Estou de volta, amigos leitores! Após dias de saraus
intensos e muitos trabalhos na escola (o terceiro bimestre é um dos mais
corridos; quem é profissional da educação sabe disso), volto com uma postagem
de um poema antigo, mas que tem tudo a ver com a suposta ‘independência’ que
comemoramos nesse 7 de setembro.
Pra começar, lembremos que a História oficial de nossa
Independência é uma farsa completa: o tal “Grito de Independência às margens do
rio Ipiranga” só aconteceu na imaginação do pintor Pedro Américo; D. Pedro I
estava com uma dor de barriga imensa e mal teve condições físicas de
declarar-nos independentes de Portugal (lembrando que as dívidas da Coroa
portuguesa foram todas passadas para o Brasil recém-independente e que passamos
a ser governados pelo filho de quem nos colonizara durante tanto tempo, tanto
que nosso processo de independência foi o menos sangrento de toda América
Latina). Deixando essa dura versão à parte (“A verdade é que não existe
verdade”, já dizia Pablo Neruda), o poema postado hoje, anteriormente publicado
em meu terceiro livro “Note or not ser” (2001), usa como eu lírico a
personalidade oficial de nossa Independência, o D. Pedro I criado pelos antigos
historiadores, lamentando, do céu, a nossa falta de liberdade nos dias atuais. O
poema ainda cita problemas do cotidiano que continuam ‘incuráveis’, como a
superlotação em ônibus, a quebra das fábricas nacionais – principalmente as
têxteis – durante o processo desigual do início da globalização – quem era rico
ficou mais rico, quem era pobre ficou mais pobre, mas alimentado com a promessa
de que um dia poderia ficar mais rico que os países do invejado Primeiro Mundo.
Eis meu retorno: procurando o grito de independência
sufocado em nosso cotidiano. Pensemos e procuremos nossa liberdade, amigos leitores,
antes que o imaginário Grito de Independência torne-se, ao invés de realidade,
um mero feriado nacional, o qual, às vezes, nem nossos alunos reconhecem.
D. Pedro I vê o Brasil do céu
O grito de Independência foi atropelado
por um ônibus lotado...
Os objetos da sala são iguais
aos funcionários da fábrica...
As cores da bandeira nacional são confeccionadas
por máquinas importadas de multinacionais...
Meu Deus, o que aconteceu?
Foi meu grito que se perdeu
ou a nobreza do brasileiro que morreu?
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