Li há pouco um livro antigo de poemas, chamado “Os caminhos
do amor e do desamor”, de José Fonseca Duarte, editado em 1974 (é a única
informação sobre a origem da obra, trazida dentro do volume, além de uma
dedicatória datada em 14 de julho de 1977, em Belo Horizonte /MG).
A obra, extremamente romântica, me foi emprestada por minha tia Nayd Dutra,
para que eu pudesse conhecer a arte poética de José Fonseca Duarte e levasse um
pouco de sua inspiração pra minha arte (fato que aconteceu: alguns poemas novos
meus resgatam um romantismo que há tempos vivia adormecido em minha escrita).
José Fonseca Duarte, com seu eu lírico “um seu eterno
namorado”, nos leva aos caminhos do amor e do desamor em poemas ricos em comparações,
anáforas (repetições de palavras e/ou expressões em versos diferentes e
próximos), antíteses (palavras com sentidos opostos colocadas no mesmo verso ou
em versos próximos. Um exemplo é o próprio título do livro que nos traz as
opostas “amor” e “desamor”), um ritmo melancólico e hipnótico, que pouco a
pouco vai nos levando à estrada tão diversas de sentidos da arte de amar e ser
‘desamado’). Em alguns momentos, devido à monotonia da temática (amor e
desamor), os poemas podem parecer piegas demais, mas quem traça o caminho do
amor e do desamor sabe que a estrada exige esses passos piegas; somos todos
meio piegas quando amamos demais e somos ‘desamados’. Como o próprio eu lírico
da prosa poética final do livro diz: “Perdoa, amor, por Deus, eu lhe suplico,
se muita mágoa eu lhe causei por essa paixão enorme que lhe dedico, esse amor
que jamais esquecerei...”.
E, por esse romantismo em José Fonseca Duarte ,
por esse sentimento em mim, por essa paixão em nós, amigos leitores, hoje
compartilho um dos poemas do livro, o fodástico “Volubilidade”. Deixo pra vocês
também um clipoema da minha declamação do poema de José Fonseca Duarte, filmado
por Juliana Guida Maia, na casa da Tia Nayd (usando os recursos de luz que ela
e o tio Ruy me ofereceram),
Não neguemos os caminhos do amor e do desamor, amigos
leitores, pois são eles que nos fazem sensíveis e realmente vivos.
Volubilidade
Engraçado:
Tu que chegaste com
as mãos abertas,
Buscando o
encontro,
Agora vens com elas
mesmas estendidas,
Indicando
partidas...
Tu que chegaste de
olhos meigos,
Querendo afagos
outrora,
Agora vens, com
eles mesmos,
Ordenando
disfarçadamente que eu vá embora...
Tu que chegaste
entusiasmada,
Falando num amor
terno, mais forte que o tufão,
Hoje falas o idioma
estranho do nada...
Do sentimento
frio... sem emoção...
Com que pressa
louca teus amores vêm...
Com que pressa amarga teus amores vão...
(José Fonseca Duarte)
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