Hoje é a primeira véspera de eleições que o meu blog encara
(lembrando que esse espaço virtual foi iniciado no ano passado, período em que
os políticos – tão ‘amigos’ da cultura e do povo pouco nos procuram). Em (des)
homenagem a esse período tão fértil de farsas, posto meu poema “Promessas
desfeitas IV (De política)”, escrito em 1997 - período em que o elitista ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso lançava a moda da reeleição em ‘prol da população’ –
e publicado em meu segundo livro “Promessas desfeitas” (1997). O poema foi
lembrado pelo ator e amigo Guilherme Ferreira e chega ao blog no momento mais
propício: são nesses dias políticos de intenso sol que os camaleões se banham
do calor do povo e praticam mais eficazmente os seus hábitos de ilusão.
Promessas desfeitas IV
(De política)
Vinha sempre aqui
Todo humilde
Em busca de atenção
Pedia licença
Entrava em minha casa
E repetia sempre, o seu nome:
CANDIDATO POLÍTICO
Me achava importante
Me nomeava seu ELEITOR
Dizia como o VOTO mudava
A consciência da História
Me falou sobre revolução
Mas me desfiz de suas palavras:
Em troca de um saco de cimento
E umas moedas de centavos
O meu VOTO ele comprou.
Depois do tal EMPOSSAMENTO
Nunca mais ele voltou
Ficou todo importante
Virou o centro das atenções
Mudou até de nome:
POLÍTICO ELEITO
Quando o vi assim
Pensei até ter visto um camaleão
E foi então que aprendi
Que saco de cimento não faz casa
E que moeda de centavo não faz milhão.
Mas, após três anos e meio do acontecido,
Não foi que o desgraçado voltou?...
Com um sorriso amarelo de "humildade"
Invadiu minha casa
E, como se me enganasse, trocou de nome:
CANDIDATO A REELEIÇÃO
Foi então que me irritei
Lhe disse que suas PALAVRAS não desfazem
Seus anos de MÁ ADMINISTRAÇÃO
E que suas PROMESSAS DESFEITAS não lhe dão
O direito de acusar a OPOSIÇÃO
Pois agora eu aprendi
Que ELEITOR que vende VOTO
Dá direito de LADRÃO comprar o nome
De CANDIDATO A REELEIÇÃO.
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