Numa sexta-feira da paixão, não há nada mais apaixonante que ler um
fodástico conto da fascinante escritoramiga Lainha Loiola, de Brasília/DF.
Autora do blog “Uns Dias” (onde o amigo leitor pode encontrar o texto que
compartilho hoje e outros no seguinte link: http://unsdiasporlainha.blogspot.com.br/),
fotógrafa talentosa dona de um olhar lírico e sensualmente único (confira o
@projetolaluna no instangram – eis o link para conferir as fotos no pc: https://instagram.com/projetolaluna
- em breve trarei ao blog um poema meu inspirado nos ensaios fotográficos desse
projeto de Lainha), Lainha nos traz um conto intimista-cotidiano sobre a
sexta-feira da paixão, fugindo do lugar comum da temática religiosa (na
verdade, o conto declaradamente se desvia desse viés: “Se morre em cruz todo
dia.”).
Sei queres fugir do lugar comum e encontrares uma leitura fascinante,
não deixes de ler o fodástico conto de Lainha Loiola, amigo leitor!
Expectativa mortal
Era sexta-feira da paixão, mas não há nada de apaixonante. Nunca vi,
paixão, é o mesmo que sofrer. Ele até pediu que aquele cálice se afastasse, mas
não conseguiu. Só conseguiu ouvir um grito alto e rouco dizendo “cale-se!”.
Nesse momento a cabeça rodou e a sua vista se fechou. Teve vontade de sentar no
chão mas não se conteve e pensou: a carne é fraca e sempre será, a vida é curta
e sempre será, o sofrimento é duro e sempre será. Se morre em cruz todo dia. Se
sangra todo dia. Se abrem chagas todo dia. Ele espera que daqui a 48h seja
domingo de Páscoa, regado a ovos de chocolate e vinho para que ele saia dessa
sarjeta. Ele espera estar de roupas brancas e limpas, de banho tomado e
cheiroso para lamber o ombro dela e sentir aquele gosto adocicado novamente (de
flor).
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