Há um bom tempo, pretendo compartilhar minhas solidões poéticas com a
fodástica poetamiga que estreia hoje no blog: seu nome é Raquel Tavares, mas
liricamente ela atende pelo codinome Kel Lestat. Conheci Raquel Tavares,
através da divartistativistamiga Janaina da Cunha, em eventos do saudoso e
sempre mais-que-fodástico Identidade Cultural e Movimento Culturista. Admirei e
me fascinei logo pela fodástica poética de Raquel Tavares/Kel Lestat - ela
levava quase sempre uma pasta com diversos poemas dela, de diversas fases e
estilos e eu tive a honra de ler alguns destes poemas em primeira mão, entre
eles o que destaco hoje aqui no blog: o emblemático “Apocalipse Agora”. Pode-se
notar que o título é uma referência direta ao clássico Cult “Apocalipse now”,
drama/aventura do renomado diretor Francis Ford Coppola, Palma de Ouro no
Festival de Cannes e nomeado ao Oscar de Melhor Filme e o Globo de Ouro de
Melhor Filme - Drama, com elementos de “Dispatches” de Michael Herr, a versão
cinematográfica de 1965 da obra “Lord Jim” de Conrad, “Coração das trevas”,
também de Conrad, e Aguirre, der Zorn Gottes (1972) de Werner Herzog.
Assim como o roteiro desse filme é super-complexo e passou por diversos
percalços/momentos conturbados na produção até alcançar a glória, o eu lírico
do poema de Raquel Tavares/Kel Lestat passa, verso a verso, por uma espécie de
viagem de autodescoberta e destruição do que lhe foi pré-estabelecido até sua
autorreconstrução (lembra muito o personagem lucidamente enlouquecido – e, ao
mesmo tempo, alucinadamente são - magistralmente interpretado por Marlon Brando
no filme “Apocalipse Now”).
A poética de Raquel Tavares/Kel Lestat é assim: mistura de forma genial
referências cinematográficas, musicais (segundo a própria escritora, sua fase
atual consiste em se inspirar em canções de seu gosto – por sinal, ela está me
devendo algumas dessas produções líricas mais recentes), geeks, nerds e cults a
um lirismo febril, emocionado (tanto que se torna emocionante) e vibrante, com
uma linguagem sem rebuscamentos, mas por isso ardilosamente fodástica e
complexa, pois esconde na primeira leitura a multiplicidade lírica maravilhosa
e a riqueza de referências que pode passar despercebida à primeira vista.
Aconselho aos amigos leitores que leiam e releiam o poema – na primeira
leitura, já encontrarão algo fascinante; se lerem mais uma vez, ficarão ainda
mais fascinados. Acompanhemos o Apocalipse agora de Raquel Tavares/Kel Lestat, amigos
leitores! (segue também o link da página lírica dela no facebook, onde volta e
meia, ela apresenta um novo poema: https://www.facebook.com/Meu-apocalipse-500559333420181/
)
Apocalipse agora
(Kel Lestat)
Meu apocalipse é agora
Eu quero me perder
Pra quem sabe assim poder me encontrar
E também a ti, amado meu,
Que nem sei quem és.
Destruir tudo a minha volta,
Apagar as lembranças,
Queimar as palavras,
Esquecer os rostos,
Deixar tudo em branco,
Limpo, vazio,
Libertar-me do que não me serve.
Desconstruir o meu mundo
E começar outro totalmente diferente.
Abrir espaço para felicidade.
Uma nova vida,
Um novo fôlego,
Um renascer sem último suspiro.
E continuar
Sem sustos,
Sem medos,
Sem mágoas.
Desconstruindo para construir. Sim. Parabéns!
ResponderExcluirDesconstruindo para construir. Sim! Parabéns!
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