sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Expomusic 2012: Yeah, eu reencontrei o Paraíso da Música!



Parte 1: Come with me to Paradise!

“Venha comigo até o Paraíso / Vamos voltar novamente, / Vamos voltar novamente! “ – esses versos da letra de música “For tomorrow”, da banda de power metal / heavy metal Shaman (na letra original em inglês:  “Come with me to Paradise / Let's return again, / Let's return again!”) me vem à cabeça quando retorno ao Expo Center Norte, em São Paulo/SP, no dia 22 de setembro de 2012, para visitar a 29.ª Feira Internacional da Música, mais conhecida como Expomusic 2012. E não é à toa que associo letras de música da banda Shaman ao meu retorno ao Expo Center Norte, após quase um ano da Expomusic 2011 (foi em 24 de setembro do ano passado; confiram a postagem no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2011/09/expomusic-2011-por-um-mundo.html ): o Shaman foi uma das principais atrações da Expomusic 2012 e, assim como a banda, retomo uma estrada sonora inesquecível; assim como a banda, tive um longo caminho – com muitas perdas, mas também com muitos ganhos – pra chegar até aqui.
Em 2006, André Matos declararia o fim do Shaman, fato efêmero se lembrarmos que Thiago Bianchi (vocal), Léo Mancini (guitarra), Fernando Quesada (baixo), Ricardo Confessori (bateria) e Juninho Carelli (teclado) deram continuidade à banda, em 2007, e permanecem em atividade, com a mesma energia, até os dias atuais. A boa música não morre, amigos; como a fênix, ela se refaz das cinzas e retorna sempre ao espetáculo da vida com cada vez mais força. Em 2012, pouco tempo antes de embarcar no ônibus de excursão para a Expomusic, organizado pelo músico professor e amigo José Jorge Pinheiro, em Valença/RJ, ameacei desistir da viagem: minha companheira Juliana estava com 38,5º de febre e não podia me acompanhar no passeio; profissionalmente eu estava com serviço até o pescoço, visto que o período marca também o final do terceiro bimestre (uma das épocas mais infernais e estressantes para quem, como eu, é professor), além de que viajar me custaria o sacrifício do conforto no paraíso do descanso, pois, no domingo, dia 24 de setembro, eu teria domingo letivo na escola – a Festa da Primavera da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ (e ainda existem seres sem noção que dizem que funcionário público não faz nada...). Mas viver é passar por obstáculos e embarquei no ônibus, rumo ao Paraíso da Música. Yeah, leitores, come with me to Paradise!

Parte 2: In Paradise

Sabe aqueles sonhos bons que nos fazem esquecer todos os pesadelos que já tivemos? É assim que me sinto quando meus pés percorrem mais uma vez os stands musicais da Expomusic 2012. Não há cansaço, não há dor, apenas música, música de todos os gêneros, estilos, música por todos os lados, música, música!!! Estar dentro da Expomusic 2012 é como freqüentar um universo paralelo perdido, no qual o mundo é guiado (e muito bem guiado!) por acordes de guitarra, cordas harmoniosas de violões, vozes melodiosas, toques de baixos, infinidades de teclados e pianos e bons solos de baterias e percussões. Já experiente, com a Expomusic 2011 na bagagem da memória, me deixo levar pelas melodias, mas, neste ano, estabeleço um roteiro pra não perder as principais atrações.
Inicialmente, mais uma vez um turista solitário, guio meus olhos pelos ouvidos (mais uma vez, como “Shaman”, que significa "aquele que enxerga no escuro") e encontro o show de Victor Roufsen, cantor e guitarrista cego que vê notas sublimes em canções de Skank e em músicas próprias, alcançando melodias que todos os meus sentidos outrora eram incapazes de perceber. Música faz isso: faz-nos perceber as nossas limitações na superação do outro, ensina-nos que toda deficiência é efêmera e que a arte pode nos levar muito além dos nossos limites. Com o show finalizado na eternidade, cego de intensa e radiosa luz, Victor Roufsen recebe os carinhos da fama e sorri para os milhões de flashes de cãmeras que ele não vê, mas que lhe dá eternidade nos olhos dos fãs que o fotografam.
Sigo em frente e esbarro em outro estande com Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, tirando fotos e distribuindo autógrafos. Entro na fila, uau, o cara está próximo de mim, o cara é feito de carne como eu (e suas feições me lembram as do baixista Renatinho, da banda valenciana de blues Delta Mood)!!! Música faz isso: transforma-nos em deuses e ídolos humanos, nos faz próximos, nos torna deuses semelhantes na arte, por mais diferentes que sejamos.
Mais a frente, o tecladista holandês Bert Smorenburg apresenta em seu pocket show a infinidade de músicas que ele consegue reproduzir em seu instrumento: de Bethoven a heavy metal, de heavy metal a bossa nova, de bossa nova a Mozart, de Mozart a progressivo, de progressivo ao infinito. “Eu posso tocar qualquer coisa com isso!”, Smorenburg nos informa em inglês, apontando para o teclado, e o tradutor nos traduz o que nossos ouvidos já compreendiam: a música rompe os limites e obstáculos da geografia, da língua, dos povos; todos se compreenderiam na Torre de Babel, se, ao invés de insolentemente falarem e discutirem, como faziam, todos se comunicassem por música; a arte é esse nada que é tudo: comunicar-se além das barreiras da comunicação, é tocar tudo, até o silêncio tocante de quem te ouve.
Até o momento solitário, esbarro com Rafael Duret, amigo músico, ex-baixista da extinta (porém, não esquecida) banda valenciana Humanos, perdido de seu grupo de amigos. Pronto, agora a viagem solitária é coletiva! Seguimos juntos pelos stands de música; informo-lhe que haverá show da banda Shaman no palco da Yamaha, e os olhos fã-náticos dele brilham: “Bora pra lá, cara!” Antes, no palco da Gianini, vemos um show de Rafael Bittencourt, guitarrista da banda Angra. A multidão parece hipnotizada pelos acordes tocados por Bittencourt; o som mágico dele em harmonia com o silêncio apaixonado de quem o ouve. Ali, esbarramos com Léo Mancini, guitarrista da banda Shaman; Rafael Duret não pensa duas vezes e tieta o cara: tira foto com ele e mostra-me pela tela da câmera a imagem, com ares de criança feliz (sim, na música, os deuses são de carne e osso, estão ao nosso lado, ao nosso redor e, sim, na música, nos perdemos e nos reencontramos!).
Corremos para o palco da Yamaha e, depois de certa espera, assistimos ao divino show da banda Shaman. Estávamos bem a frente do palco, um show cheio de energia boa, um heavy metal levemente intimista, pulamos, cantamos, repetimos refrões, as canções perfeitamente bem executadas; nem o problema na mesa de som, nos instantes finais do show é capaz de modificar a lembrança perfeita do antológico show. Estamos no paraíso, amigos leitores (imagino que o Inferno deve ser um silêncio pesado e vazio de arte)!!! Mais tarde, reencontramos o vocalista Thiago Bianchi cantando músicas próprias, Iron Maiden e outras bandas que influenciaram a banda Shaman. Nesse mesmo momento, também tietamos e conversamos com o baixista Fernando Quesada, baixista do Shaman, e ele afirma se lembrar da gente do show do palco da Yamaha. Rafael Duret entra em êxtase: “Cara, ele lembrou da gente!!! ELE LEMBROU DA GENTE LÁ!” A História das Expomusics agora se divide entre o nosso fã-natismo anônimo ao Shaman e o nosso fã-natismo reconhecido pelos músicos do Shaman. Sim, a música nos faz isso: nos faz reconhecer o desconhecido, enxergar além, música lembra música e todos nós somos uma canção bem ritmada chamada vida.
Procuramos, depois, o show da banda brasileira Korzus. Reparo que o show foi riscado da programação; essa é a única música que eu não gosto: o silêncio da ausência. Minha expectativa era grande, à espera do show do Korzus, mas não foi desta vez... Mas a música, assim como o tempo, não para! Mais tarde, no palco da Sonotec, encontramos o show da fodástica banda curitibana Punkake (por sinal, que nome maneiro pra banda!), formada só por mulheres. O som delas traz uma energia fora do comum, o estilo da vocalista Bacabi me lembra aquelas deusas pin-ups das décadas de 1950/1960 (e ela não para de agitar um minuto! yeah!), a música é uma mistura de estilos alucinante (uma verdadeira punkake – como os múltiplos significados do nome da banda nos traz). “O som delas é muito bom, cara!”, diz Rafael Duret; eu concordo pulando em silêncio, hipnotizado pelo som da banda. No final, o prêmio: recebo das mãos da vocalista Bacabi, o Cd “Tão sexy”, da banda (por sinal, estava ouvindo ele há pouco: “me desculpe se te fiz voltar / culpa minha se te fiz olhar / pra mim / pra mim / yeah, yeah!”, fragmento do hit “Cometa” que viaja em minha cabeça). Música é isso: é fazer-se notável, é ousar, é ir além, viajar na cauda de um cometa, se afogar numa piscina sonora e respirar a vida como nunca imaginara respirar tanto em toda a sua vida (essa parte final é inspirada no verso “vem se afogar comigo...lá lá lá (wow)!”, da canção “99”, do Cd que ganhei da Punkake).
Mais pra frente, paro extasiado diante de um show da banda “Velhas Virgens” (caralho! São eles! Caralho! Du caralho! Puta que pariu!!!). Eu amo o som desses caras (!!!), um misto de blues, puro rock’ roll, com pitadas embriagantes de escracho. Estavam apenas o vocalista e o guitarrista e o som, mesmo assim, era contagiante demais! Todos cantavam as canções, somos todos das Velhas Virgens, somos todos um escracho, uma piada pro tempo, somos a eternidade, somos a mesma sintonia para o infinito. Música faz isso: vivemos demais em breves instantes, formamos uma banda para vencermos os limites da vida e vivemos demais, curtimos demais, somos eternos mesmo que seja por um breve momento!
E Rafael Duret e eu continuamos rodando pelos estandes, ouvindo milhões de sons, sem noções de horas (“Cara, o tempo passou rápido demais”, dirá mais tarde meu camarada de viagem sonora), colecionando paletas, fotos, CDs, fazendo graça em cabines de fotos, fingindo tocarmos todos os instrumentos musicais do universos. E seguimos os sons, seguimos a arte, até o infinito, até a Expomusic fechar! Antes de partirmos, ouvimos André Martins e banda cantando “Bete Balanço”: “Pode seguir a tua estrela / O teu brinquedo de star [...]”. E seguimos as nossas estrelas (Yeah, quem vem com tudo não cansa, amigos leitores!) e a música faz isso: partimos da Expomusic, mas o som continua aqui, infinito dentro de nós.

Parte 3: O Epílogo que não termina

O longo retorno de volta a Valença/RJ, do meio da noite até o fim da madrugada, a consciência de que trabalharei como um zumbi no domingo letivo, não, nada disso importa nessa crônica. Importa que a música está aqui, em mim; o corpo sobrevive, depois eu descanso, minha alma reencontrou o paraíso na Expomusic 2012; o que importa é que a arte está de volta em mim pra sempre! Esse é o poder da música, da arte: sublimar a dor, resgatar alegrias, eternizar a vida, por mais breve que seja a nossa existência.  

Esse vídeo contém um pouco do que vi na Expomusic 2012. A qualidade de áudio não é das melhores, mas vale como registro do universo múltiplo e musical da 29.ª Feira Internacional Da Música.

4 comentários:

  1. Cara, seus textos são sempre demais!! Valeu por ter escrito sobre a excursão, um texto assim mostra um pouquinho do que é lá dentro pra quem não teve a oportunidade de ir. É sempre um prazer sua presença nas nossas excursões, traz poesia à música e soma artes irmãs. Obrigado mais uma vez e peço a permissão de publicá-lo no blog das aulas aqui tb! Vlw!!

    Blog das Aulas: http://pinheiromusic.blogspot.com

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  2. da hora doido!!! pena que o tempo passou muito rápido, poderíamos estar lá até agora!!hehe mas ano que vem tem mais. forte abraço cara!!!!

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  3. Amei a descrição do show da Punkake
    Eu estava lá do seu lado e vi.
    Foi maravilhoso, elas são maravilhosas. Esse é o motivo pelo qual sou fã dessas meninas *-*
    Parabéns pelo post!

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  4. O texto está epopeico!!! Pude sentir através de suas palavras um pouco do gostinho de estar na Expomusic.

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