Há algum tempo atrás, na edição de fevereiro do
Sarau Solidões Coletivas, tive a alegria de rever o escritoramigo Carlos Patryk
Stvanin Ramirez, de Valença/RJ. E não apenas revê-lo: durante o evento, o
talentoso artistamigo se dedicou febrilmente a escrever um novo poema, enquanto
o sarau acontecia. Relembrei esse fato devido ao período de Páscoa, onde
refletimos sobre a morte, vida e ressurreição, tema bem próximo de “Homem livre”,
poema escrito por Patryk naquele dia, o qual compartilho hoje no blog.
Como já disse antes, a escrita poética de Carlos
Patryk Stvanin Ramirez é febril, dada a momentos de escrita quase automática,
com jogos de frases e palavras que lembram os momentos mais frenéticos da
poética de Álvaro de Campos, heterônimo do genial e mais-que-fodástico poeta
português Fernando Pessoa, somados a momentos místicos e alucinados como alguns
dos textos escritos pelo lúcido e louco poeta Gentileza. Declaradamente fã de
Baudelaire, Carlos Patryck não traz uma leitura fácil, do tipo que podemos ler
distraidamente; sua escrita é fodasticamente tensa, de um lirismo incomum e
único.
Vale a pena ler e reler o poema de Carlos Patrik
Stvanin Ramirez, amigos leitores, e que venham mais incríveis textos desse
talentoso gênio lucidamente louco!
Homem livre
Viver na verdade é morrer.
Morrer é a cada instante.
Para viver, basta estar vivo.
Quando este tempo acaba – o de estar vivo – é
preciso ter vivido
e para estar vivo é necessário manter a vida,
então mantenha,
mas aí se percebe que a vida lhe foi cedida pela
morte
que vive solitária por si mesma,
por ser um ser egoísta,
apesar de repartir sua essência,
é um ser egoísta.
Para não ser independente dos vivos que morrem,
para viver quando estiver difícil,
morra lentamente e depois viva mais rapidamente
e, nesse momento que se vive mais rápido,
morrendo mais devagar para depois morrer mais
rápido,
morrendo mais devagar para continuar entre os
vivos,
até mesmo quando ou enquanto morrem
porquanto vivem a matar ou morrem por viver.
Quando morrem por matar então é preciso morrer por
fazer matar.
Por vivo estar, este absurdo é possível.
Depois que não for mais, então estarei a viver o
absurdo que não mais há.
Um homem que precisa ser livre, primeiro precisa
ser livro
e, quando se der conta, deixou de ser apenas livre
e se tornou livro,
verdadeiramente livre,
o homem livro.
Carlos Patryk Stivanin Ramirez
Fodastico!!!!!
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