sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Solidões compartilhadas: A prece atemporal de João Júnior ao tempo apressado


Hoje compartilho mais uma vez solidões poéticas com o poetamigo valenciano João Júnior. Desta vez, o conhecido e reconhecido intérprete e compositor da banda de rock Black Bullets nos traz o seu poema premiado em primeiro lugar no Concurso de Poesias do Colégio Estadual Theodorico Fonseca, onde o poeta fazia o Curso Técnico de Informática. A obra premiada nos traz uma prece ao tempo apressado.
Paremos o tempo para lermos o fodástico poema de João Júnior, amigos leitores!

Prece ao Tempo Apressado


pra que a pressa dessa urgência,
se o mais urgente é não ter pressa?
porque a reza por clemência
se para o nada o sujeito reza
e esse sujeito dessa oração sem jeito
a essa hora já se esquece
que essa prece a muito se ora
e só a demora é o que se cresce?
essa pressa a muito sem hora
e só a espera é que envelhece.
mas porque moras nessa espera?
porque olhas pra essa esfera
em que nela o tempo pulsa
e no teu pulso giram vesgos
ponteiros que contam as horas
e guardam no bolso de um tic-tac
caem do alto de um big ben
ecoa o sino em seu badalar
desbota o fio capilar
dobra a ruga de seu rosto
dobra a esquina de sua rua
o tempo corre
escorre a areia
numa ampulheta sem fundo
em que nela então se esvai
cai
vai
e simplesmente, não volta mais


2 comentários:

  1. Nossa que lindo poema e que vontade que me deu de viver sem tempo. Essa velocidade que me enerva e não me faz aproveitar nada. Se a vida é tão fugidia, imagine nessa urgência descabida.

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