Olá, caros leitores, bem vindos ao blog daqueles que guardam um sorriso solitário no canto dos lábios que versam sonhos coletivos. Bem vindos ao meu universo virtual poético, bem vindos ao mundo confuso e fictício ferido de imortal realidade. Bem vindos ao inóspito ambiente dos eus líricos em busca de identidade na multidão indiferente, bem vindos ao admirável verso novo.
Hoje estou envolvido em dois eventos (o “Identidade Cultural
& Movimento Culturista”, organizado por Janaína da Cunha, às 11:30h, no
Bistrô Café do Bom, Cachaça da Boa, na Rua da Carioca, no Rio de Janeiro/RJ, e
o “Arte Valença 2”,
organizado por Giovanni Nogueira, às 22:45h, no Circo Volante, no bairro
Aparecida, em Valença/RJ), mas não posso partir, antes de deixar aqui um poema
pra minha querida atriz e amiga Ana Rachel Coelho, que, devido a problemas de
saúde na família, terá que partir de Valença para o Ceará, sem prazo de
retorno. Como ela faz parte do Sarau Solidões Coletivas e também faz parte de
meus amigos, minha história e minha vida, o poeta que vos fala não pode deixá-la
sem compartilhar de sua dor. Não, não posso deixá-la sem ao menos um sorriso de
poesia, uma lembrança cheia de amor, um adeus sem despedida:
Canção sertaneja
de despedida sem adeus
para a Flor do sertão
Flor do sertão,
Por que estás tão murchinha,
Se o mundo e eu precisamos tanto
De um sorriso teu
Nesses instantes de agonia?
Flor do sertão,
Eu entendo a tua partida,
Sei que precisas enfeitar outros jardins,
Perfumar aos desertos da distância
Com tuas fragrâncias de alegria,
Mas pra que a lágrima, flor nordestina,
Se a primavera te sorri?
Pra que as trevas se trazes o bom dia?
Flor do sertão,
A primavera está tão fria
E sei que tens que ir
Para resgatares a estação perdida,
Mas não há calor se permaneceres aflita;
Leva na bagagem somente alegria,
Quero um sorriso teu na efêmera despedida.
Parte sem adeus, flor nordestina,
Parte, mas leva o mundo e eu na lembrança amiga;
Parte sem adeus, parte em harmonia!
Flor do sertão,
Deixa-me sem velórios de partidas,
Deixa-me como a valsa do casório,
Com a promessa de eternas idas e vindas,
Pois a primavera e eu precisamos de ti sempre florida.
Hoje mais uma vez compartilho as minhas solidões poéticas com os poemas sem palavras do desenhista e artista plástico valenciano João Paulo Maia. O último Sarau Solidões Coletivas ("Primavera nos dentes e Flores Astrais") marcou o retorno de João Paulo Maia ao evento e, cada vez que ele aparece, seus desenhos ganham novos contornos ao vivo (sim, ele produz os desenhos na hora, ao vivo, durante o sarau) e se tornam mais febris (o cara desenhou tanto, que usou até o papel toalha da mesa do bar, como vocês podem conferir nas fotos finais). A arte de João Paulo Maia dispensa comentários (o que não quer dizer que devamos esquecer de elogiar o fodástico artista). Leiamos as imagens dele e deixemos, amigos leitores, deixemos a poesia entrar pelo olhar.
Desenho de João Paulo Maia feito no papel toalha de mesa,
onde rolava o Sarau Solidões Coletivas In Bar 6.
Desenho de João Paulo Maia feito no papel toalha de mesa,
onde rolava o Sarau Solidões Coletivas In Bar 6.
Quem quiser conhecer melhor a arte de João Paulo Maia, aí vai o link do artista (vale - muito mesmo - a pena conferir esse excelente portfólio): http://www.flickr.com/photos/jpaulomaia/
“Venha comigo até o Paraíso / Vamos voltar novamente, /
Vamos voltar novamente! “ – esses versos da letra de música “For tomorrow”, da
banda de power metal / heavy metal Shaman (na letra original em inglês: “Come with me to Paradise / Let's return
again, / Let's return again!”) me vem à cabeça quando retorno ao Expo Center
Norte, em São Paulo/SP,
no dia 22 de setembro de 2012, para visitar a 29.ª Feira Internacional da
Música, mais conhecida como Expomusic 2012. E não é à toa que associo letras de
música da banda Shaman ao meu retorno ao Expo Center Norte, após quase um ano
da Expomusic 2011 (foi em 24 de setembro do ano passado; confiram a postagem no
link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2011/09/expomusic-2011-por-um-mundo.html ): o Shaman foi uma das principais
atrações da Expomusic 2012 e, assim como a banda, retomo uma estrada sonora
inesquecível; assim como a banda, tive um longo caminho – com muitas perdas,
mas também com muitos ganhos – pra chegar até aqui.
Em 2006, André Matos declararia o fim do Shaman, fato
efêmero se lembrarmos que Thiago Bianchi (vocal), Léo Mancini (guitarra),
Fernando Quesada (baixo), Ricardo Confessori (bateria) e Juninho Carelli
(teclado) deram continuidade à banda, em 2007, e permanecem em atividade, com a
mesma energia, até os dias atuais. A boa música não morre, amigos; como a
fênix, ela se refaz das cinzas e retorna sempre ao espetáculo da vida com cada
vez mais força. Em 2012, pouco tempo antes de embarcar no ônibus de excursão
para a Expomusic, organizado pelo músico professor e amigo José Jorge Pinheiro,
em Valença/RJ, ameacei desistir da viagem: minha companheira Juliana estava com
38,5º de febre e não podia me acompanhar no passeio; profissionalmente eu
estava com serviço até o pescoço, visto que o período marca também o final do
terceiro bimestre (uma das épocas mais infernais e estressantes para quem, como
eu, é professor), além de que viajar me custaria o sacrifício do conforto no
paraíso do descanso, pois, no domingo, dia 24 de setembro, eu teria domingo
letivo na escola – a Festa da Primavera da E. M. Alcino Francisco da Silva, em
Teresópolis/RJ (e ainda existem seres sem noção que dizem que funcionário
público não faz nada...). Mas viver é passar por obstáculos e embarquei no
ônibus, rumo ao Paraíso da Música. Yeah, leitores, come with me to Paradise!
Parte 2: In Paradise
Sabe aqueles sonhos bons que nos fazem esquecer todos os
pesadelos que já tivemos? É assim que me sinto quando meus pés percorrem mais
uma vez os stands musicais da Expomusic 2012. Não há cansaço, não há dor,
apenas música, música de todos os gêneros, estilos, música por todos os lados,
música, música!!! Estar dentro da Expomusic 2012 é como freqüentar um universo
paralelo perdido, no qual o mundo é guiado (e muito bem guiado!) por acordes de
guitarra, cordas harmoniosas de violões, vozes melodiosas, toques de baixos,
infinidades de teclados e pianos e bons solos de baterias e percussões. Já
experiente, com a Expomusic 2011 na bagagem da memória, me deixo levar pelas
melodias, mas, neste ano, estabeleço um roteiro pra não perder as principais
atrações.
Inicialmente, mais uma vez um turista solitário, guio meus
olhos pelos ouvidos (mais uma vez, como “Shaman”, que significa "aquele
que enxerga no escuro") e encontro o show de Victor Roufsen, cantor e
guitarrista cego que vê notas sublimes em canções de Skank e em músicas
próprias, alcançando melodias que todos os meus sentidos outrora eram incapazes
de perceber. Música faz isso: faz-nos perceber as nossas limitações na superação
do outro, ensina-nos que toda deficiência é efêmera e que a arte pode nos levar
muito além dos nossos limites. Com o show finalizado na eternidade, cego de
intensa e radiosa luz, Victor Roufsen recebe os carinhos da fama e sorri para
os milhões de flashes de cãmeras que ele não vê, mas que lhe dá eternidade nos
olhos dos fãs que o fotografam.
Sigo em frente e esbarro em outro estande com Andreas Kisser,
guitarrista do Sepultura, tirando fotos e distribuindo autógrafos. Entro na
fila, uau, o cara está próximo de mim, o cara é feito de carne como eu (e suas
feições me lembram as do baixista Renatinho, da banda valenciana de blues Delta
Mood)!!! Música faz isso: transforma-nos em deuses e ídolos humanos, nos faz
próximos, nos torna deuses semelhantes na arte, por mais diferentes que
sejamos.
Mais a frente, o tecladista holandês Bert Smorenburg apresenta
em seu pocket show a infinidade de músicas que ele consegue reproduzir em seu
instrumento: de Bethoven a heavy metal, de heavy metal a bossa nova, de bossa nova
a Mozart, de Mozart a progressivo, de progressivo ao infinito. “Eu posso tocar
qualquer coisa com isso!”, Smorenburg nos informa em inglês, apontando para o
teclado, e o tradutor nos traduz o que nossos ouvidos já compreendiam: a música
rompe os limites e obstáculos da geografia, da língua, dos povos; todos se
compreenderiam na Torre de Babel, se, ao invés de insolentemente falarem e
discutirem, como faziam, todos se comunicassem por música; a arte é esse nada
que é tudo: comunicar-se além das barreiras da comunicação, é tocar tudo, até o
silêncio tocante de quem te ouve.
Até o momento solitário, esbarro com Rafael Duret, amigo
músico, ex-baixista da extinta (porém, não esquecida) banda valenciana Humanos,
perdido de seu grupo de amigos. Pronto, agora a viagem solitária é coletiva!
Seguimos juntos pelos stands de música; informo-lhe que haverá show da banda
Shaman no palco da Yamaha, e os olhos fã-náticos dele brilham: “Bora pra lá,
cara!” Antes, no palco da Gianini, vemos um show de Rafael Bittencourt, guitarrista
da banda Angra. A multidão parece hipnotizada pelos acordes tocados por
Bittencourt; o som mágico dele em harmonia com o silêncio apaixonado de quem o
ouve. Ali, esbarramos com Léo Mancini, guitarrista da banda Shaman; Rafael
Duret não pensa duas vezes e tieta o cara: tira foto com ele e mostra-me pela
tela da câmera a imagem, com ares de criança feliz (sim, na música, os deuses
são de carne e osso, estão ao nosso lado, ao nosso redor e, sim, na música, nos
perdemos e nos reencontramos!).
Corremos para o palco da Yamaha e, depois de certa espera,
assistimos ao divino show da banda Shaman. Estávamos bem a frente do palco, um
show cheio de energia boa, um heavy metal levemente intimista, pulamos,
cantamos, repetimos refrões, as canções perfeitamente bem executadas; nem o
problema na mesa de som, nos instantes finais do show é capaz de modificar a
lembrança perfeita do antológico show. Estamos no paraíso, amigos leitores
(imagino que o Inferno deve ser um silêncio pesado e vazio de arte)!!! Mais
tarde, reencontramos o vocalista Thiago Bianchi cantando músicas próprias, Iron
Maiden e outras bandas que influenciaram a banda Shaman. Nesse mesmo momento,
também tietamos e conversamos com o baixista Fernando Quesada, baixista do
Shaman, e ele afirma se lembrar da gente do show do palco da Yamaha. Rafael
Duret entra em êxtase: “Cara, ele lembrou da gente!!! ELE LEMBROU DA GENTE LÁ!”
A História das Expomusics agora se divide entre o nosso fã-natismo anônimo ao
Shaman e o nosso fã-natismo reconhecido pelos músicos do Shaman. Sim, a música
nos faz isso: nos faz reconhecer o desconhecido, enxergar além, música lembra
música e todos nós somos uma canção bem ritmada chamada vida.
Procuramos, depois, o show da banda brasileira Korzus.
Reparo que o show foi riscado da programação; essa é a única música que eu não
gosto: o silêncio da ausência. Minha expectativa era grande, à espera do show
do Korzus, mas não foi desta vez... Mas a música, assim como o tempo, não para!
Mais tarde, no palco da Sonotec, encontramos o show da fodástica banda
curitibana Punkake (por sinal, que nome maneiro pra banda!), formada só por
mulheres. O som delas traz uma energia fora do comum, o estilo da vocalista
Bacabi me lembra aquelas deusas pin-ups das décadas de 1950/1960 (e ela não
para de agitar um minuto! yeah!), a música é uma mistura de estilos alucinante
(uma verdadeira punkake – como os múltiplos significados do nome da banda nos
traz). “O som delas é muito bom, cara!”, diz Rafael Duret; eu concordo pulando
em silêncio, hipnotizado pelo som da banda. No final, o prêmio: recebo das mãos
da vocalista Bacabi, o Cd “Tão sexy”, da banda (por sinal, estava ouvindo ele
há pouco: “me desculpe se te fiz voltar / culpa minha se te fiz olhar / pra mim
/ pra mim / yeah, yeah!”, fragmento do hit “Cometa” que viaja em minha cabeça).
Música é isso: é fazer-se notável, é ousar, é ir além, viajar na cauda de um
cometa, se afogar numa piscina sonora e respirar a vida como nunca imaginara
respirar tanto em toda a sua vida (essa parte final é inspirada no verso “vem
se afogar comigo...lá lá lá (wow)!”, da canção “99”, do Cd que ganhei da
Punkake).
Mais pra frente, paro extasiado diante de um show da banda
“Velhas Virgens” (caralho! São eles! Caralho! Du caralho! Puta que pariu!!!).
Eu amo o som desses caras (!!!), um misto de blues, puro rock’ roll, com
pitadas embriagantes de escracho. Estavam apenas o vocalista e o guitarrista e
o som, mesmo assim, era contagiante demais! Todos cantavam as canções, somos
todos das Velhas Virgens, somos todos um escracho, uma piada pro tempo, somos a
eternidade, somos a mesma sintonia para o infinito. Música faz isso: vivemos
demais em breves instantes, formamos uma banda para vencermos os limites da
vida e vivemos demais, curtimos demais, somos eternos mesmo que seja por um breve
momento!
E Rafael Duret e eu continuamos rodando pelos estandes,
ouvindo milhões de sons, sem noções de horas (“Cara, o tempo passou rápido
demais”, dirá mais tarde meu camarada de viagem sonora), colecionando
paletas, fotos, CDs, fazendo graça em cabines de fotos, fingindo tocarmos todos
os instrumentos musicais do universos. E seguimos os sons, seguimos a arte, até
o infinito, até a Expomusic fechar! Antes de partirmos, ouvimos André Martins e
banda cantando “Bete Balanço”: “Pode seguir a tua estrela / O teu brinquedo de
star [...]”. E seguimos as nossas estrelas (Yeah, quem vem com tudo não cansa,
amigos leitores!) e a música faz isso: partimos da Expomusic, mas o som
continua aqui, infinito dentro de nós.
Parte 3: O Epílogo que não termina
O longo retorno de volta a Valença/RJ, do meio da noite até
o fim da madrugada, a consciência de que trabalharei como um zumbi no domingo
letivo, não, nada disso importa nessa crônica. Importa que a música está aqui,
em mim; o corpo sobrevive, depois eu descanso, minha alma reencontrou o paraíso
na Expomusic 2012; o que importa é que a arte está de volta em mim pra sempre!
Esse é o poder da música, da arte: sublimar a dor, resgatar alegrias, eternizar
a vida, por mais breve que seja a nossa existência.
Esse vídeo contém um pouco do que vi na Expomusic 2012. A qualidade de áudio não é das melhores, mas vale como registro do universo múltiplo e musical da 29.ª Feira Internacional Da Música.
Após algum tempo desaparecido, estou de volta! Assim como os
amigos leitores, resolvi me perguntar a causa da falta de postagens em meu blog
nos últimos dias. Para isso, investiguei-me e cheguei às seguintes pistas e
conclusões:
Pista n.º 1: Ingresso da excursão para a Expomusic promovida
por Pinheiro Aulas de Violão, marcada para o dia 22 de setembro (o nome do
investigado blogueiro consta na lista dos presentes no evento).
Pista n.º 2: Presença no domingo letivo da Festa da
Primavera da E. M. Alcino Francisco da Silva no dia 23 de setembro (o nome do
blogueiro consta na lista de professores presentes, além de aparecer em
diversas fotos que os alunos papparazzi tiraram).
Pista n.º 3: Diário do professor Carlos Brunno S. Barbosa
indicando fim de bimestre (o conhecido objeto de tortura para todo o
profissional da educação apresenta notas, provas, contas, correções, além de
estar uma zona quase completa, passiva de diversos remendos e broncas da equipe
diretiva da escola).
Conclusões: O desaparecido blogueiro Carlos Brunno
possivelmente passou por diversos percalços no último fim de semana. Estudando
a geografia do país e seus fusos horários, podemos perceber que, em um apenas
dois dias (sábado e domingo), o investigado blogueiro esteve em três cidades
completamente distantes umas das outras, apesar de pertencerem à mesma região
Sudeste: Carlos Brunno esteve, na madrugada de sexta-feira, em Valença/RJ, onde
embarcou num ônibus para São Paulo/SP, local onde ocorreria a Expomusic, no
sábado, dia 22 de setembro. Saindo de São Paulo/SP, Carlos Brunno retornara a
Valença/RJ, por volta das 4 da madrugada de domingo, dia 23 de setembro. Em
torno das 7 horas da manhã do mesmo dia, o investigado foi encontrado embarcando
num ônibus em direção da Rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro/RJ. Às 11h da
mesma manhã de domingo (consta-se que o investigado xingara muito por não haver
passagem para o horário das 10h), Carlos Brunno embarcou num ônibus para
Teresópolis/RJ. Também se descobriu que o investigado, após mofar na rodoviária
de Teresópolis (testemunhas dizem ter visto um zumbi, muito parecido com o
investigado, xingando a falta de horários de ônibus da Viação Teresópolis com
destino aos distritos afastados aos domingos), embarcou num ônibus em direção a
Volta do Pião, onde se localizava a escola na qual o desaparecido blogueiro
lecionava. Várias testemunhas informam ter visto, na tarde de domingo, um
professor zumbi ocupado com a sonorização da festa da primavera da Escola
Municipal Alcino Francisco da Silva. Observando as fotos do evento,
descobriu-se que o professor zumbi citado tratava-se do então desaparecido
blogueiro Carlos Brunno S. Barbosa, que ficara na festa até o seu término (em
torno de 17:30h / 18h).
Analisando o trajeto do louco suspeito (ou suspeito louco,
como alguns preferirem) e tomando conhecimento do funcionamento do corpo
humano, podemos chegar a uma hipótese: o desaparecido blogueiro não resistiu e,
após 48 horas de atividades intensas, deve ter permanecido em estado de
sonolência durante a segunda-feira, dia 24 de setembro. Porém, sabendo-se que o
investigado é professor e o período do desaparecimento coincide com a época de
fechamento de notas do terceiro bimestre da escola, podemos suspeitar que
Carlos Brunno não descansou devidamente (consta-se também que o investigado
agendou dois eventos de poesia para o próximo sábado, dia 29 de setembro – o
Identidade Cultural e Movimento Culturista, organizado por Janaína da Cunha,
que ocorrerá no Bistrô Café do Bom, Cachaça da Boa, no centro do Rio de
Janeiro/RJ, na tarde do próximo sábado, e o Arte Valença 2, organizado por
Giovanni Nogueira, que ocorrerá no Circo Volante, no bairro Aparecida, em
Valença/RJ, cuja apresentação de Carlos Brunno está marcada para o fim da noite
de sábado. Esta agenda do lunático investigado, se [ou melhor, quando]
confirmada, comprova a loucura potencial energética e passível de internação do
alucinado blogueiro artista desaparecido).
Enfim, chegamos à conclusão que o desaparecido blogueiro não
está tão desaparecido assim (ao contrário: nunca se viu um desaparecido querer
aparecer tanto quanto o louco investigado suspeito) e, em breve, trará bilhões
de novidades para os amigos leitores.
Mas que esse tal de Carlos Brunno deve estar cansado pra
raio, ah, isso, com certeza, ele está! rs
Bar e Restaurante Costelão, Bairro Getúlio Vargas,
Valença/RJ, 15 de setembro de 2012 – E a tradição artística permanece: no
terceiro sábado de setembro, aconteceu a sexta edição do Sarau Solidões
Coletivas In Bar, comemorando a sexta edição de retorno do Jornal Valença em Questão. E, com uma presença cada vez maior de fodásticos artistas convidados, as Solidões vão
ficando cada vez mais coletivas!
Seguem anexos os vídeos do Sarau:
Neste primeiro vídeo, vemos a apresentação de Cíbila Farani e
João Júnior interpretando, respectivamente, as canções “Primavera nos dentes” e
“Flores Astrais”, de Secos & Molhados. Ambos os artistas foram acompanhados
pelo músico Zé Ricardo, que, logo após, fez parceria com Carlos Brunno S.
Barbosa, na declamação de “Armas mortais”, poema que parafraseia a canção
“Flores Astrais”. O vídeo também destaca a leitura emocionante de Rafael Silva
Barbosa para a crônica de sua autoria “Ser professor...”, Ronaldo Brechane
brilhando mais uma vez com seu stand-up comedy e a participação lírica e
super-especial, (bem) vinda de Niterói, Janaína da Cunha, artista fodástica e
organizadora do Identidade Cultural & Movimento Culturista.
Nesta segunda parte, temos a visão lírica da primavera nos
cosmos de Karina Silva; as estréias de Osvaldo Fonseca, Rabib Jahara (lendo
William Blake), Alessandra (interpretando poema de Patrícia Correa), Anderson
(conhecido pelos apelidos de Teco e Xingu) e Marilda Vivas (ensinando-nos a
arte do haicai); os raps fodásticos de Mc Wallace Remf, acompanhado
musicalmente por Zé Ricardo e Fael Campos, o dueto poético de Carlos Brunno e
Jaqueline Cristina, as interpretações de Ana Rachel Coelho para o poema
primaveril de Lauany Rodrigues, poetaluna do 7.º Ano da E. M. Alcino Francisco
da Silva, e poema de Marilda Vivas; o setembro ‘nerudeano’ de Gilson Gabriel, a
leitura envolvente de Cíbila Farani para o poema de William Blake e os
brilhantes ‘pingos nos is’ e o ‘não querer se casar’ de Patrícia Correa.
Nesta terceira parte, temos dois poemas
fodásticos de João Júnior, declamados pelo próprio autor; Patrick novamente com
Baudelaire, Wagner Monteiro, Viviane Ramos declamando poema de Alexsandro
Ramos, Alessandra interpretando poema de Patrícia Correa, os duetos de Janaína
da Cunha, primeiro com Carlos Brunno S. Barbosa e, depois, com Juliana Guida
Maia e a apresentação espetacular do músico, cantor e compositor Hélio Sória,
do projeto Garagem Acústica de São Gonçalo, interpretando George Harrison
(“Sweet Lord”), R.E.M. e Titãs (“Sonífera Ilha”).
Nesta quarta parte, temos Cíbila Farani declamando poema de
Aquiles Peleios, acompanhada pelo violão de Zé Ricardo; o dueto de Erick Ramos
e Viviane Ramos; Fael Campos & Zé Ricardo tocando Engenheiros do Hawaii,
fragmento da parceria de Gilson Gabriel e Zé Ricardo (o cartão de memória
acabou bem no meio do poema L); Giovanni Nogueira mandando uma versão acústica fodástica
de Supercílios e Juliana Maia nos lembrando liricamente da primavera.
Hoje compartilho mais uma vez minhas solidões poéticas com a poetamiga valenciana Karina Silva. Desta vez, Karina nos oferece um sol de esperança, bem apropriado para esses dias radiantes de fim de inverno.
É momento de bronzearmos nossos olhos nesse Novo Sol de Karina Silva, amigos leitores!
Dia quente, nada melhor que um melhor que um mergulho nas águas
efervescentes dos eus líricos femininos. Hoje tenho o prazer de compartilhar
mais uma vez com a fodástica poeta Janaína da Cunha - bisneta do imortal,
Euclides da Cunha - jornalista, poeta, escritora, atriz, acadêmica da ALB e
correspondente da ALB/Suíça, agitadora cultural, militante artística,
empreendedora, apresentadora do Evento Identidade Cultural e líder culturista.
E, desta vez, nossas solidões poéticas são compartilhadas em dueto. Explico: no último
Sarau Solidões Coletivas In Bar (6), realizado no Bar e Restaurante Costelão,
no dia 15 de setembro (em breve, enviarei os vídeos, ansiosos leitores), Janaína
confirmou presença e pediu a minha namorada Juliana Guida Maia que elas
fizessem um dueto. Ao ler o fodástico poema que Janaína enviara para Juliana,
um dos meus eus líricos femininos despertou e pedi a Ju que eu fizesse o poema
que ela iria declamar com a Janaína.
Inspirado na poética do mestre Chico Buarque (muito mais
experiente que eu em abordagens líricas femininas), numa postagem recente, com
poema de eu lírico feminino, do blog “Impressões digitais”, de Paulo Ras, e
estimulado pela excelente poética de Janaína da Cunha e de outras poetas fodásticas
que me acompanham no sarau (destaco a própria Juliana Guida Maia, Patrícia
Correa – influência essencial nesse poema que fiz -, Jaqueline Cristina, Cíbila
Farani, Juliana Maia, Raquel Leal, Raquel Freire e Karina Silva produzi uma espécie de
poema-resposta-continuidade, um ressurgir após o mergulho.
Não posso deixar de destacar aqui uma fonte inesgotável de
inspiração: o blog “Santos & Profanos” da fodástica poetamiga Janaína da
Cunha (segue a dica e o link: http://janainadacunha7.blogspot.com.br/).
Essa é para todos os grandes fingidores poéticos que não têm
medo de revelar do oceano de seu espírito masculino a alma de uma mulher.
MERGULHO
Janaína da Cunha
Mergulho
em águas bravias
de misteriosas incertezas.
Mergulho
de olhos vendados,
descobertos...
fechados, abertos...
mergulho.
Banho o corpo dos meus versos
no magnetismo refletido
em outro olhar.
A imagem do verbo
no espelho das águas ocular
atrevidamente me chama...
e eu vou!
Poeta:
misto de benção e maldição!
Por que amamos com tanta intensidade...
com tanta entrega?
Por que nos deixamos levar em ondas de delírios que vem e
vão...
que vão e vem...
vem e vão em vão... ou não?!
Porque essa necessidade louca,
quase mórbida,
de ser, sentir...?
Se amar é sofrer...
então, me sinto viva na dor?
Eu quero é ser feliz!
Mergulho em sinônimos
antônimos
antagônicos plurais.
Perco o fôlego, quase morro...
Reavivo no boca a boca da vida,
retorno e me corto entre corais...
Sobrevivo.
Insisto!
E novamente mergulho!
Sim... eu mergulho.
A alma de um homem
é o meu Oceano!
Ressurjo
Carlos Brunno S. Barbosa
Ressurjo
de tua água alma
calma agitada.
Ressurjo
de corpo aberto,
olhos fechados...
louca, cada vez mais lúcida
ressurjo
de teus braços.
Molhada, seco minhas mágoas
na lembrança abstrata
de teu corpo concreto.
A imagem mais uma vez me resgata
a nossa perdição apaixonada...
Eu te amo, eu sou tua,
minha e tua, eu te sou...
molhada, eu atiço fogo sobre tuas águas!
Sou sereia no deserto
cantando em teu oásis,
seca e molhada por teus mares de calor.
E tuas ondas batem em meu corpo,
vêm e vão, sempre ardentes, nunca em vão.
Mesmo estáticas, quando te afastas,
elas sempre vêm e vão
na ilusão da memória,
na memória de um verão fora de hora,
pontuais, as tuas ondas, concretas ou abstratas,
sempre vêm e vão...
Até quando essa eternidade
guardada em cada efemeridade
de um mergulho nosso em teu eu,
em meu eu, em todos os nossos nós?
Até quando esse quando queimando
em nossa carne água, seca e molhada,
sou tua, és meu, somos todos eus em nós...
Ressurjo em teu espelho avesso,
tão igual a mim e tão diferente,
tão igual em mim, tão dentro de mim,
e eu tão fora de mim que quase me sou indiferente.
Respiro a tua falta de ar, o teu excesso de vida,
quase vampira, sou sereia saciada por teus cantos de bardo
safado,
poesia de cama, mesa e banho, estou molhada pelo deserto de
mágoa
do amor febril que tão viril
teu corpo gentil agressivo me dá.
Sim... eu ressurjo em ti!
Minha alma de mulher
ressurge das cinzas molhadas de tuas águas ardentes...
Embriagada, ressuscito sóbria na cama deserta de pudor,
Setembro é mês de aniversário de Freddie Mercury (se estivesse vivo, o vocalista da banda britânica Queen faria 67 anos em 05 de setembro de 2012, mas, infelizmente, o astro faleceu de broncopneumonia, causada pela Aids, com 45 anos, em 24 de novembro de 1991). O sublime artista falece, mas sua arte nunca morre: no dia 14 de setembro deste ano, a rainha voltarredondense do rocksoulpopsambafunktudodebom, a fodástica Carina Sandré, juntamente com sua banda e convidados especiais, organizaram um Tributo ao Queen, no Piano's Bar Embaixador, para delírio dos fãs de Freddie Mercury. Graças à sensibilidade poética da organizadora, o Sarau Solidões Coletivas não ficou fora dessa: fui convidado por Carina Sandré para declamar meus rockpoemas em homenagem ao Queen. Lá, declamei o poema "Homem pressão", uma homenagem-subversão da fodástica "Under Pressure" e "Rapsódia dos eus líricos bêbados", uma releitura poético-subversiva do clássico "Bohemian Rhapsody", já publicado aqui no blog no ano passado (pra quem não conhece aí vai o link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2011/11/uma-nova-rapsodia-pra-velha-rainha-meu.html)
A diva Carina Sadré
em seu Tributo a rainha Queen
A postagem de hoje contém o meu rock poema queenmaníaco "Homem pressão" (esse, infelizmente, não tem vídeo, pois minha temperamental câmera não funcionou na hora) e o vídeo da declamação de fragmentos da "Rapsódia dos eus líricos bêbados", seguido da fodástica performance de Carina Sandré e banda para o eterno hit "Bohemian Rhapsody".
Agradeço mais uma vez a Carina Sandré, que sempre acreditou nessa união de música e poesia, aos fãs voltarredondenses de Freddie Mercury, que foram super-receptivos aos poemas e colaboraram com o tributo com muita energia positiva diante da apresentação impecável dos artistas que homenagearam o Queen. Vida longa à lembrança da banda rainha do rock Queen, vida longa à lembrança do rei Freddie Mercury, vida longa à diva rainha Carina Sandré e vida longa a todos nós, amigos leitores fanáticos por arte! Carreguemos o Queen na eternidade!
Homem pressão
Homem pressão:
Uma bomba atômica sobre o
jardim,
Destruindo as flores,
beijando a dor.
Homem pressão:
Um filho que mata o pai,
Um cinza sobre o azul,
As pessoas de todo país.
É o terror do novo capital
selvagem
Atropelando toda gente,
Destruindo-nos agora!
Eu demoro, eles me despedem
Os donos do vício, os donos
de todo país.
Eles te querem mal, um bom
consumidor
De seus estoques, de seus
produtos de morte
Os vampiros do país
Os donos do país
Tento me manter longe destes
falsos homens
Mas é impossível fugir de
tudo que existe
Então te ofereço essa canção
singela de dor
Dor, dor, dor!
Então eles me escondem,
fingem não ouvir,
Continuam a fingir, não me
dão nenhuma chance,
Eles não ouvem, não me dão
nenhuma chance,
E continuo com minha dor,
A tua dor, a minha dor, a
nossa dor, contínua dor...
E o amor irresistível os ofende
Então eles prendem-no em frios
cubículos,
em vínculos empregatícios com
a dor,
em lindas grades de ouro
Dos vampiros do país
E o amor trancado, ele quer
gritar e protestar
Contra os vampiros do país
Mas eles continuam a
prendê-lo e não tem jeito:
Há uma parede entre nós e ele
E o amor, contrariado, bate
contra a parede
E ele bate cada vez mais
forte contra a parede
E, contra a parede, o amor vê
a morte
No homem pressão
Homo pressão
Opressão...
Vídeo: Tributo ao Queen, introdução poética de Carlos Brunno e performance fodástica de "Bohemian Rhapsody" de Carina Sandré e banda