Em 1.º de dezembro de 2013, li esse poema pela
primeira vez, o texto me marcou, emocionou-me, não sei por que não mandei o
texto logo para o blog (dezembro é um mês conturbado – fechamento de notas,
fechamento de ano, fechamento de balanço interior, não sei; só sei que o poema
me marcou, mas me esqueci de marcá-lo no blog; foi o “Neste dia”, ferramenta do
facebook que relembra momentos passados, que me trouxe de volta à fascinação de
poder ler este fodástico poema de Victor Santos da Silva mais uma vez).
A escrita poética do poetamigo teresopolitano
Victor Santos é febril, vibrante, cheia de referências pop e literárias (no
caso desse que posto hoje e com o qual compartilho minhas solidões poéticas
pela primeira vez solo – Victor já aparecera em vídeos meus de eventos do Projeto
Ponto de Luz, organizados por ele – a influência de Legião Urbana torna-se
evidente em fragmentos como “ando metal contra as nuvens” e “de se sentir
molestado e negligenciado” [mesma sensação do eu lírico da profunda composição
de Renato Russo chamada “Clarisse”, e a lembrança de Raul Seixas no reflexivo
trecho “Ando ouro dos tolos”, mais alguns paradoxos e tons sonoros de Cecilia
Meireles, entre outros) e seus eus líricos trazem uma sensação de urgência
inescapável, um leve desespero e versos que flertam com a prosa (bem no estilo
Álvaro de Campos, famoso heterônimo de Fernando Pessoa) – tudo isso misturado
produz um lirismo fodástico e marcante com uma escrita personalizada e
profunda, única; vale a pena ler, reler, seja no ontem, no amanhã, no hoje, no
sempre!
Vejamos como andava liricamente o fodástico
poetamigo Victor Santos da Silva, amigos leitores! Boa leitura e Arte Sempre!
Ando travado com a solidão como quem espera a
primavera no polo do planeta...
Ando careta...
Ando como se enchesse o vazio enquanto
esvazio-me...
Ando com fome sem poder me alimentar das pessoas
que cultivo...
Ando ouro dos tolos, ando metal contra as nuvens,
porque eu tenho o barato a diversão a palavra,
mas os seres aqui colhem os frutos, mas não regam a
videira,
por isso estou assim seco como a figueira...
E sempre há um fel nos meus olhos que faz amargar
tudo o que cobiço...
E sempre há uma lágrima engasgada como se meus
órgãos se reorganizassem
e os sentimentos ficassem fora do lugar
e a culpa de se sentir molestado e negligenciado
e estar lá
e a vontade de fumar aquele cigarro,
comprar aquele cigarro e não voltar nunca mais
e nem querer olhar atrás,
porque o pior da solidão é isso de se sentir como
um cuidador de pássaros que os recolhe ao chão de asas quebradas, ajuda e
alimenta e depois fica esperando o fim da primavera onde enfim revigorados vão
embora e te deixam mais uma vez sozinho...
-VICTOR SANTOS-
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