igual a um cachorrinho atrás dela. E ela, para se vingar dele, pegou o menino
mais bonito da festa e foi para um canto da casa com o rapaz. Ricardo foi atrás
e a viu com o garoto, na maior pegação na frente dele. Ricardo sentou-se em uma
cadeira e começou a chorar. Bia largou o menino, veio para perto de Ricardo e
fez ele lembrar todos os momentos que ele a humilhou na infância.
Bia foi
embora sorrindo, enquanto Ricardo continuava chorando.
(Luciele, Larissa e Vitória – 9.º Ano B)
Sentimentos opostos
Bruna, aos
10 anos, se encantou por Matheus, um garoto de 14 anos. Bruna era uma menina
doce, meiga e muito romântica. Já Matheus era um garoto mau, esnobe e egoísta,
que não ligava para os sentimentos que a garota sentia.
O tempo foi
passando e Bruna foi se transformando em uma mulher muito atraente, sedutora e
vingativa, a ponto de planejar uma vingança contra o seu primeiro amor que
tanto a rejeitou.
Bruna então
começou a mandar mensagens para Matheus, provocando-o muito. Ele, como não era
bobo de rejeitar aquele mulherão, marcou um encontro com ela.
No dia do
encontro, Bruna se vestiu tão bem que ficou mais bonita e atraente do que ela
já era e foi para o local à espera de Matheus. Quando ele viu Bruna, se
apaixonou perdidamente, mas ela disse coisas horríveis para Matheus.
Magoado,
Matheus decidiu ir embora, com a esperança que algum dia iria reconquistá-la.
(Marliane dos Santos Silva, Neliane dos Santos Silva e
Greiciane Matias Silva – 9.º Ano B)
Eu me apaixonei pela pessoa errada!!!
Anita era
uma menina estudiosa, alegre, uma garota exemplar. Numa sexta-feira, chegou um
aluno novo chamado Igor para a escola onde ela estudava. Foi amor á primeira
vista! Como Igor era do 9,º ano e Anita do 7.º ano, ele não dava nenhuma
importância para a menina.
Anita tinha
algumas amigas do 9.º ano, que andavam com ela. Um dia, Igor passou perto delas
e ficou olhando para Claudia, uma das garotas do 9.º ano. Como Anita era
apaixonada por ele, achou que Igor estava olhando para ela. Anita ficou toda
alegre e, ao chegar em casa, fez uma carta para Igor, dizendo que o amava
muito.
No dia seguinte, entregou a carta
para Igor. Ele começou a ler a carta e, percebendo o engano, falou com Anita:
- Naquele
dia, eu não olhei pra você; eu olhei para a Claudia! Não quero uma pirralha
como você; me esquece!
Anita saiu
correndo, chorando muito, foi pra casa, se trancou no quarto e começou a
pensar:
“Por que eu
estou chorando, se ele não me ama? Nunca mais vou chorar por homem nenhum! O
Igor vai ter o que merece!”
Anita
cresceu, ficou bonita e famosa. Igor agora trabalhava numa fazenda. Numa tarde,
Anita foi fazer uma visita a ele. Lá, ela levou-o para um canto, ligou o som e
começou a rebolar pra ele. Distraído, Igor nem notou que Anita amarrara os seus
braços.
“Agora eu
vou me vingar
Sou menina
má”
E Anita foi
embora, deixando Igor amarrado, lembrando de quando ele a humilhou na escola.
(Ana Cristina, Ana Cláudia e Igor Murta – 9.º Ano B)